A banda Bidê Ou Balde está lançando seu primeiro disco de estúdio em 8 anos, chamado Eles São Assim. E Assim Por Diante.
Aproveitamos a oportunidade da nova fase da banda para conversar com o vocalista Carlinhos a respeito de sua coleção de discos, álbuns preferidos, bandas que tem ouvido e muito mais.
Confira o bate-papo logo abaixo!
TMDQA!: Qual o disco de vinil mais importante da sua coleção?
Carlinhos: Como fã, adoro ter os primeiros discos do Flaming Lips (da fase pré-warner) em vinil. Adoro ter o Sky Blue Sky, do Wilco, e o Surfer Rosa, dos Pixies. Mas não sei se nenhum desses seria O mais importante. Não tenho certeza de qual seria. Talvez seja uma versão rara do A Hard Day’s Night. Não, acho que é um Fábio jr autografado que eu tenho – ele é demais!
TMDQA!: O que você acha da volta dos discos de vinil?
Carlinhos: Adoro! Pra mim, disco se ouve de cabo a rabo e com o encarte na mão, curtindo cada detalhe. E com vinil é bem mais delicioso se fazer isso.
TMDQA!: Qual foi seu primeiro disco (vinil/CD)?
Carlinhos: Acho que foi o Ultraje a Rigor, Nós Vamos Invadir sua Praia. Mas pode ter sido A Arca de Noé do Vinícius ou o Casa de Brinquedos do Toquinho. Todos esses, e um do Ronald Golias fazendo o Bronco, engraçadíssimo, eu tenho desde criancinha.
TMDQA!: Que bandas tem ouvido ultimamente?
Carlinhos: Não tenho ouvido tantas coisas novíssimas. Curto muito MGMT (principalmente o segundo disco), Tame Impala, The Bees, Wilco, adoro o Suck it and See do Arctic Monkees, Fleet Foxes, Animal Collective, Toro y Moi, Broken Bells e os The Shins, que eu resovi voltar a ouvir loucamente, assim como os discos do Cornelius, do Cotton Mather e do Tripping Daisy, de quem ouço sem parar o Jesus Hits Like The Atom Bomb, adoro os últimos do Gorillaz e ouço um monte de rap, De La Soul, Wu Tang Clan (e os discos solo do Ol’Dirty Bastard), os Odd Future, Snoop Dogg, Eminem, Outkast, N.E.R.D., tenho ouvido um monte de coisas latinas e de outras paragens, Bareto, Erkin Koray, Almendras e outros trampos do Spinetta, Cafe Tacuba, La Costa Brava, curto muito os discos solo do Lee Ranaldo e do Stephen Malkmus, sempre curto e curtirei Beck e Flaming Lips, sempre ouço e ouvirei clássicos como Kinks, Beach Boys, Beatles, Velvet Underground, Sonics, amo o Shuggie Otis, gosto muito de diversas coisas brasileiras, como Novos Baianos, Erasmo e Roberto Carlos, Guilherme Lamounier, Ronnie Von, Tim Maia, Sérgio Sampaio e Raul Seixas (amo o Sessão das Dez), Rogério Duprat, Mutantes, e esse ano me apaixonei por um disco novo, pouco conhecido e desde já uma raridade moderna: Alma do Pampa, que um grupo de músicos e grandes compositores da música nativista gaúcha (como Pirisca Grecco, Cabo Deco, Fernando Saldanha e Duca Duarte, entre outros) fez em homenagem a um cavalo crioulo campeão de todas premiações possíveis – são 14 faixas ótimas, todas sobre um cavalo.
TMDQA!: Você tem mais discos que amigos?
Carlinhos: Lógico. Porque eu tenho discos demais, em vinil, cd, cassete, mp3 e o diabo a quatro… Mas tenho muitos amigos, e não paro de fazer novos amigos e amá-los loucamente. Tenho um coração de búfalo e não consigo mais parar. Em breve empatarão os índices e as estatísticas se inverterão (tô vendo programa de economia aqui na tv e meu vocabulário é extremamente influenciável).
TMDQA!: Você está há um bom tempo na indústria da música e pegou várias fases dela, desde quando o CD era praticamente a única mídia até agora, com a Internet. Como vê essa evolução toda para a indústria e para os artistas?
Carlinhos: Para ambos, o mais interessante nisso tudo é que volta a ser mais necessário ser criativo do que simplesmente funcionar no automático do economiquês ou mercadês. E disso surgem novos artistas interessantes, novas estratégias legais e valores novos na hora de se trabalhar com música.
TMDQA!: Você ainda acha que existe o rótulo de “rock gaúcho” em bandas como o Bidê ou Balde? Isso atrapalha/atrapalhou a carreira de vocês?
Carlinhos: Nunca atrapalhou. Já neguei e negamos esse rótulo em várias entrevistas, mas porque simplesmente nunca enxergamos que exista ou existisse uma unidade estética na música feita aqui que pudesse dar caráter de movimento, como o peso de um rótulo deveria exigir – sempre vi o rótulo bem mais como uma explicação geográfica do que qualquer outra coisa.
Hoje em dia acho que é melhor parar de lutar com isso, se entregar ao lado bom que a coisa pode proporcionar e destacar o lado criativo, original, cheio de personalidade e referências do pessoal daqui, e chego a achar que isso tem mais capacidade de nos fazer universais, pirando num clima “fala-me de tua aldeia e falarás ao mundo”.
Mas eu ainda acho que soa estranho quando chamam a gente ou outras bandas daqui assim – e, no entanto, quase entendo o que o termo quer dizer quando vejo a expressão sendo usada para falar de bandas de outros lugares, como Recife, Brasília ou Curitiba, onde pode existir bem mais “Rock Gaúcho” do que em Porto Alegre (onde a galera não pensa nesse selo necessariamente como referência na hora de bolar uma banda ou som, e sim em quebrar com isso).
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