O The Joy Formidable é apenas um trio, o que não os impede de ser uma das bandas mais pesadas e barulhentas dos últimos anos. Embalado pelo sucesso de “Whirring”, o grandioso single de The Big Roar (2011), o grupo não chegou a quebrar recordes de venda, mas ganhou notoriedade suficiente para criar grandes expectativas para o lançamento de Wolf’s Law, o segundo do trio, lançado na última segunda-feira (21). Miraculosamente protegido das mãos dos piratas virtuais, o álbum vazou poucos dias antes do lançamento em baixa qualidade, e um rip decente só chegou à rede após o lançamento oficial no Reino Unido.
The Big Roar era excessivamente épico, e pecava pelo exagero constante em todas as faixas. Excelentes canções como “Cradle”, “The Everchanging Spectrum Of a Lie” e a já citada “Whirring” perdiam um pouco do brilho justamente por soarem majestosas demais, o que cansava a longo prazo. As primeiras faixas reveladas de Wolf’s Law não mostravam muitas mudanças nesse sentido: “This Ladder Is Ours” e “Cholla” exibiam timbres, texturas e estruturas similares, com o mesmo apelo pop das faixas do antecessor. Mas juntas as 11 faixas de Wolf’s Law contam uma história completamente diferente.
O álbum começa com justamente esses dois singles, que exibem muito bem as características já conhecidas do trio: uma espécie de cruza bem feita entre o shoegaze e o stadium rock, ou shoegaze para cerimônias de abertura e encerramento de competições esportivas.As melodias conduzidas por Ritzy Bryan, vocalista e guitarrista do grupo, voltam a se destacar não apenas pelos bons ganchos, mas pelas idas e vindas inesperadas que funcionam bem, na maioria das vezes.
A primeira faixa realmente inédita, “Tendons”, é também a primeira a revelar algo de novo no som do The Joy Formidable. Com versos quase dançantes, guiados por uma voz distorcida em sintetizador, eles aquecem bem para o refrão grandioso da faixa, enfeitado por belos arranjos de cordas. “Little Blimp” soa como um Muse mais pesado e menos cafona, e “Bats” promete ser explosiva ao vivo, com um excelente trabalho de pedal duplo do baterista Matt Thomas. Mas na sexta faixa, a balada “Silent Treatment”, Wolf’s Law começa a se mostrar um álbum mais rico e mais interessante que o antecessor.
“Silent Treatment” é a primeira de poucas pausas para recuperar o fôlego durante a audição de Wolf’s Law. A combinação entre os violões em afinação baixa e as melodias arrastadas de Ritzy praticamente pedem por uma batida, um coro, qualquer coisa que leve à banda aos superlativos incessantes do resto do álbum, mas isso nunca acontece. E esta é uma das poucas, mas talvez a grande diferença entre o novo disco e o elogiado antecessor: saber calar para dar ainda mais importância aos grandes momentos.
“Maw Maw Song” e “Forest Senerade” recuperam o ritmo do álbum, e “The Leopard & The Lung” tem um crescendo muito bem executado, destacado pelo início lento. “The Hurdle” segue o mesmo princípio, abrindo caminho para o final arrastado, com “The Turnaround” e a faixa-título do disco, escondida 1 minuto após o fim da anterior. Apesar de não figurar entre as melhores composições do The Joy Formidable, não sei explicar a decisão de esconder “Wolf’s Law” – que tem até clipe! – atrás de uma faixa tão genérica como “The Turnaround”. Uma pena.
Como todos os trabalhos do The Joy Formidable até agora, Wolf’s Law é um álbum de difícil digestão, mas promete agradar àqueles que não têm vergonha de exageros. Algumas faixas, se ouvidas separadamente, soam como um pouco “mais do mesmo” mas reunidas em Wolf’s Law as doze ganham novo significado, e mostram uma evolução nítida, mesmo que pequena.
Nota: 7,5