<b>Porto Musical 2013</b>: como foi o segundo dia

Mesa redonda do primeiro dia contou com <b>produtores de festivais</b> de todo o mundo.

Produtores de festivais de todo o mundo na primeira conferência do Porto Musical 2013

Produtores de festivais de todo o mundo na primeira conferência do Porto Musical 2013
(Fotos por Beto Figueroa/Porto Musical)

O primeiro dia de conferências do Porto Musical 2013 começou com uma mesa redonda repleta de produtores de festivais. No palco do Teatro Apolo estavam Peter Hvalkof, do Roskilde FestivalFruzsina Szép, do Sziget FestivalJonathas de Vargas, do Lollapalooza BrasilJosé da Silva, do Kriol Jazz FestivalDanni Colgan, do Sydney Festival, e Paulo André Pires, do Abril Pro Rock.

Moderados por Christine Semba, integrante da Womex, os produtores falaram sobre o que é um festival, como eles trabalham a marca de cada evento, como se dá o financiamento para a produção, como se dá a montagem do lineup e a distribuição das bandas pelos palcos e espaços e como eles trabalham em conjunto com outros festivais e produtoras.

Para as pessoas que foram ao primeiro Lollapalooza no Brasil, Vargas disse que um festival serve para o público descobrir bandas e músicas novas e para aproveitar toda a experiência proporcionada pelo evento com os amigos. Porém, para o público que vai ao independente Abril Pro Rock, Paulo André afirmou que pouquíssimas são as pessoas que pagam para ver e ouvir alguma atração que não conhecem. “95%  paga para ver o que sabe cantar”, afirmou Paulo.

Na temática de como os festivais são viabilizados financeiramente, cada produtor falou sobre as peculiaridades de seus eventos. O Sziget Festival, que acontece na Hungria, não aceita dinheiro público, apenas privado, pois não quer ser marionete do estado e perder a essência de sua criação, que se deu no final dos anos 80 com estudantes que queriam, e conseguem até hoje, ter uma “liberdade plena durante uma semana”, segundo Fruzsina Szép. Dinheiro de patrocinadores e os ingressos financiam o evento.

Já o Kriol Jazz Festival, que acontece em Cabo Verde, recebe 60% de sua verba do governo local, mas deixa bem claro em seu contrato que a produção tem liberdade total para elaborar a parte criativa do evento. O restante da verba vem de patrocinadores locais, alguns da França e da venda de ingressos. Um dos principais problemas enfrentados pele Kriol Jazz foi a recusa do público para pagar ingressos. De acordo com José da Silva, não havia eventos pagos em Cabo Verde. “A programação atraiu o público. A programação dos outros festivais não eram pensadas e feitas de qualquer maneira”, segundo o produtor.

Outro que têm um mix de verbas é o Sydney Festival. O evento é financiado pelo governo da cidade, por algumas universidades locais e por algumas empresas, como a Chinese Airlines, mas há também a liberdade de produção. O festival australiano, porém, é gratuito. O Roskilde Festival também preza por sua independência na parte de produção e é feito com dinheiro privado e público, porém, Peter Hvalkof afirmou em sua fala que desde 2000, por conta de um acidente que matou 9 pessoas, a parte de segurança do festival está mais cara e uma das coisas que a produção tem feito desde então é conscientizar o público para que se divirtam com responsabilidade.

O Abril Pro Rock também é um festival que depende do dinheiro público. Paulo André afirmou que o evento é totalmente independente, é livre para criar e não tem nenhuma ligação com o governo ou grandes corporações. Essa foi a ideia desde sua criação. “Nunca pensamos em ser um Rock in Rio, por exemplo”, disse o produtor. Já no Lollapalooza, Jonathas de Vargas disse que o festival é feito com o dinheiro dos patrocínios e das vendas de ingressos. “Mesmo com toda essa ligação com a cidade de São Paulo, não há verba pública”, afirmou Vargas, que também se queixou que um quinto do orçamento é para pagar impostos.

A escolha das atrações também difere de festival para festival. Uma das curiosidades do Roskilde é que a produção recebe muitos e-mails com críticas do público dizendo que o festival tem escolhido bandas ruins, porém, isso não incomoda Hvalkof. “Isso mostra que estamos na direção certa. A maioria das reclamações é feita pelo público que frequentava o festival nos anos 70, 80. Nosso alvo atual são as pessoas que estão com 20 anos hoje”, explicou o produtor.

A programação do Porto Musical 2013 continuou pela tarde com outras conferências. Christian Georgiadis, alemão criador da agência musical Bacana, falou sobre o agenciamento de bandas brasileiras pela europa. Após traçar alguns problemas que as bandas daqui têm, Christian tentou mostrar possíveis soluções. O uruguaio Gabriel Turielle deu um panorama geral de como as bandas podem utilizar a tecnologia da informação a seu favor e com isso impulsionar e consolidar sua carreira como artista. Turielle falou de algumas regras em que ele acredita e mostrou diversos softwares e ferramentas que podem auxiliar os músicos, mas seu último conselho foi fundamental para qualquer pessoa: “curta o que você faz”. É a partir disso que tudo pode funcionar.

A última conferência do dia foi com Marcos Chomen, responsável pela distribuidora digital CD Baby na América Latina. Chomen fez um resumo sobre histórico saindo do Napster e chegando ao iTunes e mostrou alguns números da música digital, mercado que está crescendo cada vez mais. Após isso ele falou do papel de uma distribuidora digital, de como ela pode ajudar as bandas e artistas, e falou sobre o licenciamento de sincronização, outra maneira que as bandas podem ganhar dinheiro.

O segundo dia do Porto Musical 2013 acabou, é claro, em música. Os showcases da noite, que acontecem no palco na Praça do Arsenal da Marinha e são abertos ao público , ficaram por conta do Combo X (PE), Maíra Freitas (RJ), Dumb and Brass (França) e Buguinha Dub (PE).

Confira as fotos das conferências e showcases e veja aqui a programação completa do Porto Musical 2013.


Created with Admarket’s flickrSLiDR.


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