<b>Vazou!</b> Phoenix - Bankrupt!

Bankrupt!, o quinto álbum do Phoenix, não mostra as mudanças prometidas, mas dá passos importantes na evolução do grupo.

Phoenix - Bankrupt!
Phoenix – Bankrupt!

Phoenix

Quando uma banda lança um álbum que se torna o maior sucesso de sua carreira, aclamado em todos os cantos do planeta e vencedor de prêmios respeitados como o Grammy, é natural que o grupo se recolha após o longo processo de divulgação para reavaliar a carreira antes de dar o passo seguinte.

Foi justamente isso que aconteceu com o Phoenix após o lançamento de Wolfgang Amadeus Phoenix, em 2009. Carregado pelo sucesso de “1901” e “Lisztomania”, Wolfgang… tirou o Phoenix do nicho indie pop e transformou os franceses em um dos quartetos mais populares da música. Depois de uma turnê longa, com quase dois anos – que passou pelo Brasil no festival Planeta Terra, em 2010 – a banda tirou férias e, aos poucos, começou a trabalhar em Bankrupt!, quinto álbum de inéditas do quarteto.

Em entrevistas anteriores ao anúncio oficial do álbum, o Phoenix revelou o desejo de experimentar  mais em Bankrupt!, para se distanciar da sonoridade pop de Wolfgang Amadeus Phoenix. Mas na semana passada o grupo lançou o primeiro single do disco, a dançante “Entertainment”, que para a surpresa de alguns e felicidade de outros, se encaixaria perfeitamente no tracklist do álbum anterior.

Talvez fosse apenas uma escolha mercadológica para divulgar o novo álbum, e o restante do disco buscasse os tais “experimentalismos” divulgados anteriormente. Mas o vazamento do álbum na última segunda-feira (24), a 55 dias do lançamento oficial em abril, provou que o Phoenix continua, acima de tudo, um grupo pop.

Bankrupt! começa com uma sequência de ganchos: além de “Entertainment”, dão as caras as “The Real Thing” e “S.O.S. In Bel-Air”, todas com as principais características dos trabalhos mais recentes da banda: as batidas comprimidas cercadas por mares de sintetizadores e os vocais sempre interessantes de Thomas Mars. “Trying To Be Cool” mantém a pegada pop, mas tem um andamento um pouco mais lento, e potencial para ser um futuro single.

A partir da faixa-título, a quinta do tracklist, Bankrupt! passa a soar um pouco diferente. “Bankrupt!” é uma faixa instrumental, de crescente lento até uma explosão eletrônica por volta dos 2:30, que abre caminho para um novo trecho instrumental de duração similar, até que o vocal de Thomas Mars finalmente surge. A faixa é linda e com certeza uma das mais interessantes do álbum, mas a comparação com “A Love Like Sunset”, dividida em duas partes no álbum anterior, é inevitável. As faixas chegam a lembrar tanto uma a outra que escrever “Bankrupt” desta forma provavelmente foi uma decisão consciente da banda.

“Drakkar Noir” volta a destacar a pegada pop do Phoenix, e um pouco mais o trabalho da banda em It’s Never Been Like That, de 2006. “Chloroform” volta a baixar o ritmo do disco, mas apesar do groove quase arrastado, é outro ponto alto de Bankrupt!. Ao lado da faixa-título e de “Bourgeois”, a penúltima do álbum, explora uma faceta menos festeira do Phoenix, e agrada justamente por soar diferente das canções mais animadas do grupo, que muitas vezes pecam pela repetição. Alternadas entre “Chloroform” e “Bourgeois” estão as agitadas “Don’t” – que não desagrada nem empolga – e a derradeira “Oblique City”, uma faixa bonita mas que também não está entre os pontos mais altos do disco.

É injusto dizer que Bankrupt! soa como mais do mesmo, mas a evolução prometida pelos franceses desde Wolfgang Amadeus Phoenix é discreta demais para provocar grandes emoções. O pop está aqui, mas não há composições grudentas como no álbum anterior, o que pode limitar a recepção do novo álbum pelo público que alçou o Phoenix ao sucesso atingido desde 2009: o das pistas. Mas vale pelo lado mais tranquilo do grupo, melhor explorado aqui do que nos álbuns anteriores.

P.S.: Vale lembrar que a cópia que vazou é de baixa qualidade, com ruídos irregulares e até alguns “arranhões”. Dada a antecipação do vazamento, é provável que nem seja a versão final do álbum.

Nota: 6,5