A partir de hoje, em todas as quintas-feiras até o início do Lollapalooza Brasil, a coluna Faixa Um vai se dedicar exclusivamente aos headliners do festival, que ocorre dias 29, 30 e 31 de Março.
Nicotine, valium, vicodin, marijuana, ecstasy, and alcohol / Cocaine. Com o humor irônico, ausente de verbos, de uma letra que cabe inteira em um tweet – quiçá meio – Josh Homme sem querer deu ao Queens Of The Stone Age uma visibilidade muito maior que o Kyuss, grupo que o abrigou anteriormente e que só ganhou o merecido respeito quando anunciou o fim, em 1995.
Mesmo após o lançamento do homônimo primeiro álbum, em 1998, o Queens Of The Stone Age ainda era considerado por muitos uma mera dissidência do Kyuss, porque além de Homme, contava com a colaboração do baixista Nick Olivieri e do baterista Alfredo Hernandez, substituto de Brant Bjork nos últimos suspiros do Kyuss. Era apenas um “novo projeto”, tratado pelos fãs órfãos do grupo anterior como um passatempo de Homme e cia. até o retorno do Kyuss. Mas isso mudou no ano 2000, com o lançamento do segundo álbum do Queens, Rated R.
A exemplo do que ocorreu com o Kyuss, Rated R não foi aclamado imediatamente por causa de sua qualidade musical nem a evolução melódica que apresentava em relação ao antecessor. Rated R se tornou um dos álbuns mais falados do ano 2000 por causa da letra de “Feel Good Hit Of The Summer”, uma jam improvisada que nasceu no fim das sessões de gravação do disco.
Em 2007, Homme reavaliou a letra da faixa em depoimento à XFM Radio: “Sempre fui fascinado pela necessidade que as pessoas tem de censurar determinadas palavras sem pensar no que elas significam”. Dito e feito: por causa do “coquetel Rock n’ Roll” – descrição de Rob Halford, do Judas Priest, que gravou backing vocals no refrão final da música – Rated R foi censurado na cadeia de lojas Walmart nos Estados Unidos, e claro, virou notícia.
Conduzida por um riff piramidal que se tornou parte obrigatória de 9 em cada 10 ensaios de bandas de garagem (o eterno ta ta ta / ta ta / ta / ta ta / ta ta ta que ninguém parece saber até onde vai), “Feel Good Hit Of The Summer” se tornou a faixa mais popular da carreira do Queens Of The Stone Age até então, além de funcionar ao mesmo tempo como uma crítica sarcástica de Homme à sociedade conservadora e ao estigma do “stoner rock”, classificação que o segue desde os tempos do Kyuss e que é publicamente rejeitada pelo frontman.
Reprisada posteriormente nos segundos finais de “In The Fade” (ainda em Rated R) e de “A Song For The Deaf” (de Songs For The Deaf, de 2002), “Feel Good Hit Of The Summer” passou a ser presença frequente nos setlists da banda, e ganhou status definitivo de lenda quando provocou o fim abrupto de uma performance do Queens of The Stone Age em uma clínica de reabilitação (!), em 2007. Definitivamente, um clássico.