Paramore em Las Vegas
Fotos por Las Vegas Sun/Erik Kabik
Las Vegas é um lugar impressionante. A cidade no meio do deserto é composta basicamente por casas suburbanas como aquelas que a gente vê em filmes e seriados americanos, exceto por uma faixa de cerca de 7 km chamada Las Vegas Strip onde ficam hotéis e resorts que, sem exceção, contam com cassinos e construções monstruosas que chamam a atenção pelo tamanho e os formatos dos mais variados.
A alguns quilômetros dali, fica o Hard Rock Hotel, que assim como seus pares da Strip, é hotel, cassino e uma série de atrações que pode te manter ocupado por uma semana praticamente sem sair de lá. São dezenas de restaurantes, baladas, bares, festas na piscina e tantas outras coisas cercadas por vitrines com itens raros da história do rock, que você nem sente que está em um lugar fechado.
Uma dessas casas de shows se chama The Joint, tem capacidade para 4.000 pessoas e recebeu, na última Sexta-feira, 03 de Maio, o Paramore junto com a banda de abertura Kitten, e estivemos lá para cobrir o evento, que teve todos os seus ingressos vendidos.
Kitten
O Kitten é uma banda nova liderada pela explosiva vocalista Chloe Chaidez que parece ter cumprido bem o difícil papel de encaixar com a banda principal da noite.
Com um som que mistura dream pop, post-rock e sons dos anos 80, o grupo parece só ter em comum com o Paramore o fato de sua vocalista cantar muito bem e não parar um minuto, mas foi bem recebido pelo público que já lotava o Joint e apreciou o show.
A banda parece ter um futuro interessante pela frente, e seus sons são muito bem trabalhados, bastante densos e muito interessantes, me instigando a ir atrás de suas versões de estúdio.
Valeu a pena e fez a espera pelo Paramore passar rapidinho, mas Chloe, a líder da banda, pode dar uma aliviada em seus movimentos caóticos no palco, já que plantar bananeira foi um tanto quanto exagerado.
Paramore
Logo antes do Paramore subir ao palco, o sistema de som da casa tocou “New Noise“, clássico do Refused, uma das bandas mais influentes do punk/hardcore dos anos 90 e influência já declarada por Hayley Williams, que até mesmo prestou homenagem à banda em uma das músicas do álbum Riot.
A música bastante pesada foi tendo o volume diminuído, assim como as luzes da casa, e aí veio o contraste de um belo dueto entre Williams e o guitarrista Taylor York, que com um ukulele tocou “Interlude: Moving On” ao lado da vocalista. Foi um belo início que logo deu espaço a um dos maiores hits da carreira da banda, “Misery Business“, e mostrou que já passou faz tempo a fase em que a banda contaria com essa música para atrair a atenção do público. Não há necessidade, ela está ali do começo ao fim.
No meio da canção, Hayley teve problemas com o retorno de seu microfone e durante boa parte da mesma ficou limitada a ficar parada no palco enquanto um técnico de som ajeitava as coisas no equipamento preso à cantora. Isso deve ser um tanto quanto difícil para ela, já que, aluna aprovada com louvor na escola Gwen Stefani de liderança de bandas, não para um segundo. É um show à parte ver a cantora correndo por todo o palco, jogando as pernas para o ar e pulando pra lá e pra cá e seus colegas de banda não ficam pra trás, passando a sensação de que realmente estão amando fazer o que estão fazendo por ali.
Outro problema que estava acontecendo, como Hayley mesmo disse, era que ela passou mal a semana toda com uma infecção intestinal, e tinha vomitado bastante nos últimos dias, afetando a sua voz. Por isso ela pediu ao público se ele poderia ajudá-la cantando as músicas do set. Como se fosse preciso perguntar, 4.000 vozes responderam que estariam ali por ela, e uma em especial, teve a sorte de ir ao palco. Uma fã da banda que estava em seu trigésimo segundo show do Paramore foi chamada por Hayley para cantar o refrão final da música e o fez, em um dia que definitivamente ficará marcado em sua vida.
A partir daí vieram uma série de hits, todos muito bem recebidos, como “Pressure” e “Decode“, e duas músicas do disco novo, “Now” e “Ain’t It Fun“. Não deve existir sentimento melhor para um artista do que ouvir suas músicas novas sendo cantadas a plenos pulmões, principalmente para o Paramore que poderia ter encerrado as atividades antes de lançar seu excelente novo disco de estúdio, e Hayley, Jeremy e Taylor podem dizer que estão com a lição de casa feita.
Se alguém chegasse ao show sem conhecer a banda e sem saber quais músicas são novas e quais são velhas, não perceberia a diferença. Antes de “Ain’t It Fun”, Hayley agradeceu o público por ter colocado o novo disco em primeiro lugar nas paradas e disse que a banda está muito orgulhosa quanto ao trabalho, principalmente essa música, antes de fazer um trocadilho com o seriado da MTV “Real World”, que rolou em Las Vegas, e o refrão da música, “Ain’t it fun / Living in the real world”.
Na sequência vieram a balada “The Only Exception“, um belo momento do show com todas as luzes de celulares e isqueiros ligadas, “Let The Flames Begin” com uma jam da banda e outra música nova, “Fast In My Car“, que teve o guitarrista Taylor York jogando sua guitarra no chão no meio da música aparentemente muito nervoso e aborrecido com algum equipamento. Ele resolveu sair do palco e, quando achei que ele deveria estar putíssimo com algum técnico de som, ele voltou correndo pelo palco com um pedestal na mão, circulando a banda toda. Vai saber.
Após a música, Hayley fez um dos maiores discursos da noite, perguntando ao público sobre quem ali tinha banda e dizendo que as pessoas deveriam “continuar lutando a boa luta”, já que fazer música honesta e do coração é o que importa, e nunca devemos desistir. “Quando as coisas dão errado, isso é a vida, a vida é assim. Escrevemos um álbum inteiro chamado Brand New Eyes sobre como as coisas dão errado. A propósito, essa música se chama ‘Ignorance‘”, anunciou a cantora.
Antes de tocar um som de seu primeiro disco, Williams voltou a conversar com o público, dizendo que a banda toca em Vegas desde 2005, quando ia fazer show em palcos do tamanho de uma das caixas de som do The Joint e que comemorava quando 10 pessoas os assistiam.
Veio então “Whoa“, Hayley dizendo que jogou no cassino pela primeira vez e mais uma nova, a ótima “Anklebiters“, uma celebração à vida e a cada um de nós como indivíduos que teve cerca de 7 pessoas sendo chamadas ao palco para simplesmente cantarem e pularem com a banda. Após a canção, esses sortudos ficaram o resto do show em cima do palco aproveitando os próximos números.
Números como “That’s What You Get“, que eu arrisco dizer que tenha recebido a melhor resposta do show todo, e a minha favorita do disco novo, a divertidíssima “Still Into You“, que fechou o show antes do bis com chave de ouro e um lindo espetáculo visual com papéis picados.
Foi-se a banda, todos pediram mais uma música e vieram mais duas na volta ao palco. “Proof“, também do disco novo e “Brick By Boring Brick“, e se há uma crítica a ser feita ao show talvez seja justamente ao bis, que poderia ter algumas músicas mais impactantes para encerrar as atividades. Mas essa é uma crítica pequena e que reflete o meu gosto, nada que tire o brilho de um show que foi novamente encerrado por uma chuva de papéis picados.
Quando os instrumentos já haviam sido retirados, Taylor York foi até a bateria e começou a batucar por lá. Hayley, que ainda estava no palco, começou a brincar e corria somente quando Taylor tocava, como se estivesse fugindo do palco e não quisesse ser vista quando não houvesse som.
Foi assim, brincando, que a banda acabou um show sólido, cheio de grandes músicas e que reflete seu ótimo momento após lançar um dos melhores discos de 2013, até agora.
Se você tem alguma dúvida quanto a ir aos shows no Brasil, não pense duas vezes. Vá.
O Paramore volta ao Brasil em julho e agosto! Está procurando por passagens aereas baratas para assistir a um dos shows da banda por aqui? Faça sua pesquisa no Decolar.com!
PARAMORE NO BRASIL
O trio irá mais uma vez se apresentar no país, para a felicidade de seus empolgados fãs.
O grupo passará pelo Rio de Janeiro, por Belo Horizonte, por Brasília, por São Paulo, por Curitiba e por Porto Alegre, fazendo, assim, sua maior turnê brasileira.
Leia informações aqui.
TMDQA! NOS EUA
Em viagem pelos Estados Unidos durante Abril e Maio, Tony Aiex, o editor-chefe do TMDQA!, traz para você, querido leitor, histórias que envolvem locais do país com o mundo da música, além de resenhas de shows.
Abaixo, você confere matérias já publicadas durante a temporada TMDQA! nos EUA:
- Resenha: Green Day e Best Coast no Barclays Center (Nova York);
- A ligação de Seneca Falls com The Distillers (Nova York);
- Hard Rock Cafe em Niagara Falls (Nova York);
- Cadillac Ranch (Texas);
- Rock and Roll Hall of Fame Museum (Ohio);
- Coachella 2013 (19/04/13) – Parte 1 (Califórnia);
- Coachella 2013 (19/04/13) – Parte 2 (Califórnia);
- Coachella 2013 (20/04/13) – Parte 1 (Califórnia);
- Coachella 2013 (20/04/13) – Parte 2 (Califórnia);
- Coachella 2013 (21/04/13) (Califórnia);
- Resenha: Alkaline Trio no Observatory (Califórnia).