28 de Abril
O último dia do Desertfest 2013, 28 de Abril, teve nos palcos bandas como Pentagram, Truckfighters, Bongripper, Cough, Belzebong, Colour Haze e Naam.
A banda Belzebong, da Polônia, trouxe uma máquina de fumaça e tocou no The Underworld, que é simplesmente perfeito para o grupo, mas foi um pesadelo para os fotógrafos, já que as luzes verdes de um determinado patrocinador de bebida energética ficavam iluminando os cabelos dos integrantes.
Praticamente, todo o seu álbum de estreia, Sonic Scapes and Weedy Grooves, foi tocado, fazendo com que a multidão batesse cabeça junto, com suas odes instrumentais que atacavam acordes semelhantes aos de Electric Wizard.
Os suecos do Truckfighters mal fizeram as primeiras notas de “Desert Cruiser” e os fãs ficaram loucos: o Ballroom ficou totalmente cheio de pessoas muito felizes.
Enquanto a multidão ficava genuinamente entusiasmada com o trio, Ozo deixou o controle da música para a plateia, que cantou os refrões inteiros, enquanto Dango atingia os maiores saltos, como é de costume nas apresentações da banda.
O grupo estava em puro êxtase no palco do Desertfest. A harmonia entre os integrantes e a multidão foi impressionante, e pela primeira vez o público se transformou em uma onda humana. VIPs estavam correndo nos bastidores para assistirem à performance dos suecos, que, obviamente, estavam ganhando apoio unânime. Entre solos de guitarra e saltos de Dango e fãs com sorrisos estampados nos rostos, a banda tocou duas novas músicas do próximo álbum.
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Foi doloroso para o público ter que decidir qual dos dois últimos shows do festival iriam assistir. A escolha ficou entre o ícone do Doom, o clássico Pentagram no Ballroom ou os titãs do Bongripper, de Chicago, nos confins acolhedores do Underworld, que estavam tocando ao mesmo tempo em duas casas diferentes. O jeito foi ver um pouco do Pentagram por meia hora e correr pro Underworld pra ver o jovem quarteto doom e de adoradores de Satanás do Bongripper.
Pra fãs de stoner rock e doom, ir a um show do Pentagram é quase que obrigatório, antes que seja tarde demais. Bobby pode ser velho, mas ele ainda tem a aura rockstar e possui uma enorme presença de palco, fingindo que está possuído para deixar sua apresentação mais performática. Mesmo com Bobby exagerando com seus movimentos estranhos, os olhos arregalados e suas antigas expressões faciais teatrais, os músicos são sólidos e eficientes. O novo guitarrista, Matt Goldsborough, tocou como um deus, e sua performance desviou muitos olhares femininos da plateia de Bobby pra ele.
Já o Bongripper emergiu das sombras pra tocar uma sequência de musicas de 7 a 11 minutos que, no fim das contas, parecia uma única música que durou pouco mais de uma hora, hipnotizando a todos presentes, onde o tempo pareceu ter parado e as almas foram purificadas de todo o mal neste mundo. Era incrível a paz que a casa se mostrava, mesmo lotada e quente como o inferno.
A obra-prima moderna que é o álbum Satan Worshipping Doom foi tocado na íntegra. Dennis Pleckham e Ronald Petzke foram simplesmente implacáveis enquanto Dan O’Connor orquestrava o apocalipse atrás de seu kit gigante. O som do baixo com afinação bem mais grave que o comum, é tão denso que a textura geral do som é suave, invés de severo, e a chave para essa força reside na forma como os acordes deslizam de um para o próximo.
Quando o feedback da última música finalmente morre, o aplauso é tão ensurdecedor quanto o show em si. Não foi um show convencional de doom, se é que existe algo convencional dentro desse gênero, mas foi sim uma experiência fascinante e que se eu acreditasse em céu e inferno e soubesse que essa veneração pelo Diabo pudesse causar tanto êxtase musical, eu provavelmente seria uma nova seguidora de Lúcifer ou qualquer ser demoníaco existente.
O fim de semana do Desertfest provou que você não precisa de dunas de areia e cactos para criar um deserto em Londres, tudo que você precisa é a trilha sonora certa.