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Resenha: Drowners em São Paulo

Com muita empolgação e uísque, quarteto nova-iorquino tocou na terceira edição da Jack´n Roll.

Resenha: Drowners em São Paulo

Resenha: Drowners em São Paulo

Texto por William Galvão / Fotos por Renata Basílio

Quem esteve na noite de sábado (6) no Beco 203, em São Paulo, pôde conferir um show divertido e eletrizante de uma banda nova, mas que já demonstra elementos para se tornar um dos grandes nomes do indie/garage rock. Trazidos para o Brasil por meio de financiamento coletivo, os nova-iorquinos do Drowners agitaram o baixo Augusta como atração principal da terceira edição da Jack’n roll, parceria entre Jack Daniels e a Playbook, evento que teve abertura dos brasileiros da The Soundscapes.

Com uma sonoridade que mescla o britpop dos anos 1990 e o punk e new wave típicos da Nova York dos anos 1970 e 1980, Matt Hitt e companhia se mostraram mais do que empolgados com o Brasil ao realizarem uma apresentação concisa e bastante empolgante, com direito a uivos compulsivos regrados a uísque e mais uísque. A banda parecia querer tanto compartilhar sua felicidade com os fãs que até dividiram suas garrafas com eles, seja enchendo seus copos ou até despejando o álcool direto em suas bocas.

Enquanto rolava uma tietagem na primeira fileira de garotas em frente ao palco, a banda ia emendando canções umas nas outras, com alguns riffs rápidos de guitarra divididos entre Matt e o guitarrista Jack Ridley, que, por sinal, formam uma bela dupla só pelo entrosamento no palco.

A casa estava meio cheia, o que não foi ruim para quem estava ali pela banda, já que era possível ir até o bar buscar uma cerveja e chegar à frente do palco com facilidade, isso sem deixar de assistir ao show. Ponto pro Beco.

Resenha: Drowners em São Paulo

Na ativa desde o início de 2012 com nome emprestado do primeiro single do Suede, o Drowners está em fase de finalização do primeiro disco, que sai no segundo semestre desse ano pelo selo Frenchkiss, o mesmo que lançou bandas como Bloc Party, The Drums e Passion Pit, por exemplo. Esse fator pode ser interpretado de duas formas, se contextualizarmos com o show. Um menos relevante: ponto negativo da apresentação, pois os fãs conhecem apenas o EP Between Us Girls, único trabalho lançado até agora. Como a banda tocou algumas músicas novas, ninguém sabia sequer os refrães, mas dançaram com o mesmo clamor. E, por outro lado, o mais justo e admirável, pode ser considerado um privilégio, já que os caras anteciparam para nós o que vem por aí.

Além da invejável sintonia entre Matt e Jack no palco, é justo ressaltar o quanto o líder da banda é comunicativo e educado com seus fãs. A todo o momento agradecia com “obrigado” e conversava com o público através de seus embriagados “au, au, auuuuu”, uivos que às vezes pareciam fazer parte das músicas, ainda mais quando entoados ao mesmo tempo pelo quarteto.

O espetáculo foi cheio de pontos altos: Matt jorrando uísque nos fãs, cumprimentando cada um que estava ali na frente com apertos de mão e as dancinhas meio desengonçadas de Jack Ridley são alguns. Musicalmente, as últimas canções marcaram o clímax da apresentação, com os hits “Bar Chat” e “A Shell Across The Tongue”, que fizeram o público pular ainda mais e cantar junto com a banda. “You’ve Got It All Wrong”, que ganhou videoclipe recentemente, também rendeu bons momentos pela sonoridade pra lá de dançante.

O fato de em alguns instantes a apresentação dar a impressão de ser um grande comercial da Jack Daniels foi superado pela banda com um show de rock de garagem de verdade e para poucos, com o duo caloroso entre banda e público que não costuma acontecer em grandes festivais e que muitas bandas do mainstream gostariam de poder voltar a fazer.

Nota: 8/10