Resenha por Fernando Branco
Cheguei à Arena Anhembi sem saber muito o que esperar de John Mayer.
Primeiro que quando os portões foram abertos tive a impressão de estar em show de algum ídolo teen, desses que aparecem e somem na mesma velocidade. Segundo que eu, que sempre o admirei como músico, não estava lá muito convencido por essa fase atual, meio country, de Mayer.
Depois de um belo show de abertura de Philip Philips, vencedor da décima edição do American Idol, a expectativa era grande. Mas logo de cara John Mayer mostrou que não estava para brincadeira, tampouco preocupado em agradar quem estava ali pra ver o mocinho bonito que namora (quase) todo mundo em Hollywood.
Mayer subiu ao palco acompanhado dos Meninos do Morumbi e mostrou um arranjo diferente (e melhor) de “No Such Thing”, primeira música de seu primeiro disco, Room For Squares (2001). Depois de intercalar uma série de músicas novas, cantadas a todo volume pelo público, veio o primeiro cover: “Going Down The Road Feelin’ Bad”, de Henry Whitter, com um belo improviso da banda no final. Foi aí que Mayer abriu o baú de hits e mandou ver uma sequência com “Slow Dancing In a Burning Room”, “Your Body Is a Wonderland”, “Daughters” e “Free Fallin’”.
Com a plateia na mão, Mayer controlou o ritmo do show como quis. Foi simpático, expressou sua felicidade por tocar pela primeira vez no país e prometeu voltar “pelo menos uma vez por ano até o resto de sua vida”.
Mesmo os recentes, e sérios, problemas que ele teve na voz não prejudicaram sua performance. Mayer se mostrou um artista maduro, conhecendo suas limitações e dosando bem a força de seu alcance vocal.
E a guitarra? Ou as guitarras? A relação de Mayer com o instrumento é hipnotizante. Nenhum músico atualmente (pelo menos pra mim) sabe condensar tão bem a técnica, o senso rítmico e melódico dentro de um contexto pop sem cair na mesmice. Ele consegue. O som que Mayer tira daquela Fender Stratocaster beira a perfeição. É cristalino na medida certa e sujo quando a música pede. Sensacional.
Saí do Anhembi ontem bem satisfeito com o que vi, e com a opinião de que o único “defeito” de Mayer é a imagem de garoto bonitinho e bonzinho que ele, ou parte do público, construiu no decorrer de sua carreira. Se ele fosse um pouco mais ‘feinho’’, seus shows não seriam tão lotados de meninas barulhentas e fanáticas, mas aí, talvez, ele fosse reconhecido pelo grande artista que é. Showzaço!
Setlist:
- No Such Thing (com meninos do Morumbi)
- Wildfire
- Queen of California
- Half of My Heart
- Paper Doll
- I Don’t Trust Myself (With Loving You)
- Going Down the Road Feelin’ Bad (Henry Whitter)
- Slow Dancing in a Burning Room
- Your Body Is a Wonderland
- Daughters
- Free Fallin’ (Tom Petty)
- Stop This Train
- Waiting on the World to Change
- Dear Marie
- Something Like Olivia
- Wheel
- Who Says
- If I Ever Get Around to Living
- Vultures
- The Age of Worry
- Why Georgia
- Neon
- Gravity