Resenha: Pousatigres - EP homônimo

Formado por nomes conhecidos do underground paulistano, o quinteto de rock alternativo estreia de maneira cativante e agradável.

Resenha: Pousatigres - EP homônimo
Resenha: Pousatigres – EP homônimo

Resenha: Pousatigres - EP homônimo

Pode-se referir ao grupo Pousatigres como a reunião de nomes conhecidos do underground paulistano, mesmo que a despretensão ande ao lado do projeto. Criada em 2011, a banda de pop-rock/rock alternativo é formada por integrantes que colaboram com a cena musical brasileira há mais de 10 anos: Rodrigo Palmieri (ex-Drosóphila), nas guitarras e vocais; Bruna Mariani (Condessa Safira) nos vocais e violão; Elke Lamers (Ema Stoned) no baixo; Jobas Monteiro (ex-Kafka Show) na bateria e percussão; e Elaine Jardim (parceira de Palmieri já nos tempos de Drosóphila) na guitarra.

A união da vasta experiência musical dos cinco membros somada às influências de Fleetwood Mac, The Cardigans e The Smashing Pumpkins deram origem a um cativante EP de cinco faixas inéditas, bem produzido por Paulo Senoni no Nimbus Studios, em São Paulo, em Janeiro de 2011, e lançado no ano seguinte.

Resenha: Pousatigres - EP homônimo
(Foto por Mari Pereira/MaripêLab)

A estreia da Pousatigres, cujo nome foi sugerido pela baixista Elke Lamers e tirado do conto homônimo e surreal do escritor argentino Julio Cortázar, apenas pela estética e sonoridade da palavra, é agradável e expõe toda a sensibilidade e verdade do projeto, que quer tocar para quem escute o que ele tem a dizer.

Já na faixa que abre o EP, “Caminhos Tortos“, a banda faz valer frases como “sempre dá pra tentar de novo/e se não der, nós tentamos pouco” e “meu querido sonhador, quem espera sempre esconde a dor, mas sabe arriscar”, que podem servir de motivação não só para o ouvinte, mas para os próprios integrantes do grupo que, após anos de carreira e passagens por bandas de respeito, continuam na estrada da música, repleta de aclives e declives.

A seguinte, “Buracos“, se destoa melodicamente das demais faixas do registro, por ser agitada e mais objetiva. Entretanto, apesar de parecer não se encaixar no registro, a canção mantém uma das características mais fortes do projeto, que trabalha na mesma proporção a doçura e a bravura de suas letras e melodias.

Com uma base harmônica bastante prazerosa aos ouvidos, o EP retorna à essência com “O Lado Irônico“, uma das canções que mais deixam transparecer as influências musicais do quinteto. As variações de andamento no pré-refrão e refrão são tão bem vindas quanto a interpretação vocal de Bruna Mariani.

A angústia e a lástima de Rodrigo Palmieri ao perder um amor surgem em “Palavras Ensaiadas” de maneira aberta e visceral. O compositor e guitarrista, inclusive, faz uma agradável surpresa e carrega sozinho o vocal principal desta. A letra (que causa empatia), a voz emotiva de Palmieri, os backing vocals suaves de Mariani e o solo aflito que aparece na canção (finalizada de forma seca, levando a entender que, após a reflexão da história cantada, deve-se seguir adiante, pois a vida é assim, é feita de desilusões), tornam “Palavras Ensaiadas” a mais bela, introspectiva e intensa do EP.

Com Bruna Mariani de volta ao vocal principal e apresentando-se pela primeira vez no EP como co-escritora, “Mundo Cinza” mantém a densidade da canção anterior e deixa a sensação de que é a resposta, a continuação de “Palavras Ensaiadas”.
Com um término hipnotizante, a faixa faz o ouvinte viajar pela atmosfera criada pelo instrumental, até realizar um pouso com os tigres quando a viagem chega, infelizmente, ao fim.

É perceptível o extremo zelo aplicado pela banda na criação e realização do registro, através da pureza das letras, serenidade dos vocais e beleza das melodias. O resultado final é nítido e inegável: Pousatigres faz músicas de coração para coração. Um verdadeiro abraço apaziguador e esperançoso na alma.

Nota: 8/10

Seguindo as pegadas da Pousatigres

A banda continua a divulgar seu EP homônimo e de estreia, lançado em 2012. No sábado, dia 5 de Outubro, a Pousatigres irá se apresentar no evento Primavera Pulp Nano Fest ao lado de bandas e artistas como Japanese Bondage, Monocelha, BloodbuzzHollowood e Bacantes. A entrada é gratuita e o evento acontece a partir das 14h30, no Nimbus Studio, em São Paulo, onde a banda finaliza as gravações de seu próximo EP, com lançamento previsto para acontecer em 2014.

Enquanto as novas músicas não são lançadas, ouça na íntegra o primeiro EP do grupo: