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Resenha: Wombats no Rio de Janeiro

Na festa de aniversário da Jack Daniels, The Wombats fez um show cheio de energia.

Resenha: Wombats no Rio de Janeiro

The Wombats no Rio de Janeiro

Texto: Nathália Pandeló e Daniel Corrêa

Da cabine da DJ, vinham “Mr. Brightside”, “Are you gonna be my girl” e “You only live once”. O público que dançava timidamente naquele domingo de garoa em Ipanema esperava para ver o The Wombats. Era 2006 de novo, um tempo em que bandas de indie rock pipocavam a torto e a direito por aí, entre elas o trio inglês que surgiu cantando (como boa parte das bandas da época) letras bem humoradas e um tanto quanto bêbadas sobre amor, perda e desespero.

Foi esse o tom da noite aberta pela banda Tipo Uísque. Não por acaso, já que a festa comemorava os 163 anos de Jack Daniels, com direito ao primeiro drink grátis, “Parabéns pra você” e brigadeiros batizados. Mas foi só quando Matthew Murphy (vocal e guitarra), Daniel Haggis (bateria e vocal) e Tord Øverland-Knudsen (baixo e vocal) subiram ao palco do pequeno Studio RJ com primeiros acordes de “Moving to New York” foi que o público deu sinal de vida – um gás que só diminuiria ao fim do show.

Mesmo com o repertório um pouco fora de forma, a banda demonstrou que a mesma energia pela qual ficou conhecida também não se esgotou. O ritmo que caía a cada longa pausa entre as músicas logo voltava a subir com os refrões perfeitos para pular, bater palmas ou cantar alto. “Little Miss Pipedream” foi uma das raras pausas para canções menos dançantes, em algum lugar entre “1996”, do último disco (lançado há dois anos) e “Let’s dance to Joy Division”, auge da alegria generalizada.

Se não pisavam em um palco há mais de cinco meses (“Estamos gravando um disco novo, essa é a nossa desculpa. Qual é a desculpa de vocês?”, bricava Matthew), os Wombats se sentiam em casa no Rio. Bebiam dos mesmos drinks vistos nas mãos de todo o público em copos pretos com a tradicional estampa da marca de uísque e se diziam dispostos a sair pelo Rio enchendo a cara durante sua única noite na cidade. A sensação era de ver aqueles pubs ingleses do começo dos anos 2000, com uma cena explodindo.

O clima não se traduzia apenas nos sotaques de Liverpool. O gargarejo quase não parou: cantou e dançou junto e, entre uma música e outra, levantava as garrafas de Jack mais vazias na medida que o show avançava. E certamente ninguém se divertiu mais que o baixista Tord, que pulava por todo o (pequeno) espaço do palco, apenas para secar o rosto suado e começar tudo de novo.

O Wombats fez um som enérgico, sujo e despretensioso que, se não vai sobreviver ao teste do tempo, ao menos lembra um rock divertido que, quase tão ironicamente quanto dançar ao som de Joy Division, aparece com menos frequência do que deveria e estranhamente parece que ficou perdido numa época. Mas daquelas épocas bacanas, que certamente fez o público tirar a poeira das MP3 mais antigas do Hot Hot Heat, Kaiser Chiefs, Art Brut e The Fratellis. A festa ainda não acabou.

Wombats no Rio