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Resenha: Paul McCartney - "New"

<b>"New"</b> é o que anuncia: um disco completamente novo do bom e velho Paul McCartney

Quando um cara com 70 anos, 50 só de carreira, dá a cara à tapa para o mundo inteiro lançando um disco chamado “New”, inicialmente você pode duvidar. Dá para pensar que é mais um apelo para se reinventar, se copiar, repetir fórmulas de sucesso ou cair na velha conhecida de muitos astros por aí que fazem mais do mesmo para se manter em alguma linha entre o sucesso absoluto e o completo esquecimento, no meio, na mediocridade da rotina. Paul McCartney não é esse tipo de cara.

O anúncio de New, mais de cinco anos depois de um álbum com inéditas (Memory Almost Full, de 2007), reacendeu o brilho nos olhos de cada beatlemaníaco ou paulmaníaco ao redor do mundo. O lançamento mexe com o ouvinte desde a primeira faixa, “Save Us”, em que o ouvinte quer saber “de onde veio aquilo?”, tão diferente que soa, até a última canção, “Get Me Out of Here”, folk bonitinho e brincalhão para acabar com a tristeza que um final de disco dá na gente.

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É claro, as referências à carreira nos Beatles estão lá. Em “Early Days” ele fala justamente da relação com John Lennon, assim como falou em “Here Today” de 1982 (Tug of War). Em New ele  dedica alguns trechos da música para falar de seu novo relacionamento, com Nancy Shevell, assim como ele já havia feito em “My Love” e tantas outras para Linda McCartney e em “And I Love Her” para Jane Asher.

“New” aliás, primeiro single do disco e que dá nome ao trabalho, é um caso à parte. Pop, dançante, com um refrão incrivelmente fácil de assimilar e com essa alegria contagiante que Paul transmite em cada uma de suas aparições em público. É uma bela escolha para um single, uma bela escolha para dar nome ao disco e simplesmente uma bela escolha para o que quer que se faça com ela.

Mas para falar das outras canções, ouvir “Queenie Eye” dá a mesma sensação de novidade da primeira faixa do disco, mesmo você sentindo aquela familiaridade com o lado hitmaker de Paul. “Alligator” poderia ter saído de alguma caixa de fitas não gravadas dos Beatles ou ser um B-side do Rubber Soul que nunca foi divulgado, tão psicodélica que soa, inclusive com as levadas de baixo e guitarra misturadas ao violão e aos vocais de um Paul que tem também na voz outra de suas marcas registradas.

“Appreciate” é tão pop quanto Paul só havia sido em seu projeto de música eletrônica, o The Fireman, e está em sua carreira solo, marcando presença entre as influências do músico.  “Hosanna” dá espaço ao lado mais sombrio de Paul, deixando o trabalho mais sério, mas o clima é logo quebrado pela elétrica “I Can Bet”, que com certeza vai fazer muita gente pular nos shows da nova turnê.

O compilado das 14 faixas mostra um Paul que, com uma pequena ajuda dos amigos e produtores Paul Epworth (Bloc Party, Adele), Mark Ronson (Amy Winehouse), Ethan Johns (Kings of Leon, Ryan Adams) e Giles Martin (filho de George Martin), consegue exibir nuances nunca vistas de sua música e de seu trabalho. Um Paul criativo, que procura estar rodeado dos melhores e fazer seu som soar como seu. Um Paul romântico e pop, mas que não deixa de contribuir para o Rock’n’Roll que ajudou a criar, que não abandona o amor pelo que faz e que escancara competência nos 52 minutos desse novo disco. E finalmente, um Paul que não cansa de se renovar e que, acima de qualquer suspeita, não para de não se repetir.  Para a sorte de todos nós.

Nota: 8,5/10

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