tmdqa/mpb: O chorinho está vivo e bem, obrigado

E estamos lançando com exclusividade uma música hoje!

Taruíra
Foto: Mariana Rocha

“Há muito tempo eu escuto esse papo furado/Dizendo que o samba acabou / Só se foi quando o dia clareou”. O que Paulinho da Viola  cantou em uma de suas canções é algo que ouço desde que era pequeno de outro gênero. Uma união dos ritmos europeus com o samba, o chorinho é um estilo musical genuinamente brasileiro que, há décadas luta para provar que… está vivo.

O chorinho me apareceu como um disco de vinil empoeirado que ganhei junto da minha primeira vitrola. Era de um tal de Altamiro Carilho e tinha umas músicas de um tal de Pixinguinha. Na época não sabia que música era aquela, mas sabia que me dava uma paz. “Dessas que já não fazem mais”, como dizia minha mãe ao me ver ouvindo.

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Mas fazem! E muito bem! Deixando de lado grandes nomes da nossa música instrumental contemporânea como Hamilton de Holanda, Yamandu Costa, Nicolas Krassik ou Carlos Malta (que esse colunista gosta muito), o chorinho tem achado seu espaço no ambiente público, em praças pelo país.

“Acho que a praça sempre vai ser o lugar da invenção e do lúdico”, diz Breno Morais, saxofonista do grupo de choro Taruíra.

O Taruíra é um sexteto instrumental de Petrópolis, região serrana do Rio. Desde 2007,  o grupo mantém um projeto que viraria sua marca registrada na cidade: as rodas de choro na Praça da Mosela, onde o Taruíra se apresentou regularmente por mais de três anos. O evento começou como um encontro de músicos ao ar livre, mas cresceu e se estendeu por centenas de domingos.

Recentemente aconteceu mais uma roda na mesma praça, onde vi – junto de centenas de pessoas de todas as faixas etáreas – que o choro já faz parte da cultura popular de tal modo, como se as pessoas já nascessem com aquilo, que as canções parecem despertar um sentimento bom. Talvez aquela mesma alegria que tinha com meu vinil empoeirado.

Por isso tenho o orgulho de dizer que o TMDQA está lançando com exclusividade a versão do Taruíra para “Carioquinha”, uma empolgante canção de Waldir Azevedo, que ganhou uma força nova nessa gravação.

“Incluir ‘Carioquinha’ nas rodas de choro que fazíamos todos os domingos fazia muito sentido, pois era uma música bastante swingada, com um balanço peculiar, como todas do Waldir! Para a nossa formação, se encaixava bem, pois dividíamos os solos de melodia entre o cavaquinho, o saxofone soprano e o sax tenor, além de ser ótima para improvisos. Foi um arranjo coletivo, feito por todos nós, que passou por uma maturação e muitas alterações até chegar neste formato, então resolvemos registrar”, conta Breno.

E você pode ouvir abaixo:

Acostumados a gravar ao vivo, o Taruíra – nesse post em fotos de Mariana Rocha –  optou por gravar, depois da guia pronta, em duplas: percussão (Yuri Garrido na bateria, Leandro Mattos no pandeiro), seguida pelas cordas (o cavaco de Guto Menezes e o violão de sete cordas de José Roberto Leão) e, por fim, os sopros (Breno Morais no sax soprano e Carlos Watkins no sax tenor).

Além de “Carioquinha”, você pode ver o belo DVD “Nas Nuvens” aqui e ouvir mais sons da banda no Soundcloud.

E aí, ainda achando que chorinho é coisa do passado?

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