The xx estreia no Brasil
O tempo parecia se arrastar desde a confirmação da vinda da cultuada banda The xx ao Brasil. Foram meses de espera, mas que, inquestionavelmente, valeram a pena tanto para o trio formado em Wandsworth, em 2005, quanto para seu primeiro público brasileiro.
Depois de ter sido escalado para tocar em São Paulo, no dia 26 de Outubro no Popload Gig, o grupo rapidamente viu mais uma data no Brasil ser adicionada a sua agenda. Através da plataforma Queremos!, os fãs do Rio de Janeiro assistiram ao espetáculo do The xx graças ao financiamento coletivo, uma realização de mais de 700 “empolgados”.
Em sua primeira visita ao país, o surpreendente trio britânico hipnotizou o público carioca com desempenho impecável, antológico e extremamente cativante, com belíssimas versões de faixas de seus dois álbuns de estúdio, lançados entre 2009 e 2012.
Alguns minutos após as 23h, horário marcado para o inicio da apresentação, e sob muitos aplausos e gritos calorosos, Romy Madley Croft (vocal e guitarra), Oliver Sim (vocal e baixo) e Jamie Smith (beats) surgiram da escuridão dos bastidores para iluminar a alma e apaziguar o coração do público presente, que encheu o Vivo Rio, na Zona Sul da capital carioca, na noite de quinta-feira, 24 de Outubro.
Marcando a transformação de sonho em realidade, bem como a divulgação de seu aclamado segundo disco de estúdio (Coexist, de 2012), a banda iniciou seu show com “Try“, cujos primeiros segundos já serviram para transportar a plateia formada por cerca de 3.000 pessoas para uma dimensão mais que sublime.
“Heart Skipped A Beat“, do álbum homônimo e de estreia (de 2009), veio logo em seguida. Ao seu final, Oliver Sim, com sua voz suave e tranquila, conversou com o público, agradecendo pela recepção e realização do show: “Rio de Janeiro… essa é a nossa primeira vez no Brasil. E vocês nos trouxeram aqui. Obrigado…”.
E, então, foi a hora de um dos momentos mais aguardados do show: a execução de “Crystalised“, faixa com a qual o trio conquistou notoriedade mundial e foi apontado como uma das maiores promessas da nova música britânica em 2009. O público, obviamente, cantou em uma só voz e acompanhou as danças envolventes e os olhares penetrantes de Oliver Sim e Romy Madley, até que parou para ouvir um tímido “obrigada” dito pela vocalista e guitarrista.
Sem dar tempo da plateia se recuperar da onda de emoções, o trio tocou “Reunion“, “Far Nearer“, “Sunset” e “Missing“, em uma das performances mais arrepiantes da noite, por conta da intensidade e densidade da canção, somadas ao show de belíssimos lasers que deixaram a apresentação ainda mais surreal.
Para apresentar “Fiction“, Oliver Sim deixou seu baixo de lado, pegou o microfone e foi mais à frente dos fãs, como se fosse para deixá-los ainda mais conectados ao show. Enquanto Sim comandou os vocais da canção, Romy Madley deixou seu posto e aproveitou o momento fazer a graça dos fãs que estavam do lado direito do palco, esbanjando fofura e distribuindo sorrisos tímidos, até que retornou ao seu posto para cantar “Night Time“.
Em “Swept Away“, enquanto os fãs dançavam ao som dos beats do produtor Jamie Smith, Madley parecia afrontar e desestruturar Sim com as notas melancólicas de sua guitarra sempre muito bem timbrada.
Em seguida, o trio mandou “Shelter” com o refrão cantado em tempo diferente, como se Madley quisesse brincar com os fãs que cantavam em uníssono uma de suas faixas mais queridas e das mais aguardadas. A empolgação do público era tanta, que o trio, notavelmente surpreso, ficou por alguns segundos parado, com os olhares fixados na plateia que não cansava de aplaudi-lo e clamá-lo, festejando sua presença.
Como resposta para a recepção calorosa, o The xx logo tratou de tocar “VCR“, reconhecida instantaneamente, levando os fãs ao delírio, que pulavam e sorriam de maneira incontrolável. Tal ânimo aumentou durante a execução de “Islands“. Nesta, foi a vez dos fãs fazerem um dos coros mais altos da memorável e agradabilíssima noite, surpreendendo, novamente, a banda. Depois de assistir à plateia ovacionar seu trabalho com Romy Madley e Jamie Smith, Oliver Sim revelou ao público que a banda desejava desde o lançamento de seu primeiro álbum, há 4 anos, vir ao Brasil. Ele aproveitou também o momento para agradecer pelo calor dos fãs e, logo depois, voltou ao setlist com uma versão belíssima de “Chained“.
Para marcar o final da primeira parte do espetáculo, a banda escolheu a intensa “Infinity“. Cada batida da música era sentida fortemente e penetrava a alma e o coração, enquanto o público tentava lidar, ao mesmo tempo, com suas próprias emoções, com a performance do trio e com o bastante elogiado show de luzes e lasers.
Depois de alguns momentos dados aos fãs para que pudessem respirar e conferir seus batimentos cardíacos, o trio retornou, com lasers que faziam um enorme “X” do teto ao piso do palco, para tocar as duas primeiras faixas de seus dois álbuns de estúdio. Primeiramente, a bela instrumental “Intro” e, por fim, a arrepiante “Angels“.
Tímidos, porém extremamente cativantes, Romy Madley, Oliver Sim e Jamie Smith se despediram dos fãs cariocas demonstrando que estavam mais que satisfeitos com a troca de energia com o público, acontecimento que durou um pouco mais de uma hora, e expondo seu desejo de retornar ao país o mais rápido possível.
Que assim seja.
Setlist:
01. “Try”
02. “Heart Skipped A Beat”
03. “Crystalised”
04. “Reunion”
05. “Far Nearer”
06. “Sunset”
07. “Missing”
08. “Fiction”
09. “Night Time”
10. “Swept Away”
11. “Shelter”
12. “VCR”
13. “Islands”
14. “Chained”
15. “Infinity”
Bis:
16. “Intro”
17. “Angels”