Entrevistas

Entrevista: Mafalda Morfina

Conheça a banda de Fortaleza que tem vocais femininos e está lançando novo disco.

Entrevista: Mafalda Morfina

Por Patrício Lima

Natural de Fortaleza (CE), a banda Mafalda Morfina segue para uma fase importante em seu nono ano de carreira. Atualmente radicada em São Paulo, a banda liderada por Luciana Lívia lança oficialmente o novo disco Carrossel Estático, com a assinatura do produtor Lampadinha (Fresno, Titãs, NxZero, Pitty, entre outros). O disco traz uma pegada mais pesada e visceral comparado ao primeiro, Sonhos Contrários. Uma das surpresas desse novo trabalho fica por conta da participação de Bruno Gouveia (Biquini Cavadão), que dividiu os vocais com Luciana na faixa “Poderosa Imperfeição”.

Ainda conquistando fãs em novas praças pelo Brasil, a banda já obteve feitos interessantes como figurar entre as 3 bandas finalistas do Concurso Rock On Top, que teve participação de mais de 300 bandas para fazer show de abertura no Planeta Terra Festival.

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O TMDQA! aproveitou para bater um papo com Luciana Lívia que falou da carreira da banda, detalhes do novo disco, processo de composição, mudança para São Paulo e novidades para 2014. Ela comenta ainda sobre as comparações com outros vocalistas do cenário nacional, o sucesso da nova geração de bandas do nordeste pelo Brasil a fora, e o lançamento oficial do novo álbum no último dia primeiro de Dezembro na capital cearense.

TMDQA! – A banda se autodefine com uma sonoridade “PlayFul Rock”. Como seria o som da Mafalda?
Luciana: Na verdade, foi algo que não surgiu exatamente da banda. Uma amiga comentou que a gente fazia um “rock lúdico”, pelas expressões que costumo fazer no palco e pela dinâmica de temas nas letras das músicas do primeiro disco, e logo sugeriu o estilo com a escrita em inglês. A mesma escreveu o nosso release. Mas com a chegada do CD novo, talvez tenhamos que rever isso aí… (risos)
TMDQA! – Vocês ainda acreditam que para estourar nacionalmente é preciso estar no eixo RJ-SP?
Luciana: Não diria exatamente estourar nacionalmente. Mas cremos que há uma movimentação cultural em São Paulo e também no Rio, que abraça mais estilos como o nosso. O rock no Ceará está cheio de artistas que o reproduzem com um talento incrível. Conhecemos algumas bandas alternativas recentemente no Piauí e ficamos de cara com a qualidade. Porém os produtores da cena rock, para colocar música na rádio, na TV, contratar shows desse seguimento, ainda são maioria no Eixo RJ-SP.

TMDQA! – Como foi a decisão de ir morar em SP? Houve uma resposta imediata?
Luciana: Já tínhamos essa ideia em mente, desde que gravamos o primeiro vídeo clipe (música “Sonhos Contrários”), no ano de 2008, pois o diretor paulistano Maurício Eça, após conhecer a banda tocando ao vivo, curtiu muito a resposta da galera e o trabalho da MM em si. Então ele sugeriu que ao lançar o disco, procurássemos divulgá-lo também em São Paulo. Nessa de divulgar o trabalho em Sampa, acabamos ficando mais um tempo e… Já se passam 03 anos! rs Não houve uma resposta imediata… E de certa forma isso não é muito a nossa praia. Temos o pensamento de que “tudo que vem fácil vai fácil”. Amadurecemos bastante com as vivências na nova cidade e isso foi essencial para produção do novo disco Carrossel Estático e para a conquista do público de SP.

TMDQA! – Como vocês definem o a essência do novo disco Carrossel Estático produzido pelo Lampadinha?
Luciana: As músicas do disco são frutos de um amor proibido entre o caos e a luz. Parte dele vai vomitar reclames, sofreguidão e falta de serenidade… E outra parte vai se encontrar com a espiritualidade. Tudo sem precisar fantasiar… Respirando objetividade… Encarnando a vida real. A essência da interpretação e do se importar no que dizer e transmitir continua. O som virá mais pesado para pluralizar o tema das músicas do disco. Tudo nele se desconserta para depois se construir novamente. Trabalhar com o Lampadinha sempre é legal, ele sempre tem algo a nos acrescentar musicalmente. Foi uma ótima experiência e vocês podem conferir tudo nesse CD!

TMDQA! – Como rolou a participação do Bruno Gouveia (Biquíni Cavadão) nesse novo trabalho?
Luciana: O Bruno já conhece a Mafalda Morfina desde o ano de 2007, quando abrimos o show do Biquini Cavadão em Icapuí/CE. Ele curtiu o som da banda e assim fomos mantendo contato por e-mail. Em 2009 ele me convidou para cantar a música “Toda forma de poder” no Festival Férias no Ceará, e foi muito especial e enérgica a nossa apresentação juntos. Na produção do Carrossel Estático, ao compor a música “Poderosa Imperfeição”, já me veio à mente as linhas vocais dele e a vontade de chamá-lo para fazer a música comigo. Logo enviei um e-mail e mandei a versão da pré-produção. Ele foi bem sincero e disse que só faria se sentisse que realmente tinha a ver. Passou-se uma semana e nada de resposta. Até que de repente apareceu um e-mail dizendo “E aí, quando gravamos?”. Nossa! Fomos à loucura, rs. O mais legal é que ele tinha mesmo que fazer essa música, no sentido de que houve um enriquecimento absurdo na composição com a presença da voz e interpretação dele.

TMDQA! – Vocês acreditam que o primeiro disco foi uma apresentação da banda para mercado, e agora podem mostrar com mais liberdade o som da banda?
Luciana: Sim. As músicas do primeiro disco – o álbum Sonhos Contrários – representam as raízes da nossa carreira. Entretanto essa fase do novo disco apresenta uma banda mais madura tanto no som, quanto nas letras e também na forma de conduzir-se profissionalmente.

TMDQA! – Suas letras têm referencias de causos pessoais e que bebem da água da literatura. Como acontece esse processo de composição na banda?
Luciana: Minha mãe brinca (ou não) que é psicografia, rs. Sempre li e escrevi bastante. Desde piveta (moleca). Tudo acontece com o violão na mão. A letra já surge com a melodia e daí vai nascendo toda a canção. Posteriormente canto para banda e assim montamos os arranjos juntos. E claro, na hora do disco, entram as opiniões do produtor musical e também de um arranjador, para dar aquela lapidada no som (mestres como Lampadinha, Renato Galozzi, Moisés Veloso e Paulo Anhaia).

TMDQA! – Como vocês acompanham a ascensão de bandas não só do Ceará, mas como do nordeste e outras regiões do país em nível nacional? Cito Selvagens à Procura de Lei como bom exemplo desse panorama.
Luciana: Isso! Cito também Daniel Peixoto, Arsenic e outras. Creio que o Nordeste tem uma riqueza cultural histórica. Artistas como Belchior, Raul Seixas, Zé Ramalho e Luiz Gonzaga, por exemplo, dizem tudo. É uma honra pra gente ser um pedacinho da nuvem desse paraíso nordestino. Estamos sempre acompanhando essa galera nova e ouvindo os veteranos também. O bacana é que o guitarrista e o baterista são paulistanos, mas têm esse mesmo interesse!

TMDQA! – Como você lida com as comparações com outras bandas com vocais femininos? Você acha que ainda é pouco o numero de cantoras no rock nacional?
Luciana: Têm muitas cantoras de rock no Brasil. Porém com reconhecimento na mídia popular a nível nacional, ainda poucas. E sim, há comparações, mas eu gosto e me divirto. Já me compararam com a Fernanda Takai, Pitty e até mesmo com a Rita Lee (segundo a pessoa que falou, devido os trejeitos na performance). Tudo isso é bacana e faz parte da estrada. Até porque não há muitos vocais femininos explorados pela mídia do nosso país, como já falei. O que torna super natural tais comparações. Creio que eu tenha a minha identidade artística, com algumas influências, assim como todo artista tem as suas.

TMDQA! – Sei que é uma pergunta batida (rs), mas tenho certeza que todos que ainda não conhecem a banda querem saber como surgiu o nome. Pode nos contar?
Luciana: Mafalda é uma criança filósofa, que está sempre questionando tudo a sua volta (personagem do cartunista argentino Quino). Eu sempre curti muito ela e a inspiração inicial veio a partir desse amor. A “Morfina” chegou para deixar o nome da banda ainda mais intrigante, rs. A inspiração surgiu da derivação de Morfeu, que na mitologia grega, era o Deus dos Sonhos. Então Mafalda Morfina seria a mistura de filosofia com sonhos.

TMDQA! – Além da divulgação do novo CD, o que teremos de novidades em 2014?
Luciana: Estamos todos focados no novo disco, Carrossel Estático e tendo reuniões de planejamento com nossos parceiros do RJ e a nossa produtora Bruna Santos. Pautas que contêm várias vertentes como projetos para rádios de várias Cidades do Brasil e participações de mais festivais renomados em 2014.
TMDQA! – Se você pudesse sintetizar a banda com poucas palavras como seria a Mafalda Morfina?
Luciana: Rock’n’roll, missão, seriedade, loucura e vida.

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