Entrevistas

Entrevista: Marcelo Buteri, da banda oelefante (Dead Fish)

Conversamos com Marcelo Buteri a respeito de nova banda com membros do <B>Dead Fish</b>.

Entrevista: Marcelo Buteri, da banda oelefante (Dead Fish)

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oelefante é um novo projeto formado por Rodrigo Lima, Marcelo Buteri e Gustavo Buteri, todos eles envolvidos de uma forma ou de outra com a banda Dead Fish.

Enquanto o primeiro é vocalista da banda até hoje, Gustavo formou o grupo ao seu lado em 1991, saindo em 1996, e Marcelo ficou de 1997 até 2003.

Apesar do histórico em um dos maiores nomes da história do hardcore brasileiro, aqui o trio experimenta novos horizontes e mescla suas influências que vão do hard rock ao dub, com a musicalidade que os caracterizou durante as suas carreiras para um trabalho bastante interessante.

Em Março o EP de estreia será lançado oficialmente em formato digital e em Abril sai em vinil, e enquanto o trabalho não vê a luz do dia, conversamos com o responsável pelas guitarras e baterias das três canções presentes no trabalho, Marcelo Buteri, a respeito do mesmo.

Leia na sequência.

TMDQA!: Como surgiu a ideia de “oficializar” novamente através de um EP uma parceria que vem de tanto tempo atrás, quando vocês 3 tocaram no Dead Fish?

Marcelo: Surgiu sem querer. Eu já estava querendo montar uma outra banda diferente das bandas que toco atualmente. No meio do ano passado liguei para o Rodrigo e perguntei se ele estava afim de entrar nesse projeto comigo e ele topou na hora. Imediatamente chamei o meu irmão, pois estávamos tocando juntos, mas a nossa outra banda, Undertow, estava bem parada e estava com vontade de voltar a tocar com ele de novo. Quando me dei conta, tinha os ex-Dead Fish todos juntos de novo (risos)

TMDQA!: Houve uma preocupação explícita em fazer com que a sonoridade do grupo se distanciasse do Dead Fish, principamente pela voz do Rodrigo ser tão conhecida? Que tipo de influências vocês misturaram no processo de composição e gravação das músicas do grupo?

Marcelo: Então, quando eu compus a parte instrumental das músicas, eu não tinha ideia de como ficaria com a voz do Rodrigo. Sabia que iria ficar muito bom, mas não pensei ou me preocupei sobre estar parecido com o DF. Em alguns casos não vai ter jeito, vai esbarrar nessa comparação, mas das 3 músicas que fizemos, só a segunda chamada “Picolé” tem uma pegada mais Dead Fish. Ainda assim, ela traz um trecho bastante diferente com um Dub bem pesado e louco com uma recitação da música “Nuderval” do Mukeka Di Rato.

Influências da banda no geral posso te dizer que temos de Rollins Band, Black Flag, Snapcase, Quicksand, Bad Brains, Fugazi, 7 Seconds, Helmet. Por aí.

TMDQA!: Qual é a ideia da banda para o futuro? Há espaço para shows, turnês e um full length ou tudo está sendo planejado como um passo por vez?

Marcelo: Para o futuro tem tudo isso. Queremos fazer shows específicos, tipo uns dois shows por mês por enquanto por conta da agenda do DF e por conta dos nossos outros afazeres. Turnê acho que por enquanto fica mais difícil. Temos que começar a fazer shows para ver como vai funcionar. Full Length com certeza pretendemos fazer, com umas 10 músicas. Acho que conseguimos fazer tudo isso nesse ano, mas estamos fazendo tudo como nos propusemos a fazer: com bastante calma.

TMDQA!: Você toca guitarra e bateria na banda, e obviamente não poderá fazer os dois ao vivo. Como está pensando no formato da banda ao vivo?

Marcelo: Estamos procurando urgente algum guitarrista que queira tocar com a gente. Sondei e estou sondando alguns nomes mas nada certo ainda. Seria melhor se a pessoa fosse de Vitória para que pudéssemos ensaiar e compor, mas a ideia é essa, colocar um guitarrista.

TMDQA! O que aconteceu para resultar na saída de vocês do Dead Fish? De lá pra cá, em que projetos musicais se envolveram?

Marcelo: Cara, do meu irmão acho que foi uma saída natural. A banda estava acabando em 1996 e acho que foi isso. Eu voltei com a banda em 1997 chamando o Murilo pra tocar com a gente, enchendo o saco do Rodrigo e do Nô para que eu pudesse fazer parte e reviver a banda. Antes a gente começou um projeto (na época) meio na pegada do Downset chamado DOS no qual o Murilo, Rodrigo e Nô faziam parte.

Daí eu falei que podíamos tocar com o DF novamente e eles aceitaram. Compus músicas para a banda, fiz diversos shows, mas nunca tive uma responsabilidade total com ela. O DF é uma banda bem séria e rígida que se você der um vacilo, já era. E eu como não levava a banda tão a sério, era bem novo, fui convidado para me retirar algumas vezes (risos). Como eles me amavam eles me chamavam de volta (risos).

Entre idas e vindas eu fiquei de 1997 até 2003. Cara, tive muitas bandas. Take Me, [mono], Undertow, Auria, Os Pedrero,  fiz vários shows com o Audio que era a banda do Giuliano ex-guitarrista do DF. O meu irmão tinha só o Undertow na época, onde tocávamos juntos e é uma banda da mesma época do DF que entre trancos e barrancos existe até hoje.

TMDQA!: Como você vê a cena musical hoje em dia em relação ao que era quando o DF começou a fazer shows, lançar discos e estourar pelo país? Acha que a Internet melhorou ou piorou as coisas para os artistas independentes?

Marcelo: Cara, sinceramente? Gosto dessa cena hoje em dia não. Muito normal, muito igual. Pode ser coisa de saudosista, o que de fato eu sou, mas os anos 90 eram muito, muito melhores e a cena do ES era absurda de foda. Muitas bandas boas. Pelo fato de não ficarmos no eixo RJ-SP tínhamos uma identidade que nenhuma, e eu digo nenhuma mesmo, banda de fora tinha.

A internet tem os prós e contras. Hoje é difícil uma pessoa ouvir um disco inteiro e quando ouve, ouve bem meia boca, não dá um certo valor de quando eu ia comprar um CD, era quase uma conquista de ter aquilo em mãos, conhecer a banda, ver encarte e etc. Hoje é fácil demais né? Não é ruim. Pra banda independente ajudou muito. Hoje em dia muita gente ouve a sua banda em algumas publicações por rede sociais, só que como disse, fica tudo muito massivo, o que resulta da pessoa não dar tanto valor. Às vezes pela velocidade das coisas dá até uma certa preguiça de ouvir a banda. É meio estranho, mas rola isso.

TMDQA!: O EP d’OElefante será lançado de que forma? Haverá versão em disco de vinil?

Marcelo: Vai ser lançado em formato digital e em formato físico  um vinil de 7″.

TMDQA!: Depois do peixe morto, agora o elefante. Alguma fixação especial por animais? (risos)

Marcelo: (Risos) Boa. Pois é, bicho. Meio doido isso né? Ideias de Rodrigo (risos). Seria o Homem Elefante do filme de David Lynch, mas aí já tinha uma banda com esse nome e acho que foi o Rodrigo mesmo que deu a ideia do oelefante. Aí tivemos ideia depois do logo em escrever tudo junto e minúsculo para ter uma identidade visual diferenciada.

TMDQA!: Rolou alguma curiosidade que você possa contar pra gente durante as gravações do EP?

Marcelo: Cara, a parte de composição dos vocais já foi uma grande curiosidade, pois não tínhamos ideia de como os vocais ficariam, já que eu mandava as músicas para o Rodrigo por e-mail, ele colocava os vocais dele em São Paulo mas não mandava de volta. Então, ele chegou sem sabermos como seria o vocal, e nem ele também porque até então a gente nem tinha ensaiado (risos).

Mas quando ele entrou no estúdio trabalhamos como uma banda diferente de tudo que fiz em outras bandas. Com intensidade, participando de ideias, e vendo as músicas terem uma forma que deixava a gente bastante feliz e satisfeito pelo resultado. Rodrigo ficou bem à vontade e fez os vocais com garra , feliz e sem ninguém dando pitaco de como ele deveria fazer. O cara mostrou ali um profissionalismo animal e da forma dele.

TMDQA!: Você tem mais discos que amigos?

Marcelo: (Risos) Com certeza tenho mais discos que amigos. Eu tenho muito disco, você não tem noção (risos) e tenho poucos amigos comparando. Mas os poucos amigos que tenho, são para levar para o resto da vida assim como meus discos. =)