Após o lançamento de Torches, Mark Foster e os membros do Foster The People não tiveram muito tempo para descanso. A banda passou dois anos na estrada, fazendo shows pelo mundo todo e experimentando pela primeira vez como era ser uma banda de sucesso. Assim que a tour acabou, Mark logo embarcou numa viagem, visitando lugares que vão desde a Índia até o Marrocos e, involuntariamente, acabou concebendo os primeiros conceitos que mais tarde viriam formar Supermodel, o segundo álbum da banda.
Supermodel reflete muito bem a evolução de um grupo que ainda não havia encontrado sua “marca.” Apesar do começo do álbum lembrar o primeiro disco, com “Are You What You Want To Be?” trazendo o conhecido ritmo dançante porém datado de Torches, a profundidade musical do disco é notável.
A instrumentalização é o primeiro elemento que merece destaque. A banda deixou de lado os softwares que usava para seus efeitos e passou a usar somente equipamentos analógicos. Guitarras, violões e até diversos tipos de percussão são utilizados, fazendo-se destacar faixas como “Ask Yourself”, “Nevermind” e “Coming Of Age” em um álbum que também explora o alcance da voz de Mark, o que funciona na maioria das vezes e é claramente notado em “The Angelic Welcome Of Mr. Jones”, uma curta faixa que apresenta um coral a la Beach Boys.
O que faz o disco se diferenciar completamente de qualquer trabalho que o grupo já fez são as letras. Diferentemente do que fez em Torches, aqui Mark Foster nos dá uma visão totalmente introspectiva, com letras muito mais sérias. Na verdade, todo o álbum soa como um retrato pessoal, o que se torna bem visível nas faixas “Ask Yourself”, “Goats In Trees” e na emblemática “The Truth”. A música que fecha o disco, “Fire Escape”, marca definitivamente a nova fase do grupo, com Foster cantando sobre os garotos de rua de Los Angeles utilizando apenas violão e voz.
Não é tarefa fácil para qualquer banda conseguir superar seu primeiro álbum (ainda mais um que tenha feito tanto sucesso), mas Supermodel é definitivamente um avanço comparado ao seu predecessor. Diversos elementos inéditos foram experimentados e, quando combinados na medida certa, formam algumas das melhores canções já produzidas pelo trio, como “A Beginner’s Guide to Destroying the Moon”, “Ask Yourself” e “The Truth”.
A nova direção tomada pelo grupo pode não agradar a todos, mas esse não é o objetivo do disco. Como a banda já havia dito, Supermodel não foi feito para ser um álbum perfeito, muito pelo contrário: é um álbum em busca da “verdade.” Mark quis que o disco mostrasse todos os seus defeitos e tudo o que sentiu nos últimos anos e, no meio do caminho, acabou fazendo algo complexo e totalmente incrível.
Nota: 8,5/10