Max Cavalera lançou há algum tempo uma autobiografia chamada My Bloody Roots, que saiu no mundo todo mas só irá começar a ser vendida nos Estados Unidos essa semana.
Aproveitando a oportunidade, o jornal Phoenix New Times conversou com o ex vocalista do Sepultura a respeito do livro, suas motivações e algumas das passagens do mesmo.
Max diz que resolveu lançar o livro porque está completando 30 anos de carreira, de atingir um sonho e construir uma história com muita coisa louca e engraçada no meio.
Algumas passagens da entrevista têm muitas curiosidades interessantes, inclusive sobre a sua saída do Sepultura e a respeito de outras estrelas do rock.
Phoenix New Times: Como foi passar pelos momentos marcantes ao escrever o livro? Como você pensou “eu deveria colocar isso no livro?”
Max Cavalera: Eu irritei muita gente. Eu chamei a ex mulher do Igor de puta. O Paulo Jr. [baixista do Sepultura] não tocou em vários discos. Era a verdade. Muitas pessoas não sabiam. Eu não queria segurar nada. Eu fui verdadeiro. Mesmo sobre meus problemas com álcool e drogas. Eu abusei pra cacete delas. Eu não sei como sobrevivi. Eu tomava, tipo, 25 Vicodins por dia e tomava duas garrafas de vinho para descer. As pessoas deveriam saber dessas merdas. Do começo do Sepultura… eu pulando no palco como um diabo da Tasmânia, normalmente depois de tomar seis doses de vodka e analgésicos, mas eu não estava mal, era combustível para o show. Era difícil abandonar essas coisas. Eu gosto de ficar acabado. Eu nunca teria vomitado no Eddie Vedder, mas vomitei porque eu estava fodido. O mesmo com Lemmy. Eu jamais teria jogado vinho em sua cabeça. Eu estava fodido. Eu nunca faria isso agora – não com o meu atual estado de espírito – mas eu não mudaria nada. Eu queria que o Sepultura tocasse “Orgasmatron”, mas o Lemmy não quis deixar, então eu fiquei puto e na última noite da turnê todos nós subimos ao palco pelados durante a última música do Motorhead com meias nos pênis e estragamos a noite. Lemmy ficou super puto e gritou com a Gloria [esposa de Max e empresária da banda]. Ele disse que a gente nunca daria certo no rock’n’roll, que não éramos profissionais e todas essas merdas. Todos nós demos risada e acho que ganhamos o respeito deles, de certa forma.
Phoenix New Times: Foi terapêutico passar por tudo isso?
Max Cavalera: Foi como uma conversa. Eu queria que fosse fácil de ler. O livro começa em Brixton onde aconteceu meu último show com o Sepultura. Aí voltamos para a minha infância no Brasil. Eu não sabia que era o último show na época, mas foi um jeito explosivo de começar. Foi a ideia do autor, ao invés de fazer cronologicamente. Eu estava no topo do mundo e de repente tudo havia ido embora. Minha banda havia ido embora, meu irmão tinha ido embora, Dana [enteado de Max] tinha acabado de morrer. Dave Grohl fez uma introdução maravilhosa para o livro. Ele conta uma história sobre como comprou um equipamento de som de 50 mil dólares para o seu estúdio, colocou o disco Roots do Sepultura para tocar e o equipamento explodiu. Eu amo essa história. Se seu álbum pode explodir um equipamento de áudio de 50 mil dólares, você está fazendo algo certo. Mike Patton fala coisas muito legais sobre a gente no Brasil. Eu o levei para locais de voodoo no Brasil. Sharon Osbourne fala sobre Dana no livro. A gente estava tocando em Donnington no Monsters Of Rock com Ozzy Osbourne e eles nos colocaram em seu jatinho particular para voltar para casa quando Dana morreu. Foi algo horrível. Estávamos voando para casa no avião de Ozzy porque o filho de Gloria havia morrido. Foi tão escuro. Eu queria dizer algo para Gloria mas as palavras nem saíam da minha boca. Sharon fala sobre como a gente precisava de um amigo na época e ela pôde nos ajudar. Eles não tinham obrigação de fazer nada. Eles poderiam simplesmente ter dito “Sinto muito”, mas nos colocaram em um avião, nos deram dinheiro e um crucifixo para Gloria. Foi maravilhoso. E aí eu fui expulso do Sepultura, foi mais ou menos em Janeiro, fomos convidados para a casa de Ozzy e Sharon para um jantar porque Ozzy queria me motivar para continuar. Eu fui até a casa deles e sentei. Ozzy sentou e falou, “Foda-se eles. Foda-se esses caras. Você precisa levantar da cadeira e fazer algo.” Foi maravilhoso ouvir isso dele e eu precisava. Ele tocou algumas demos do Black Sabbath para mim e eu fiquei maravilhado. Eu nunca imaginei que me encontraria nessa situação. Sabe, se alguém me dissesse, quando eu era criança, que eu estaria conversando com Ozzy, do Black Sabbath, eu jamais acreditaria.
Você pode ler a entrevista na íntegra clicando aqui.
Arrastando nome “para baixo”
No final do ano passado, em outra entrevista, Max disse que a formação atual do Sepultura está “arrastando o nome para baixo.”
Você pode ler clicando aqui.
https://www.youtube.com/watch?v=5uYv5Y8HZnk