O pessoal do Francisco, El Hombre está em estúdio gravando seu primeiro álbum completo, o La Pachanga. Acontece que o tal do estúdio fica no Red Bull Station, espaço inaugurado recentemente no centro de São Paulo e o Tenho Mais Discos Que Amigos! resolveu passar por lá para conferir o que está acontecendo.
Formada pelos irmãos Sebastián e Mateo Piracés com os amigos Andrei Martinez, Juliana Strassacapa, Erin O’Connor e Rafael Gomes, o Francisco, El Hombre acaba de fazer um ano e é nesse clima de celebração que a banda entra em estúdio. Na nossa conversa, nós descobrimos por exemplo que o nome da banda é realmente inspirado em um lendário personagem popular da cultura colombiana (o tal do Francisco realmente existe!), que saía pelas ruas das cidades tocando acordeão e acompanhando as pessoas dançando, fazendo música.
“Nosso nome tem total a ver com ele, porque o Francisco era um viajante que tocava acordeão, cantando o que ele via em cada cidade e viajando por aí tocando e ele era muito bom,” conta Mateo.
A gente sempre se identificou muito com esse cara por causa dessa coisa de sempre viajar pelo mundo, e de tocar, e meio que resgatar um pouco das coisas que a gente aprende de cada lugar. A ideia é interpretá-lo da nossa maneira.
Outra descoberta interessante foi sobre o pior / melhor dia da vida deles, sua chegada ao Chile, para fazer um show, logo após a subida da Cordilheira dos Andes.
“Acho que a maior realização e o maior perrengue aconteceu no mesmo dia. Foi quando a gente estava cruzando os Andes e perdemos o carro,” contou Mateo.
Foi maravilhoso ver todas aquelas montanhas, as paisagens, aquela mistura de cores maravilhosa, são três horas subindo em ziguezague, a gente parou pra tirar foto, foi incrível. Só que aí, no meio dessa emoção toda, nós chegamos na fronteira do Chile, fomos revistados, revistaram o carro, estava tudo perfeito. Aí, depois que nós passamos os guardas voltaram e perguntaram: “Ah, e aquele documento lá da autorização do carro?” – Era um documento, uma breve autorização da família para uso do carro, que não estava no nome deles e que eles, obviamente, não tinham.
Bom, isso mudou o dia inteiro, a gente brigou, discutiu, e realmente descobrimos que a gente não ia conseguir levar o carro, estávamos em território neutro, era ilegal pegar carona ali… a gente andando até certo ponto com o sol caindo, já começando a esfriar, conseguimos uma carona depois de um tempo, chegamos muito atrasados para o show que a gente tinha marcado… foi o caos!
Já o Sebastian acredita que o melhor que a banda tem de experiência nesse tempo todo é o que eles conseguiram fazer não sozinhos, mas a partir deles mesmos:
Uma coisa que foi marcante para todos nós foi perceber que a gente conseguiu chegar nesse estúdio (o Red Bull Station). Nós somos uma banda pequena, de uma cidade do interior, mas nós chegamos até aqui e isso com certeza foi com muito esforço. Acho que isso que é o mais legal, perceber que todo esse trabalho não foi em vão. Porque é muito bacana você crescer dizendo: ‘Olha, eu faço música, eu tenho uma banda, me ouça, me dá um espaço’ e começar a correr atrás desses cantos e perceber que há certos momentos em que você é recompensado, seja com um estúdio, seja com uma turnê atravessando os Andes, enfim, são vários momentos como esse, que te tocam.
Enquanto banda, uma das coisas que as pessoas não percebem muito é a quantidade de coisas que se tem que deixar de lado para lutar pela sua música, por aquilo em que você acredita. Sobre isso, Sebatian desabafa:
Todo mundo aqui largou alguma coisa. Eu terminei uma faculdade, mas nunca fui lá buscar o diploma. O Mateo largou a faculdade, a Ju largou a faculdade, o Andrei vai tentar terminar a dele, o Gomes largou um emprego, a Erin deixou de dar aula… São pouco os que realmente sabem o quanto a gente realmente está arriscando e tudo porque a gente acredita muito nisso. Ver que o seu trabalho não é em vão é muito emocionante.
E a recompensa vem aos poucos, mas está sempre chegando. Um dos destaques da nossa lista de Melhores EPs Nacionais de 2013, o Francisco, El Hombre quer voar mais alto: o La Pachanga vai aprofundar as raízes que o grupo já tem na América, com as experiências coletadas pela banda em suas viagens e a incorporação de novos ritmos brasileiros com os quais a banda ainda não tinha muita familiaridade.
“As nossas músicas novas estão muito mais latinas do que antes,” conta Sebastian.
Musicalmente, nosso primeiro EP é mais rock com uma pegada latina e o novo trabalho traz uma inversão disso, porque ele é mais latino com pitadas de rock. Acaba não perdendo nenhum dos lados da nossa influência, mas acaba mostrando muito mais dessa nossa latinidade.
Na produção do trabalho, Rodrigo Gorky contou um pouco de como conheceu o Francisco, El Hombre e de seus planos para a banda após a gravação do novo trabalho.
Um amigo dos meninos mostrou para o Pedro, meu sócio, as músicas deles, e era um momento em que a gente estava trabalhando com o pessoal da Banda Uó mas a gente queria encontrar alguma coisa diferente. Aí no final do EP deles tinha uma faixa bônus, com as gravações de casa… Aí o Pedro me falou a respeito disso, meio que “Se eles tivesse me mostrado só esse EP, eu ia achar muito legal, mas ouve isso aqui”. Aí ele pegou uma música específica e nós concluímos que ninguém tem potencial de fazer algo tão diferente aqui no Brasil. Eles têm um trabalho muito legal e a gente resolveu que precisava estar envolvido com isso. Aí nós contatamos eles, falamos sobre gravar mais no formato daquela música em específico, e combinamos que a gente precisava começar gravando esse EP novo. Aí a gente vendeu o projeto aqui para o pessoal da Red Bull, eles compraram a ideia e nós estamos aqui.
Depois da gravação no Red Bull Station, o disco ainda vai para mixagem, será finalizado e com certeza trará grandes surpresas. O lançamento está previsto para o segundo semestre e até lá, a gente está numa grande expectativa. Confira na galeria abaixo algumas imagens que fizemos durante a conversa com a banda.
