Cinco filmes que curtimos do In-Edit Brasil

Dá uma olhada na seleção de filmes que a turma do TMDQA! já viu no In-Edit e aproveite para conferir quais deles ainda dá tempo de você ver!

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“A Farra Do Circo”, de Roberto Berliner e Pedro Bronz

Circo-Voador

Integrando os documentários da Competição Nacional, o longa metragem dirigido pela dupla Roberto Berliner e Pedro Bronz, “A Farra Do Circo”, faz jus ao nome escolhido tanto pelo clima festivo dos anos 1980 quanto pela utopia poética que essa fase da história do Circo Voador carrega. As filmagens são exclusivamente da época, com takes antigos e qualidade bastante amadora, recurso que ajuda o telespectador a fazer a transposição à época e sentir-se parte de toda aquela festa em comemoração ao aniversário do primeiro ano da casa.

Antes de ficar conhecida como uma das melhores casas de shows do país, o Circo Voador rodava o Rio de Janeiro com uma estrutura coberta com lona para mostrar sua arte circense, mesclada com música, poesia e artistas de todas as áreas que formavam uma grande família, idealista, sonhadora e militante. Berliner fez o resgate do material que filmou sobre o Circo desde 1982, com a colocação da lona no calçadão do Arpoador até a viagem maluca que eles fizeram em 1986 para a Copa do México. Esse resgate traz imagens completas com shows do Barão Vermelho, Os Paralamas do Sucesso, Caetano Veloso e, entre outros, Astrúbal Trouxe o Trambone, com direito a belos discursos de Regina Casé ainda adolescente.

O principal idealizador do Circo Voador à época e o líder de toda a trupe, Perfeito Fortuna, aparece no vídeo como figura central e carrega consigo todo o discurso dessa geração que serviu como plataforma de lançamento para uma leva de artistas que vieram anos mais tarde entre os grandes nomes da música. Perfeito se mostra como líder de toda a farra, com um discurso anti-capitalista lúcido em busca de espaço para artistas carentes mostrarem sua arte. Um discurso que apesar dos mais de 30 anos passados ainda é atual: a classe artística não conseguiu entrar em sintonia com uma indústria que evidencia e precisa de lucro; o país ainda não é consumidor de cultura de qualidade; a arte ainda é posta em segundo plano.

Diferente da maior parte dos documentários, “A Farra do Circo” não faz conexões com o presente, não há entrevistas com artistas que fizeram parte daquela família nos anos 80. E não é preciso. Ao sentir-se parte da festa, o público também é atingido pelas suas batalhas. O discurso daqueles artistas pode ser percebido na estrutura precária da casa que é mostrada nas imagens, na negação da montagem da lona no Arpoador por parte das autoridades públicas ou na “guerra” que foi a viagem que a trupe fez até o México, em um avião sem segurança alguma, com gente apertada. No final, o espectador conclui que tanto nos anos 80 quanto em 2014 a causa é a mesma, mudaram apenas seus líderes e porta-vozes.

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