Los Campesinos!
Nos primeiros acordes de “As Lucerne / The Low” do recém lançado No Blues, primeira música que o Los Campesinos! executou em território brasileiro, dava para ver que tinha alguma coisa errada. Os sintetizadores da música, parte dominante do início ao fim, não se faziam ouvir. Era a voz de Gareth e a bateria de Jason que davam algum destaque à música. E assim foi por quase a totalidade do espetáculo.
Fazendo um mix de sua discografia, incluindo álbuns completos e EPs, a banda estava muito animada de estar “do outro lado do mundo”, se apresentando no Brasil. Após tocar “Romance Is Boring”, do álbum homônimo, de 2010, Gareth, que já estava distribuindo “obrigados” em português, dirigiu suas primeiras palavras ao público paulista: Eu estou um pouco envergonhado de dizer para vocês que a única coisa que sei falar em português é “obrigado”. Mas eu preciso dizer isso toda vez, porque nós estamos muito felizes de estar aqui. Obrigado!”.
Continuando com “Hello Sadness”, “Death To Los Campesinos!” e “For Flotsan”, cada uma de um disco, não se sabe se por causa da chuva, que ia e voltava, da falta de reconhecimento de boa parte do público ou por causa do som, eles não conseguiam tanta empatia, ainda que sendo a banda mais dedicada naquele palco até o momento.
E não é que Gareth, Neil, Tom, Kim, Rob e Jason não estivessem se esforçando. Os gauleses por minutos se entreolhavam, meio que se perguntando se poderiam fazer alguma coisa para ajustar o que quer que estivesse errado, enquanto se posicionavam com seus instrumentos e interagiam com a plateia. Enquanto isso, quem estava assistindo o show se misturava entre gente que se perguntavam quem eram aqueles moços se apresentando, e outros poucos, espalhados pelo Memorial, cantando e gritando todas as canções, junto com Gareth ou até antes dele, acompanhando os backing vocals de Kim, Rob e Tom.
Não fosse por causa desses fãs que sabiam todas, músicas como “You! Me! Dancing!”, um dos principais singles do grupo, passariam despercebidos, num momento em que por mais que Kim gritasse, não havia ser humano que conseguisse escutar o microfone da ruivinha.
Já na última canção, Gareth fez valer todo o perrengue que os fãs do Los Campesinos! haviam passado até ali para ver a banda de perto. Era “Sweet dreams, Sweet Cheeks” e ele simplesmente se jogou do palco até o público, pulando a barreira de proteção e indo até a metade da galera, que se espremia para simplesmente chegar perto do simpático vocalista, cantar um versinho com ele ou talvez apertar suas bochechas rosadas, para os mais atrevidos. Nesse clima de festa, a banda se despediu agradecendo a oportunidade única de tocar pela primeira vez no país, e ainda mais no mesmo palco que o The Jesus and Mary Chain, que viria logo a seguir.
Setlist