Resenha: 18º Cultura Inglesa Festival

The Jesus and Mary Chain

Não dava para não dizer que esse não era o show mais esperado da noite. Além de contar com o maior público até o momento no Memorial da América Latina, quando Jim e William Reid trouxeram sua banda para o palco, outro benefício estava no ar, mais precisamente no céu: a chuva finalmente havia dado uma trégua. Abrindo os trabalhos com “Snakedriver” do EP Sound of Speed de 1993, a banda deu abertura para outros sucessos e clássicos, fazendo valer o tempo frio.

Desde sua última apresentação no Brasil, em 2008 para o Planeta Terra Festival, pouca coisa mudou. O set teve alguns ajustes, a banda lançou alguns boxes comemorativos e algumas inéditas, mas nada de álbum completo. No show do Cultura Inglesa Festival, tudo parecia correr muito bem, inclusive com o som, até “Blues For a Gun”, primeira vez em que conseguimos notar Jim e companhia incomodados com alguma coisa.

Mas foi em “Sidewalking” que Jim explodiu. Começou a cantar, olhou para Will e simplesmente pediu para parar. Tensão. Aparentemente, seu retorno não estava funcionando e a bateria, de novo, era o instrumento mais audível no palco. Começando de novo e com um pouco mais de precisão, a banda seguiu com a apresentação. “All Things Must Pass”, uma das mais recentes gravações da banda, de 2008, teve acompanhamento de boa parcela dos fãs do memorial, que estavam afiados esperando a apresentação.

Já chegando ao final da apresentação, o primeiro milagre: depois de começar (e interromper. E começar de novo) um dos maiores clássicos de sua carreira, “Happy When It Rains”, era pouco provável ver gente que não percebesse os pequenos pingos de chuva que voltavam, e que aceleravam, à medida em que a canção ganhava corpo em São Paulo. Capas de chuva, jaquetas e chapéus de volta ao corpo, ainda dava tempo de ouvir “Halfway to Crazy” e outro clássico, “Just Like Honey” antes de ouvir um Jim pouco bravo dizer que não sabia mais o que fazer antes de sair do palco, levando a banda consigo.