Entrevista: Sharon Van Etten

A cantora falou sobre seu novo disco, a influência dos ídolos pop e uma possível vinda à América do Sul.

Entrevista: Sharon Van Etten

Entrevista: Sharon Van Etten

Sharon Van Etten é uma cantora norte-americana que vem ganhando bastante projeção desde que Tramp, terceiro disco de sua carreira, lançado em 2012, começou a receber diversas críticas elogiosas e a despertar grande interesse dos admiradores de música alternativa.

Em 27 de Maio, a artista lançou Are We There, seu excelente novo álbum. O trabalho, assim como seu antecessor, também chamou a atenção da crítica e acabou ganhando uma média altíssima no Metacritic, site especializado em reunir resenhas das mais variadas mídias.

É sobre esse registro e alguns outros temas que nós do Tenho Mais Discos Que Amigos! tivemos o imenso prazer de conversar com a artista.

TMDQA!: Oi, Sharon. Antes de qualquer coisa, queria dizer que seu novo disco é maravilhoso e muito comovente. Dito isso, como foi o processo de gravação do álbum?

Sharon Van Etten: Na verdade, foi bem orgânico. Depois que escrevi as canções, eu sabia todo o básico que queria. Eu levei a banda para o estúdio e já sabia a maior parte do que queria tocar. E todas as pessoas que trabalho são muito fáceis de lidar e compreendem a linguagem estranha da minha música. Foi tudo natural.

TMDQA!: Você teve a ajuda de Stewart Lerman na produção do álbum, mas a maior parte você fez sozinha. Como tomou essa decisão?

Sharon Van Etten: Eu queria estar mais no controle. Queria provar para mim mesma que tinha o necessário para guiar os meus amigos e criar um som no qual eu não tivesse que chegar a um consenso. Peguei todas as ferramentas que conheci nos discos anteriores e as apliquei nas novas músicas, no novo espaço e depois deixei as canções viverem no pequeno mundo que criei. Foi difícil, mas eu tive uma experiência incrível. Stewart e eu criamos uma sensação que deixou todos os envolvidos se sentindo confortáveis e acessíveis e isso ajudou no fluxo de ideias de todo mundo, eu acho.

Como as excelentes críticas que você recebeu por Tramp, seu disco anterior, influenciaram em Are We There? Você se sentiu pressionada ou segura o suficiente para dar o próximo passo em sua carreira?

Eu só queria fazer algo diferente. A única pressão que tenho eu aplico em mim para dar um passo adiante, mas a pressão realmente não vem de outra pessoa.

O novo álbum soa muito confessional. Por que a decisão de abrir tanto neste trabalho?

Eu sempre escrevo músicas muito pessoais, mas costumo me distanciar delas até a hora de gravá-las no estúdio. Eu ainda estou vivendo essas canções, então não tenho muita perspectiva. Eu sinto que o produto é muito mais cru porque eu ainda estava em um espaço muito emocional enquanto o seguia.

“Your Love is Killing Me” é uma canção poderosa, épica e dolorosa. Uma das melhores do álbum, na minha opinião. Você poderia nos contar como ela surgiu?

Eu a escrevi quando recebi um ultimato bêbado do meu ex namorado. Eu tinha acabado de ser convidada para abrir os shows de Nick Cave na sua turnê de Março e Abril de 2014, numa época que prometi estar em casa. Eu simplesmente não podia recusar a turnê. Isso significava muito pra mim e eu respeito tanto o Nick Cave, mas ele não conseguiu lidar com isso. Depois disso, foi uma briga constante – o meu relacionamento versus a minha carreira, e ele nunca deixou isso pra lá.

Sendo mulher e artista, como você analisa a presença das mulheres na indústria da música e a influência delas nas adolescentes? Você teve esse tipo de influência quando tinha essa idade?

Eu acho que ter uma influência positiva é uma coisa boa, seja ela masculina ou feminina. Não apoio a imagem que Justin Bieber ou Miley Cyrus estão projetando. Isso não é positivo, é negligente, imprudente e malcriado. Como uma mulher na música, tento não enveredar por esse lado “sexy”, porque isso é a última coisa que as garotas precisam ver e a última coisa que sou. Eu gosto de projetar o “normal” ou o “nerd” ou o “moleque” porque isso é o que sou. Ser honesto sobre quem você é e não se tornar uma caricatura de si mesmo, eu acho que isso significa muito para as pessoas. Liz Phair, PJ Harvey, Sonic Youth, Beck e Pavement foram alguns dos músicos que, ao crescer, me fizeram sentir que estava tudo bem em ser eu mesma.

Sabemos que você está em turnê agora. Existe algum plano de vir à América do Sul?

Espero que eu possa ir aí no próximo ano. Eu nunca fui!

Você tem mais discos que amigos?

Totalmente.

Sharon, muito obrigado por essa entrevista. Existe alguma mensagem que você gostaria de enviar para seus fãs brasileiros?

Muito amor da Van. Estamos dirigindo pela Alemanha a caminho de Colônia, neste momento. Espero encontrá-los em breve.