Zé Ramalho
A empolgação do Palco João Rock, principal da festa, começou mesmo quando um senhorzinho, no alto de seus 65 anos, apareceu por lá, vestindo sua camisa de seda azul celeste e com uma guitarra no braço. Era ele, Zé Ramalho, que já recebia os cumprimentos da galera antes de conseguir alcançar sua posição, frente ao microfone. Com sua versão de “Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores”, de Geraldo Vandré, o músico trouxe a galera do João Rock para repensar suas atitudes, em um período em que protestos têm dominado às ruas de todo o país.
Ovacionado pela galera, Zé Ramalho fez questão de agradecer a presença de todos. É com grande prazer que digo que a gente tá aqui mais uma vez, Zé Ramalho e a Banda Z cantando e tocando pra vocês. Muito obrigado! E emendou “Batendo na Porta do Céu”, versão para o clássico de Bob Dylan.
Unindo os principais sucessos de seus mais de 40 anos de carreira, Zé Ramalho fez o Palco João Rock estremecer com canções como “Táxi Lunar”, “Avôhai”, “Chão de Giz” e “Frevo Mulher”. Aproveitando a empolgação da galera para o homenageado da noite, Raul Seixas, o cantor também incluiu no repertório as canções “Gita” e “Meio da Chuva”, momento em que mal se dava para ouvir a voz do próprio Zé, pois todo mundo cantava junto.
Para finalizar sua passagem pelo João Rock, Zé Ramalho escolheu um conterrâneo para homenagear. Nos primeiros acordes “A Vida do Viajante”, dava para ver que o Nordeste brasileiro estava bem representado: o paraibano Zé colocava em sua voz toda a paixão do pernambucano Luiz Gonzaga e o público respondia à altura: todos cantavam juntos, até os últimos acordes.