Resenha do Vinil: Silva - "Claridão"

Silva já lançou seu novo trabalho, o ótimo Vista Pro Mar e estou a falar do seu primeiro álbum. Sinceramente, quando o passado é de qualidade, ele se torna atemporal, tão presente quanto qualquer outro disco que está sendo lançado exatamente nesse momento. E compor obras a serem encaradas como atemporais em um país musicalmente voltado para a música descartável, para a arte volátil, é sinceramente um trabalho que deve ser admirado.

Claridão é um álbum de 2012, composto por texturas musicais que se entremeiam até formar sólidos climas que nos remetem em muito aos anos 80 com uma nova roupagem do século XXI. O reverb na voz e o uso constante de sintetizadores nos causam uma mistura de retorno ao passado e de estar no presente. As baterias eletrônicas não tentam emular uma bateria real, fazendo seu trabalho de forma única.

POP de uma profundidade ímpar, o disco deve ser ouvido várias vezes para que cada um possa sentir cada música. Há aqui uma grande carga de sentimentos, nas letras, nos timbres, nas sequência de acordes, na interpretação vocal detalhada e que casa como luva nas melodias. Ponha o vinil na vitrola, coloque os fones de ouvido e viaje, saia do mundo real por um pedaço de hora.

As letras por si são um detalhe todo especial do álbum. Escrever em Português é realmente difícil e Silva domina essa arte. “Cansei” é um exemplo de letra interessante. Aparentemente auto-biográfica e que com certeza poderia descrever o sentimento de muitos no mundo atual. “Claridão” soa otimista e leve, das letras ao instrumental, a música cria um clima positivo sem se tornar infantil, sem ser fútil. “2012“, a música de abertura do álbum, traz a criatividade lírica do compositor quando diz: