Resenha: Fernanda Takai no Auditório do Ibirapuera

O sábado de quem esteve no Auditório do Ibirapuera para acompanhar de perto o lançamento do disco Na Medida do Impossível, quarto trabalho solo da cantora Fernanda Takai, ganhou sua dose de beleza e de fofura a partir das 21hs. Com a temática da cultura japonesa, as luzes do palco aos poucos mostravam, ao som dos primeiros acordes, um pouco do que poderia ser chamado de uma releitura da arte do disco: havia uma reprodução de uma árvore japonesa, alguns guarda-chuvas tradicionais pendurados e o figurino de Fernanda, assim como o de toda a banda, era inspirado em kimonos.

Depois de começar com “Partida” e “Como Dizia o Mestre”, a cantora dirigiu suas primeiras palavras ao público:

Boa noite São Paulo. É muito bom receber todos vocês aqui para o lançamento nacional, mundial, intergalático desse disco, que foi feito com muito carinho. Vai ser muito legal passar essa noite desfrutando a doce companhia de vocês.

Devidamente apresentada, se voltou para o violão para tocar “Doce Companhia”, sua versão de “Dulce Compañia”, de Julieta Venegas.

Aos poucos, Fernanda ia conversando mais e mais com o público, falando a respeito das músicas. Bons exemplos dessas interações foram os momentos em que ela explicou a parceria de Marcelo Bonfá na canção “De Um Jeito ou de Outro” ou falou da “inusitada” parceria com Pitty em “Seu Tipo”, nas palavras de Takai: essa parceria foi um negócio que a gente ficava meio “ah, vamos escrever alguma coisa juntas?”… ah, vamos! Mas isso realmente só vai acontecer se uma realmente passar o telefone pra outra ou a outra realmente passar o endereço da casa para a uma e a gente realmente se encontrar pra escrever.

Fugindo um pouco do repertório do disco novo, Fernanda começou a apresentar a banda, dizendo que “as únicas figurinhas repetidas ali” eram ela e o Lulu Camargo (responsável pelos teclados, sanfona e gaita). Ela e Lulu estavam no palco acompanhados por Larissa Horta (baixo e vocais), Lenis Rino (bateria e vocais) e Tiago Borba (guitarra, violões e vocais). Após essa apresentação, músicas de sua carreira solo, as versões para as canções de Nara Leão, e até algumas releituras de canções do Pato Fu e de ídolos de Fernanda ganharam lugar no show.

Entre os momentos mais bonitos da noite é possível elencar a apresentação de “Nada Pra Mim”, segundo Fernanda “uma música muito esquecida no repertório do Pato Fu,” que encaixa bem no meio das canções desse disco novo, e que foi recebida por toda a plateia do auditório com nostalgia.

“Amar como Jesus Amou”, que levou a cantora a apresentar a música como “a mais polêmica do disco, para quem ama e para quem odeia,” e a inclusão da música “De Onde Vens”, de Nelson Mota e Danilo Caymmi que será gravada em breve para um projeto inédito em comemoração aos 70 anos do Nelson Mota também foram belos pontos da noite.

Antes de acabar o show, Fernanda anunciou o final do espetáculo já ouvindo as reclamações do fãs por mais:

Bom, essa é a última música. Quer dizer, essa pode ser a última música. Ah… então tá. Essa não é a última música, mas a gente vai fazer toda aquela coisa de sair um pouco, pra vocês pedirem pra gente voltar e aí a gente volta, tudo bem?

No bis, as músicas escolhidas foram a sua versão de “Com Açúcar, com Afeto” de Chico Buarque e cantada por Nara Leão, “Fui Eu”, de José Augusto e uma música que Fernanda confessou gostar muito, mas que sua apresentação seria algo totalmente inédito:

Eu na verdade nunca toquei essa música assim para tantas pessoas na minha vida. Aliás, eu nunca toquei ela fora do meu quarto, ou do meu estúdio. É uma música que eu gosto desde que eu era jovem e continuo gostando, agora que não sou mais tão jovem, então, é uma música que eu vou gostar pra sempre. E eu queria que a gente terminasse cantando junto, pra ser bem bonito.

O pedido virou uma ordem mesmo para quem não conhecia direito os versinhos de “I Don’t Want to Talk About It”, de Danny Whitten, que virou sucesso na voz de Rod Stewart.

Setlist