Entrevistas

TMDQA! Entrevista: Jesse Leach, do Killswitch Engage

Prestes a voltar ao Brasil com o Killswitch Engage, o vocalista fala sobre o retorno ao grupo, expectativa para os shows por aqui, e a pressão de substituir Howard Jones.

Killswitch Engage

TMDQA! – Como andam as coisas com a banda? Vocês têm viajado pelo mundo todo, não é?

Jesse Leach – Sim, fomos a todos os continentes do planeta com exceção da Antártida no último ano e meio. Tem sido incrível. E estamos muito ansiosos de descer para a América do Sul e tocar, cara.

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TMDQA! – E o que os fãs brasileiros podem aguardar no setlist dos shows por aqui?

JL – Um bom mix de toda a nossa carreira. O único álbum que não estará representado no set é o segundo disco homônimo, de 2009. Ninguém gosta muito desse álbum, então não tocaremos nada dele. Mas fora isso, uma mistura de todo o resto.

TMDQA! – Recentemente, no festival This Is Hardcore [realizado na Filadélfia, no fim de julho], vocês fizeram um set especial somente com músicas gravadas originalmente por você. Como foi essa experiência, tanto para você como para o resto da banda?

JL – Foi muito divertido, cara, muito divertido mesmo. Quisemos fazer um set mais hardcore, e por coincidência as músicas que eu gravei têm mais essa pegada. Acho que é porque eu sou assim, eu sou do hardcore. Eu estava um pouco nervoso, porque nesse meio às vezes as pessoas têm opiniões muito fortes em relação a algumas bandas… Mas foi incrível. Acho que foi um dos melhores shows que já fizemos.

TMDQA! – E tendo crescido dentro do hardcore, como você encara o fato de hoje em dia o Killswitch Engage estar mais associado à cena de metal?

JL – Por mim, tudo bem. Eu cresci ouvindo punk e hardcore, e a banda tem elementos desses estilos no som. Eu a banda crescemos juntos, e acho que o nosso estilo atual combina com o que somos hoje. Você deve estar ciente das suas raízes, do lugar de onde você veio, mas você deve estar aberto para expandir o seu som, sabe? E é o que fizemos ao longo dos anos.

TMDQA! – Mas você também é fã de reggae, certo? Como o reggae te influencia musicalmente?

JL – O reggae influencia um pouco na minha postura vocal, mas principalmente nas minhas letras e por todo o estilo de vida. É bom fazer parte de uma banda de metal e poder ouvir coisas mais tranquilas quando estou fora do palco. Isso me acalma.

TMDQA! – E como você enxerga a evolução do metalcore nos anos em que você esteve afastado do Killswitch Engage? Muitas bandas foram criticadas por fazer uma versão “bunda mole” do som de vocês. Você concorda com isso?

JL – Com certeza. Todo esse gênero chamado metalcore virou uma coisa… Não sei… Genérica. E as coisas são como são; tem gente que gosta de fazer isso, e tem gente que gosta de ouvir isso, e quem sou eu para criticar? Mas com certeza não tem nada a ver com o que eu gosto de escutar. Em qualquer gênero musical, quando algo fica popular, um monte de gente vai atrás para pegar carona no sucesso, e a criatividade se perde. Sempre será assim.

TMDQA! – Você acha que temas políticos e sociais são pouco abordados no rock hoje em dia?

JL – Sim! Com toda certeza (risos)! Chego a ficar triste com isso. Hoje em dia a maioria dos artistas está mais preocupada com as próprias carreiras, em como sobreviver fazendo música, e querem que as pessoas vão aos shows para aproveitar a vida e esquecer os problemas. Se você faz músicas fáceis de se ouvir, os fãs vão aos shows para beber e se divertir. No nosso caso, o Adam é muito animado no palco e fornece esse elemento “divertido”, mas eu acho muito importante passar mensagens interessantes a quem vai nos assistir. Tentamos escrever de um jeito que as pessoas consigam curtir, cantar junto, mas também se preocupar com temas relevantes. Mas no geral, sinto muita falta disso – as bandas que se preocupam com essas coisas não conseguem fazer sucesso hoje em dia.

TMDQA! – Mas por que você acha que isso acontece? Há vinte anos, bandas como Rage Against the Machine eram enormes, e motivos para se decepcionar com a política ou com as questões sociais não faltam.

JL – Acho que as mensagens têm sido diluídas demais. Não quero soar conspiratório, mas acredito que há um sistema de emburrecimento da sociedade, através da mídia ou seja lá o que for. Há protestos e revoluções ocorrendo pelo mundo todo, mas eu não consigo entender porque os músicos não falam sobre isso. Algumas das melhores músicas do nosso tempo abordam temas assim: “What’s Going On” do Marvin Gaye, “Fight The Power” do Public Enemy ou toda a discografia do Rage Against the Machine. Mas a sociedade atual está indo em outra direção, ficando cada vez mais burra. É o que eu acho disso tudo.

TMDQA! – Falando em composição, Muitos fãs elogiam as suas letras no Killswitch Engage. Você geralmente decide o que vai abordar nas letras de antemão ou simplesmente escreve e vê no que dá?

JL – Um pouco dos dois. Às vezes preciso escrever só para expressar algo que estou sentindo naquele momento, mas depois penso em como aquilo pode se encaixar em uma música. Normalmente eu escrevo páginas e páginas de ideias, e depois releio para ver o que me chama atenção.

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