Fotos e resenha: IRA! em Porto Alegre

Em show pra lá de lotado, "a mais gaúcha das bandas paulistas" fez show memorável.

Fotos e resenha: IRA! em Porto Alegre

Fotos por Doni Maciel

Resenha por Paulo James

“Dia 25 de outubro estaremos de volta!” Foi com essa promessa – ou convite – que Nasi encerrou o show que marcou a volta do Ira! a Porto Alegre, depois de sete anos longe dos palcos. Emplacar dois shows no mesmo local, em menos de dois meses, é para poucos:

“O Ira! é a mais gaúcha das bandas paulistas”, decretou o vocalista, antes de emendar “Bebendo Vinho” (Wander Wildner), que logo trouxe à memória “Miss Lexotan 6mg Garota” (Júpiter Maçã), gravadas pela banda durante os anos 90. Menções aos maestros Frank Jorge e Nico Nicolaiewsky fecharam a sessão “We Love Rock Gaúcho”, e a plateia delirou!

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Como amigos que não se falam há muito tempo, a sessão “remember” foi a tônica do show que rolou dia 16 de agosto, sábado, no Auditório Araújo Vianna. Casa lotada, lotadíssima, com gente de fora, e muitos outros que tiveram que voltar pra casa chupando o dedo (daí a imediata confirmação do próximo show na cidade).

Gente de pé nos corredores, na frente do palco, gente de cara porque tinha muita gente de pé nos corredores e na frente do palco, gente pedindo mais pressão no som ou deprê porque acabou a sua cerveja preferida. Mas a imensa maioria curtiu cada momento desse reencontro.

E o Ira! veio com fome e sede de palco. Tocaram nada menos que 26 músicas, sendo que o “bis” foi de nove sons. “Envelheço na Cidade”, “Núcleo Base” e “Dias de Luta” levaram a galera à loucura, assim como canções que ganharam mais popularidade a partir do Acústico (2004), como “Tarde Vazia”, “Eu Quero Sempre Mais” e “O Girassol”.

A turnê Núcleo Base traz um Ira! inegavelmente diferente. É uma turnê de reencontro, de uma banda fazendo as pazes e azeitando a máquina, ainda sem um novo trabalho lançado. “ABCD” foi a única inédita do show, divertida, desencanada, num clima de pub.

No palco, foi possível sentir as presenças indispensáveis de Nasi e Scandurra e as ausências notórias de Gaspa e André Jung. Não é segredo que passaram por poucas e boas, e o fato de terem retornado já é uma vitória. Agora quem segura a cozinha é Evaristo Pádua (bateria) e o filho de Scandurra, Daniel (baixo), com Johnny Boy (teclado) fechando o quinteto.

O cenário simples destaca o que realmente interessa – a banda despojada, sincera, sem frescura ou pirotecnias.

Aliás, é impressionante o apelo do Ira! Não existem mais bandas assim, e dificilmente vamos ver algo parecido num futuro próximo. Criaram hinos para uma geração, às vezes com revolta, às vezes com melancolia, às vezes com esperança. Criaram crônicas de uma juventude lutando nas ruas da cidade grande, superando dias sombrios da ditadura, buscando liberdade e afirmação.

Na finaleira, um Nasi feliz da vida convocou o público pra bater um papo no camarim e a turma respondeu, formando uma fila gigantesca na lateral do auditório. Sabe-se lá que horas terminou esse reencontro festivo dos porto-alegrenses com “a mais gaúcha das bandas paulistas”. Certo mesmo é que em outubro tem mais.

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