De malas prontas para uma série de shows no Brasil nessa semana e na próxima, a banda canadense Current Swell trará ao país suas canções solares. Com uma mistura inusitada de indie, surf music, reggae e rock, a turnê vai divulgar Ulysses, lançado esse ano.
Assim como as canções, falar com os caras também faz você abrir alguns sorrisos. Conversei por telefone com David Lang, um dos vocalistas da banda. Muito simpático e engraçado, David transmite pela voz um clima bom que emana do disco e que os fãs poderão ver ao vivo.
Confira nossa conversa abaixo:
TMDQA: Antes de tudo, parabéns pelo álbum! Está ótimo! Como tem sido a recepção dele nos shows?
Current Swell: Tem sido ótima! E diferente. Sempre levou um tempo para que tivéssemos a sensação que chegou de verdade nas pessoas. É nosso quinto álbum, primeiro por um grande selo… E… Cara, rola uma diferença. As pessoas ouviram as músicas antes. E em escala global. Sentimos que ganhamos muitos fãs novos e isso é ótimo.
TMDQA: Vocês não parecem se adequar num estilo específico. Como vocês definem esse mix de gêneros durante as gravações?
Current Swell: Vou te confessar uma coisa: quando o assunto é música a gente é bem egoísta. Não pensamos mesmo no mercado. Não tem aquela de “se ficarmos nesse estilo vamos fazer uma grana”. Somos sortudos de viver numa época onde os gêneros estão próximos e os artistas têm a liberdade de criar dentro de rock, folk, reggae, tudo ao mesmo tempo.
TMDQA: O novo álbum tem uma sonoridade diferente, não? É mais rock e blues. Com foi a criação dele?
Current Swell: Sim, sim. E foi algo que surgiu naturalmente. Nós separamos as canções que a gente mais gostava e decidimos gravar todas em estúdio, ao vivo, para ver como elas soariam juntas. Trabalhar desde o começo no estúdio, mas tocando, te deixa mais à vontade para testar timbres, com mais reverb e efeitos. Foi isso que deixou o lado mais rock da banda exposto.
Capturou um momento bom nosso, crescendo como pessoas, como músicos. Explorando novos caminhos para as letras, soando um pouco mais pesado…
TMDQA: Vocês tiveram a chance de ser o show de abertura de grandes bandas como o Beach Boys. Essa experiência, de acompanhar esses artistas, mudou em algo o modo como vocês pensam a sua música, as suas apresentações?
Current Swell: Um pouco, mas bem pouco. Foi incrível ver aqueles caras no palco, de cabelos brancos, fazendo o som deles. Mas pra mim, pessoalmente, não afetou tanto. Tinha pouco do que era o Beach Boys no passado, daquela magia.
Teve uma coisa bem engraçada nisso tudo. A gente passou o som e foi pro camarim, para o nosso ritual de pizza e cerveja de quase todo show. Estávamos lá comendo, bebendo e conversando quando aparece um cara… Ele tava olhando pro celular, nem olhou pra nossa cara, e tava com uma roupa mega simples e até meio amassada, usada mesmo. Ele disse: “Pô, caras! Ótimo set! Adorei a última música… Qual o nome dela?”. A gente disse. Ele respondeu repetindo o nome, meio como se não tivesse entendido. A gente achou que fosse alguém que trabalhava no teatro e tal. Aí ele disse “Gravaria essa um dia”. Olha, tem muita gente nesses lugares que tem banda. Aí a gente perguntou “que bacana, você toca o que?”. Aí ele disse: “Eu sou do Beach Boys”.
TMDQA: Não, cara! (risos)
Current Swell: (Risos) Pois é, aí ficou aquele silêncio chato e ele foi embora. Ele nunca nos ligou pra perguntar da música. (Risos). Acho que fizemos merda, cara.
TMDQA: O Brasil curte muito o estilo de música que vocês fazem e sempre é muito receptivo com artistas como Jack Johnson, G. Love e Donavon Frankenreiter. Isso foi uma surpresa para vocês?
Current Swell: Foi’! Cara, foi a maior surpresa das nossas vidas. A gente tocou em um evento chamado Alma Surf e foi incrível. A gente sabia que tinha fãs no Brasil… Principalmente porque sempre tem um brasileiro, onde quer que a gente vá. Vocês aparecem nos lugares mais improváveis, caras. Sempre tem uma bandeirinha.
A gente tava aí, de boa e sem expectativa nenhuma, comendo nossa pizza e bebendo cerveja quando avisaram que era hora do show. Cara, a galera explodiu só com a gente subindo no palco. Era uma cara grande e tinha muita gente. A gente meio que esperava quase ninguém. É quase uma política nossa. Esperar o que for. Se não tiver ninguém, beleza. Se estiver cheio, tudo maravilhoso. A gente ficava um olhando pro outro com cara de “Meu Deus do Céu”. Uns amigos até tiraram fotos dessa nossa cara. Ótima lembrança.
TMDQA: E as expectativas para esses novos shows?
Current Swell: Tentando manter baixas! Vai que não aparece ninguém. (risos) Ouvimos coisas boas dos lugares onde vamos tocar… Você fala de onde?
TMDQA: Do Rio.
Current Swell: Vamos tocar aí no… Cir… Como que eu falo?
TMDQA: Circo Voador. Talvez a melhor casa da cidade.
Current Swell: Sério, cara? Merda, agora estou com expectativas! (risos)
TMDQA: Só pra finalizar, você tem mais discos que amigos?
Current Swell: Muito mais. Eu coleciono vinil! Nunca fui um cara de baixar música… Gosto se sentir ela na mão enquanto ouço, sou old school.