Porão do Rock 2014: veja como foram os dois dias de festival

Festival em Brasília teve nomes como CJ Ramone, Raimundos, Titãs e Ratos de Porão.

Porão do Rock 2014: veja como foram os dois dias de festival

Texto por Daniel Reyntiens

Fotos por Gabriel Soares

Roqueiros de todo Brasil se reuniram na capital federal para conferir a edição 2014 do PDR – o famoso Porão do Rock.

Queridinho dos cabeludos de Brasília, o festival abre espaço para artistas locais ao mesmo tempo em que celebra veteranos da música. Por dois dias de apresentações, 35 bandas passaram pelos três palcos do evento e dessa vez o destaque ficou com as bandas nacionais.

Sábado (30/08)

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O lineup do festival trouxe para o público uma atmosfera de nostalgia – principalmente no sábado (30). Nesse dia foi possível reviver os tempos de MTV Brasil ao ouvir o Supla (Brothers of Brazil) cantar hits como “Garota de Berlim” e “Green Hair a.k.a Japa Girl”, dessa vez, em versão reggae.

Além do papito, João Gordo também deu as caras com o Ratos de Porão. A banda ícone do underground agitou o público de Brasília e comemorou os 30 anos de estrada com todo o vigor do hardcore paulistano.

Um pouco distante de onde acontecia a apresentação do Ratos, rolava no Palco UniCeub o show do Jota Quest. Em clima de festa, os mineiros apresentaram tanto hits antigos quanto músicas do mais recente álbum – Funky Funky Boom Boom.

O maracatu também foi ingrediente dessa salada musical. Ao som dos tambores, chega a vez da Nação Zumbi. O grupo agradou os fãs que esperaram por mais de sete anos o retorno da banda ao Porão do Rock.

Ainda no primeiro dia, André Matos deixou bem claro o seu posto como uma das grandes vozes do Brasil. Quem acompanha a trajetória do maestro teve a oportunidade de relembrar os diversos hits emplacados por ele enquanto esteve à frente do Viper, do Angra e do Shaaman.

Outro ponto alto foi a apresentação do Far From Alaska. Nascida em Natal (RN), a banda ganha cada vez mais notoriedade tanto dentro quanto fora do país com carisma e competência.

Com riffs e timbres muito próprios e que deixaram a plateia hipnotizada, a banda fez um dos melhores shows de todo o festival, e continua prometendo tornar-se um dos nomes mais importantes do país a cada palco em que pisa.

A Pitty encerrou a primeira noite de atividades. Em turnê de divulgação do álbum Setevidas, a artista acumula um repertório crescente de sucessos.

Pitty consegue misturar facilmente lançamentos com as canções que voltam até o disco Admirável Chip Novo. A diversidade de público indica que Priscilla Leone está construindo um trabalho bastante consistente na história da música nacional.

 

Domingo (31/08)

O Titãs fez o melhor show do festival. A banda encantou os fãs e surpreendeu os desavisados. Branco Mello, Tony Bellotto, Sergio Britto e Paulo Miklos (integrantes remanescentes da formação original) entraram no palco usando máscaras de palhaço ao som de pesados riffs de guitarra, ao melhor estilo do clipe para “Fardado”.

A banda mesclou faixas do recém-lançado, e um dos melhores discos do ano, Nheengatu, com hits a la Cabeça Dinossauro. O grupo provou ainda ser capaz de se reinventar após 31 anos de estrada. Ponto para a banda e para o rock brasileiro.

Para abrilhantar a performance do Titãs, ainda rolou a participação de Érika Martins na interpretação da música “Flores”.

Também atração do festival e atualmente em carreira solo, a vocalista da extinta banda Penélope não precisou quebrar o nariz de ninguém pra tocar o som que quis. No repertório, músicas como “Namorinho de Portão” e “Casinha Pequena” ilustraram um show bem fofinho.

Sua performance serviu muito bem para mostrar o mais recente trabalho solo da cantora, Modinhas, que vem sendo divulgado em turnês pelo Brasil e pela Europa, e é uma audição mais do que recomendada. Na bateria da banda de Érika, quem comanda as baquetas é Fred, ex integrante do Raimundos.

Às 20h, subiu ao palco CJ Ramone. O ex baixista dos Ramones pareceu agradar boa parte do público. Hinos do punk como “Blitzkrieg Bop” e “Strength to Endure” agitaram o repertório dele, que foi uma das atrações mais esperadas da noite.

Esperada também era uma das maiores bandas da história de Brasília, o Raimundos.

Conhecendo a cidade e o palco como poucos, Digão, Canisso e companhia tocaram o puteiro no Porão do Rock ao executarem clássicos de toda a carreira e músicas do seu novo disco, Cantigas de Roda, além de contarem com uma série de participações especiais.

A primeira delas foi de Fred, ex baterista da banda que hoje está com Érika Martins e tocou três músicas com a banda. A própria Érika também cantou a canção que gravou em estúdio com o Raimundos, “A Mais Pedida” e também “Mulher de Fases”.

Marcelo D2, outra atração do evento, participou de “Palhas do Coqueiro” e voltou ao final quando a banda fechou a performance em grande estilo com “Puteiro em João Pessoa” e uma série de músicos que estavam por lá, tocando, assistindo ou trabalhando, como era o caso de Alf, ex Rumbora e Raimundos.

Festival

A falta de atrações internacionais foi uma das maiores críticas da edição. Muita gente disse que esperava mais do evento, que já trouxe grupos como Muse (2008), She Wants Revenge (2010), Mark Lanegan e Suicidal Tendencies (ambos em 2013).

Agendar um dos dias do festival para o domingo também machucou o evento. O maior representante desse problema foi o Raimundos. Marcado para começar à 1h da manhã, muita gente que quis ver show teve que ir embora antes mesmo da banda subir ao palco.

É evidente, porém, que o PDR vem evoluindo ao longo das edições. A cada ano que passa, o festival recebe melhor o público com uma estrutura de dar inveja.

Além de menos lixo pelo chão, ficou mais fácil de usar os banheiros e comprar comida. A segurança também passou a sensação de uma maior organização e a aparência dos palcos, com uma caveira ao lado, era simplesmente sensacional.

Agora é esperar e ver o que vai ter de bom em 2015!

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