Colaborou: Thiago Kerzer
Atração brasileira da primeira Overload Music Fest, preparando a vida para mais um disco, colecionadores de vinil… Essa é a banda Labirinto, formada por Erick Cruxen, Felipe Freitas e Luis Naressi nas guitarras e sintetizadores, Muriel Curi na bateria e Ricardo Pereira no contrabaixo. Com quase 10 anos de estrada, os caras promovem sua música pelo Brasil e mundo afora, têm mais discos que amigos, já que fazem questão de lançar os trabalhos neste formato e estão preparando novidades para 2015. Batemos um papo por e-mail com eles a respeito de tudo isso, que você acompanha abaixo.
TMDQA! – Como foi a escolha de se unir para tocar post-rock em um país tão difícil para a música não direcionada para as massas?
Labirinto – Quando começamos o Labirinto, há quase 10 anos, não pensávamos em fazer post rock, mas sim música instrumental e/ou experimental. Nossas referências sempre foram muitas, entre elas, diversas bandas e projetos de post metal/rock, que fomos conhecendo com o tempo. Não existe uma fórmula unívoca para se tocar post rock, devido a abrangência que o estilo possui de referências.
TMDQA – Como é o processo de composição das músicas? Há uma preocupação com o formato de apresentação ao vivo das canções nesse momento?
Labirinto – O processo varia um pouco; há músicas que são pensadas fora do estúdio, e depois levadas para ser lapidadas com toda banda. Outras surgem de ideias, ou “brincadeiras” durante os ensaios. Procuramos tocá-las o máximo possível, inclusive em shows, para podermos amadurecê-las até o momento de gravá-las.
TMDQA – Como é o cenário internacional para uma banda brasileira de post-rock, tendo em vista que vocês fazem muitos trabalhos fora do país?
Labirinto – As bandas de post rock brasileiras são pouco conhecidas no exterior. Em todas as turnês e festivais que tocamos, os gringos sempre nos perguntam sobre projetos de post metal/rock da América do Sul. O pessoal tem muita curiosidade sobre isso. Depois de alguns anos de intercâmbio com bandas, produtores e selos, conquistamos um público muito bacana fora do Brasil.
TMDQA – Vocês costumam lançar seus álbuns em vinil. Há um bom relacionamento dos ouvintes da banda com esse formato? Vocês costumam vender rapidamente seus estoques de álbuns físicos?
Labirinto – Os ouvintes do Labirinto elogiam muito o material que é lançado pela banda, entre eles, os vinis e camisetas. Tal formato é o mais procurado em nossa loja virtual, e nas lojas físicas em que distribuímos. Contudo, a maior parte das vendas acontece em nossas apresentações. Atualmente, dos três vinis que lançamos, as cópias de Anatema (2010/11) estão quase esgotadas; em breve, faremos uma nova tiragem. Ainda temos algumas poucas cópias do Kadjwynh (2012) e do split Labirinto & Thisquietarmy (2013). Todo nosso material estará disponível nos próximos shows da banda, inclusive no Overload Music Fest.
TMDQA – Tudo relacionado à arte visual da banda remete sempre a um esmero muito grande. Há realmente um cuidado especial com essa parte ou a banda apenas encarrega a bons artistas esse trabalho?
Labirinto – Sempre procuramos utilizar diversas formas de expressão cultural como referências em nossa linguagem musical; cinema, literatura, fotografia e artes visuais em geral. Isso se reflete em nossas músicas, arte gráfica dos discos e merchandising, e em nossas apresentações, onde procuramos exibir imagens que “interagem” com que é tocado. Todo conceito, inclusive o estético, é criado por nós mesmos, e se materializa com o auxílio de talentosos artistas que possuem afinidade conosco.
TMDQA – A música da banda é extremamente climática. O reflexo do rock progressivo está presente muitas vezes em suas composições e a banda parece realmente se comportar como uma orquestra. O que um ouvinte deve esperar da Labirinto ao vivo?
Labirinto – Certamente, entre as diversas referências que o labirinto possui, a música clássica e o rock progressivo estão entre elas. Cada apresentação que realizamos é uma história que procurarmos contar. As músicas são tocadas ininterruptamente e com projeções relacionadas a tais composições. Para nós, o show é um momento de transcendência, em que conseguimos nos comunicar de forma mais intensa com o nosso público, e sempre nos dedicamos ao máximo.
TMDQA – Tocar em festivais fora do país é algo que exige do músico: lidar com equipamentos diversos, muitas vezes não podendo reproduzir com fidelidade algumas texturas musicais. Vocês costumam encarar muitas dificuldades na estrada para poder fazer o seu show como ele deve ser?
Labirinto – Por incrível que pareça, conseguimos equipamentos similares aos que usamos no Brasil. Nos EUA, Canadá e Europa é relativamente fácil alugá-los. Os preços são muito mais baixos, com uma maior disponibilidade. As estruturas oferecidas pelas casas de show, de uma forma geral, são muito boas, proporcionando qualidade sonora adequada para a banda e ao público. Sempre planejamos meticulosamente essas turnês, com muito tempo de antecedência. Assim, facilita todo o processo; apesar dos imprevistos e perrengues que podem aparecer a qualquer momento.
TMDQA – Vocês estão em período de preparação de um novo disco. Como conciliam as gravações, ensaios e apresentações?
Labirinto – Pois é, correria e mais correria, mas é muito recompensador. Estamos, no momento, ensaiando para os shows, compondo as músicas para o disco novo, realizando as apresentações e vídeos, e planejando as próximas tours. É sempre complicado conseguir conciliar o tempo pessoal de cada integrante, quando há shows, gravações em vista, e muita atividade para planejar. Mas todos que tocam no Labirinto vivem a banda intensamente, dedicam muito tempo para que consigamos realizar tudo o que nos propomos a fazer, administrando vida pessoal, familia, trabalho com as horas de estúdio e nas turnês. Na verdade, só temos que agradecer, por conseguirmos realizar tais empreitadas.
TMDQA – O que o público pode esperar do novo disco do Labirinto, previsto para 2015?
Labirinto – Novamente, será um disco conceitual, o segundo álbum “cheio”, após vários EPs, singles e coletâneas. As músicas estão sendo muito trabalhadas, com bastante carinho, peso e dedicação. Duas músicas que estarão no disco já podem ser ouvidas no vídeo ao vivo que lançamos recentemente, gravadas no Dissenso Studio, em São Paulo. Em breve, teremos mais novidades por aí.