Sábado – 13 de Setembro
O dia já começou com novidades da cena goiana. A banda Components abriu o segundo dia de evento, as 16 horas, com um rock clássico e direto, mas fugindo de meras cópias de padrões pré estabelecidos. A apresentação contou com momentos animados, como na contagiante “Dreamers of the Day” e duas músicas que não estão no último disco do grupo também foram tocadas: “Motion” e “Friction”. É uma banda interessante de se acompanhar daqui pra frente, os meninos que parecem ser todos irmãos (usam todos o mesmo corte de cabelo, iguaizinhos) têm futuro!
A segunda apresentação foi da banda La Morsa, do interior de Goiás (Anápolis). Com um rock setentista e psicodélico a banda que utiliza muito de efeitos em suas músicas fez uma apresentação com ritmo bem animado. Depois dos “meninos do interior” veio Tati Ribeiro, jovem rapper com voz delicada e batidas fortes em suas músicas, que chamou a atenção do público que parou para conferir um pouco do rap goiano e até foi falar com a artista depois, interessados nas letras das músicas apresentadas.
Depois do rap, o rock voltou aos palcos do Vaca Amarela com a banda The Galo Power. Misturando músicas de álbuns mais antigos e adicionando algumas que estarão no próximo lançamento da banda, o grupo destacou a presença de Ynaiã, ex baterista do Macaco Bong e agora baterista do Boogarins, na organização dos palcos e fez um show explosivo. Ainda estava cedo, mas já havia uma quantidade bacana de público no show dos goianos.
O show da banda Caffeine Lullabies era aguardado de forma curiosa. A banda que ainda não tem material gravado (nem músicas, nem filmagens de show) se apresentou pela segunda vez após um ano inteiro apenas de ensaios, e matou a curiosidade de quem estava presente e queria conhecer o trabalho dos goianos que chamaram a atenção com um projeto de crowdfunding em 2013. Comentando que estavam muito felizes de tocarem no “festival mais onda boa” de goiânia, os (quase) novatos conseguiram um bom público durante a apresentação que contou com um setlist de 8 músicas onde apenas uma faixa do álbum que vem por aí ficou de fora.
Em seguida o som ficou pesado com a banda Mad Matters que apesar de ter tocado cedo e não ter tanta gente no local ainda, realizou um show bem bacana e conseguiu atrair um público que pareceu ter curtido o som do grupo que é uma mistura de Hard e Stoner rock, com riffs bem rápidos e um vocal limpo e melodioso.
Bang Bang Babies apresentou um set longo, com 11 músicas onde mesclaram faixas mais antigas, com as do EP que saiu recentemente e mais um monte de inéditas. O show foi bem enérgico e inesperado e parece ter agradado quem estava no evento prestigiando as bandas desde cedo. O grupo de rap progressivo Boca Seca realizou uma apresentação bem quente. Com muita gente presente no evento a vibração durante as músicas foi geral e os goianos mostraram que nem só de rock vive a cena alternativa, o rap está ganhando cada vez mais força por aqui.
Hell Oh!
Os cariocas da banda Hell Oh! fizeram sua primeira apresentação fora do estado de origem e tiveram uma boa recepção do público. Pra a surpresa do grupo tinha ate algumas pessoas cantando as musicas e quem não conhecia parou para ouvir um pouco do trabalho da banda que conta com um baixo muito bem trabalhado e vocal muito bacana também.
O destaque da banda The Ander’s com certeza foi o tecladista que parecia estar mais empolgado do que qualquer um naquele palco. Com um público consideravelmente grande, o grupo que trabalha com músicas mais tranquilas conseguiu empolgar até mesmo o pessoal da produção do evento, que dançava e cantava junto com a banda no backstage. Inclusive, um dos organizadores (e vocalista da banda Johnny Suxxx n’ the Fucking Boys), João Lucas, fez uma participação especial na apresentação, dividindo os vocais na música “Way In”. Devido ao estilo musical, não foi um show pesado como o vocalista tentou fazer parecer às vezes, mas foi bem dançante, muita gente sabia as letras das músicas e tentava acompanhar o ritmo da banda.
The Anders
Com baixo bem marcado em todas músicas e uma bateria bem trabalhada (e um baterista meio estranho, usando óculos escuros às 22h) a banda Beavers conduziu um show bem agressivo e reuniu um grande público. Desde integrantes de bandas mais pesadas da cidade até o público que foi assistir às bandas de rap, pelo menos por alguns minutos todos pararam para assistir o trio. O grupo interagiu bastante com a platéia e também com a banda que se organizava no outro palco para a próxima apresentação. Hits como “Booty Call” e “Anything that you want” fizeram o público cantar junto.
Mais uma vez o pessoal do Far From Alaska fez um showzaço! Com um estilo de som difícil de definir, logo na introdução fizeram tudo tremer (literalmente). Com um público bem animado e cantando junto durante a maioria das músicas, o grupo abriu a apresentação com os sucessos “Thievery”, “Another Round” e “Dino Vs. Dino” (essa última com uma brincadeira de Emmily, que no final da música deixou sua voz gravada no pedal reproduzindo sozinha enquanto ela andava pelo palco, como se não tivesse cantado em nenhum momento). Os potiguares comentaram que estavam com saudades de tocar em Goiânia com um público tão caloroso e receptivo e, por isso, o último show de divulgação do novo disco da banda foi realizado no Vaca Amarela. Nem os seguranças do evento que costumam ser bem sérios conseguiram se manter parados durante “Greyhound”. As vozes robóticas em “Politiks” chamaram bastante a atenção do público e a música “Monochrome” provocou um projeto de mosh na platéia e foi possível reparar uma Cris muito empolgada quase derrubando uma caixa de som depois de pular de cima do tablado da bateria. O grupo fechou a apresentação com um final que só pode ser definido como um caos orquestrado perfeitamente pela banda.
Far From Alaska
O próximo show foi do grupo Calango Nego, que mistura hip hop com gêneros bem brasileiros. Com um público gigante e bem variado, o grupo contou até com Criolo (que cantaria no dia seguinte) na platéia curtindo a mistura de gêneros que produz um resultado muito bacana. Inesperado e cativante, o show do grupo Passarinhos do Cerrado reuniu um público curioso que dançou animadamente ao ritmo da cultura popular brasileira, com músicas que misturam manifestações nordestinas e também do centro-oeste do país. Utilizando vários instrumentos (pandeiro, cuíca, atabaque, matraca, caixa e mais alguns outros) o grupo não deixou ninguém parado no Jaó Music Hall.
Di Melo começou o show mais tarde do que o previsto, mas contou com um grande público e surpreendeu a todos ao se apresentar com Daniel de Mello (Dj goiano) e outros artistas da cena brasileira como banda de apoio. Sem ensaios prévios, Di Melo comentou que o que estavam fazendo ali era um milagre. Os sucessos “Kilariô” e “A Vida em Seus métodos diz calma” não ficaram de fora da apresentação que ultrapassou bastante o limite de tempo que estava reservado para eles, irritando um pouco ao público.
Di Melo
O power trio Overfuzz fez a penúltima apresentação da noite, trazendo finalmente o rock (bem) pesado que os goianos estão acostumados. Começando pelo sucesso “Turning Your Beauty Into Sickness” o trio animou tanto o público que alguns até se arriscaram em alguns stage diving logo no início da apresentação. Na música “Before The Tragedy”, uma das mais aguardadas pelo público, a corda da guitarra do vocalista, Brunno Veiga, arrebentou. Mas nem isso interrompeu a animação do público e a empolgação da banda, que se mostra muito unida durante as apresentações. Na verdade, enquanto a corda da guitarra era arrumada, uma garrafa de Whisky apareceu nas mãos de Brunno, que resolveu fazer uma gentileza e compartilhou a bebida com o público. As últimas músicas causaram mais alvoroço ainda na platéia. ” You Die Tonight” e “No bliss” fizeram o público todo pular e o mosh foi contínuo até o último segundo de música. O organizador do evento, João Lucas, fez sua segunda participação do dia pulando de cima do palco e participando também da sequência de stage divings, mostrando que o verdadeiro espírito do rock ainda estava por ali.
Overfuzz
A headliner do dia, Flora Matos, iniciou seu show com um pedaço da música mais conhecida pelo público, “Pretim” ( que mais pra frente foi executada na íntegra) e conseguiu manter a animação da galera até as 3 da manhã. O público dançava e cantava animado a cada música, contagiado pelo ritmo envolvente e a voz marcante de Flora.
Comentário – Brunno Veiga (Overfuzz)
Um festival como o Vaca Amarela, que está na 13ª edição está sempre crescendo. Antigamente eram só bandas regionais bem trash mesmo mas ai o evento foi crescendo, adquirindo a presença de bandas mais conhecidas e mais gêneros foram inseridos dentro do alternativo. Hoje em dia o festival está grande porque conseguiu introduzir vários gêneros diferentes dentro de um mesmo local e fazer isso funcionar (que é o mais importante e mais difícil). Temos agora um evento alternativo chamado Vaca Amarela e ponto. São vários estilos e várias galeras que vem prestigiar. Cada banda tem seu público e o público do vizinho.