Curitibana, mas radicada em Los Angeles, nos Estados Unidos, a cantora Samira Winter acaba de lançar seu primeiro EP solo Tudo Azul, que contém quatro canções. Gravado e produzido no Brasil, o trabalho tem produção de Rodrigo Lemos e conta com participações especiais de Pablo Bussetti (Audac) na bateria e nos vocais, e Francisco Bley (Dunas) na guitarra.
Filha de mãe brasileira e pai americano, Samira conta que a música rodeia sua vida desde garota. A partir do dia 16, a cantora vem ao Brasil para uma turnê que deve durar o mês todo e passar por algumas cidades do Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. Em entrevista ao TMDQA!, Samira Winter fala sobre sua relação com a música, sua criação meio brasileira meio americana e seu novo trabalho. Leia abaixo:
TMDQA!: Conta um pouco sobre a sua experiência com a música, de como você se interessou por música até decidir gravar. Como foi?
Samira Winter: Desde criança, sempre senti muito a música na veia! A minha mãe, brasileira, tocava violão (bossa) e o meu pai, americano, tocando punk rock na guitarra. Quando era menor, eu dançava e só com doze anos comecei aprender e violão e escrever canções no meu quarto. Na minha adolescência, curtia muito a sensação íntima, pessoal, de estar no meu quarto escutando música ou escrevendo uma canção – como se fosse um diário. Por muitos anos, as músicas não saiam do meu quarto. Somente quando fui pra faculdade que me senti mais confiante em mostrá-las ao mundo. Estudei em Boston e a cena musical lá me inspirou demais para querer gravar, me apresentar e experimentar com a sonoridade. No meu último ano da faculdade, eu pedi para um amigo me ajudar a gravar umas músicas minhas em inglês e isso se tornou o primeiro EP, Daydreaming, da banda Winter. Depois de lançar o EP, formamos uma banda que atualmente faz shows em Los Angeles e agora estará no Brasil, em turnê pelo Sul e Sudeste. Música é minha maior paixão e procuro sempre estar escutando música nova, indo a shows autorais e encontrar a inspiração para escrever e gravar!
Aqui no Brasil é bastante comum as bandas e cantores fazerem música em inglês. No seu caso é um pouco diferente, você mora fora e canta em português. Por que agora você optou pelo idioma nativo?
No meu caso, eu cresci com ambos idiomas. Meu pai, originalmente de Oklahoma, sempre falava comigo em inglês e minha mãe, Curitibana, em português. Por isso, quando fui escrever música, eu sabia que tinha que escrever em ambas as línguas. Não conseguiria me expressar por completo. Cada uma tem sutilezas lingüísticas e culturais tão diferentes e tão especiais. Foi quando eu me mudei para os Estados Unidos que tive ainda mais necessidade de escrever em português. A saudade, e até um certo re-encantamento com a língua e a música brasileira me inspiraram a compor as músicas do EP Tudo Azul. Esperei ter um bom número de músicas em português para voltar ao Brasil e gravar aqui com a produção do Rodrigo Lemos (Lemoskine/Polexia). Eu queria que esse EP brasileiro fosse inteiramente feito no Brasil: a arte, a produção, a foto, tudo tudo.
Compor é uma necessidade. Acho que eu seria muito deprimida se não pudesse fazer música. E com esses dois mundos – Brasil e Estados Unidos – a música é mais um meio de juntar as duas culturas e tentar entendê-las.
Atualmente, moro em Los Angeles, mas sei que para o resto da minha vida quero escrever em português e fazer shows no Brasil!
O intuito é fazer música para brasileiro ou também há interesse em uma carreira internacional já que está nos Estados Unidos e também canta em inglês por lá?
Nunca tinha pensado nisso, mas naturalmente acabo fazendo música para os dois. Eu moro em Los Angeles e toco ativamente lá, então na maioria das vezes, estou compondo e gravando em inglês. Mas também tento vir para o Brasil pelo menos uma vez por ano para gravar ou tocar pelo país. Eu sinto que sou brasileira e americana, e a minha música é consequência disso.
Quais as suas expectativas em relação à turnê brasileira?
Espero poder conhecer pessoas novas e entender melhor o que está acontecendo musicalmente no Brasil. Às vezes me sinto um pouco por fora por estar morando nos Estados Unidos. Estou bem animada para ouvir as bandas locais. Também estou muito animada para conhecer o Rio Grande do Sul! E ainda por cima, estarei com dois membros da banda que estão vindo de Los Angeles e visitando o Brasil pela primeira vez! Espero poder compartilhar e conectar com o público através das minhas músicas.
Como foi o processo de composição e gravação do seu primeiro EP Tudo Azul?
As músicas do EP foram escritas nos últimos dois anos, com temas como o verão, amor platônico e uma nostalgia pelo Brasil e pela minha infância aqui. As quatro canções eram muito especiais para mim e eu queria que fossem gravadas e produzidas por alguém que tivesse uma visão bastante criativa. Por isso, eu perguntei ao Rodrigo Lemos, um músico e produtor que admiro muito de Curitiba, para ver se teria interesse em gravá-las. Ele topou e assim, fomos imaginando o som do EP. Vim para Curitiba e por uma semana, gravamos no estúdio com participações do Pablo Bussetti (Audac) na bateria e vocais e, na guitarra, o Francisco Bley (Dunas). Trabalhar com o Lemos foi um grande aprendizado. Ele pensava em cada detalhe, experimentava instrumentos diferentes e mantinha uma vibe muito alto astral! Foi uma experiência muito positiva e creio que as faixas consigam refletir pelo menos um pouco dessa vibe!
https://www.youtube.com/watch?v=GGaod78Opk4&feature=youtu..be
O que você destaca como as principais influências musicais na sua carreira e também na composição do disco?
Adoro a estética de guitarras pesadas e sonhadoras com vocais suaves do estilo dream pop, sabe? Diria que as influências para o disco seriam The Breeders, Câmera Obscura, Céu e as influências do Lemos. Gosto de escutar muita música e sempre estou mudando, então atualmente escuto bastante Melody’s Echo Chamber, El Mató A Un Polícia Motorizado e Frankie Cosmos.
Você já viveu em Boston e agora vive em Los Angeles. Quais são as principais diferenças na cena de lá para a de Curitiba, por exemplo, para o artista especificamente? É mais fácil, mais difícil, mais caro produzir, mais barato?
Acho bem mais fácil lá. Geralmente, conseguimos gravar e tocar de graça, e arranjar shows também é um pouco mais fácil. Acho que Los Angeles é mais fácil do que em Boston, e tudo por causa do tamanho da cena. Quando a cidade tem uma cena musical maior, significa que tem mais espaços para shows, mais bandas, mais cultura de ir para shows autorais, etc. Mesmo por ter mais “competição”, acho que tudo fica um pouco mais fácil para o artista quando o público e outros artistas têm o hábito de apoiar a música autoral.
E com relação ao público, existe muita diferença do público brasileiro para o público americano?
Como o público americano tá muito acostumado a ver bandas independentes, a experiência do show não é tão impactante como no Brasil. Aqui, sinto que tenho a possibilidade de me conectar com o público interessado num nível mais profundo. Eu também adoro a energia da noite brasileira, que é bem mais forte do que nos Estados Unidos. Porém, também gosto bastante da atenção e apoio que o público americano dá ao artista. Fica difícil comparar pois cada show é diferente, mas acho que culturalmente falando, o brasileiro tem um comportamento mais animado e festeiro, que pode acabar tornando o show bem mais divertido!
E, para encerrar, Samira Winter tem Mais Discos Que Amigos?
No Brasil com certeza! Tenho bem mais discos que amigos aqui. Quer ser meu amigo? Estou à procura! (risos)
Gostou? Quer ouvir o disco e acompanhar a agenda de shows da cantora? Então ouça abaixo o EP Tudo Azul na íntegra e aproveita e confere aqui na página oficial da Samira Winter no Facebook.