Fotos por Anderson Silva
O show de encerramento da edição de 2014 do excelente Festival Dosol ficou por conta de Pitty. Na última segunda-feira (10), a cantora lotou o Teatro Riachuelo, na capital potiguar, com a turnê de SETEVIDAS, seu disco mais recente.
11 anos se passaram desde o lançamento de Admirável Chip Novo, primeiro álbum da artista, e ela continua relevante e, mais importante, se reinventando. Seu público é formado por adolescentes de hoje e alguns que estavam nessa fase na década passada. Bem antes da apresentação ter início, as filas na porta do local do evento já eram enormes. Jovens histéricos, talvez muitos em seu primeiro show de rock. No transporte público, no caminho para o evento, os fãs faziam coro de músicas novas e dos clássicos da cantora.
Pouco depois do horário marcado, a banda entra no palco e é exibida uma projeção de Pitty falando sobre a simbologia do número 7, conceito por trás de seu novo trabalho. Em seguida, eles já iniciam com o single “SETEVIDAS” e o chão do teatro começa a tremer de tanto que o público pulava. Sem muita conversa, eles emendam “Anacrônico”, “Admirável Chip Novo”, “Semana Que Vem” e os fãs seguem com o coro quase não permitindo que a voz da cantora seja ouvida.
Quando tocam “Deixa Ela Entrar”, talvez por ser bastante nova, a audiência se acalma um pouco para prestar atenção, mas isso não dura muito. Enquanto buscava sua guitarra para tocar “Teto de Vidro”, os fãs faziam coro de “Pitty, eu te amo!” e a rockeira, meio envergonhada, apenas agradece.
Ao perceber, já no primeiro acorde, que a faixa seguinte seria “Memórias”, o público vai ao delírio e segue acompanhando canta palavra proferida na música. Inclusive, cantam junto quando Pitty interrompe a canção e toca “Leaving Babylon”, clássico do Bad Brains.
Após tocar “Um Leão”, ela dedica a faixa “Olho Calmo” ao Martin Mendoça, seu guitarrista que precisou fazer uma cirurgia de urgência e foi substituído por Rafael Almeida. Logo depois de “Pulsos” e “Pouco”, anunciando que era chegada a “hora do karokê”, a cantora toca “Me Adora”, “Equalize” e “Na Sua Estante” e confirma a previsão que fez. Na primeira, canto e o chão tremendo (de novo!) e nas outras duas coro e casais trocando carícias e declarações.
Para finalizar, acompanhada de uma roda de pogo (!), foi a vez “Máscara”, maior hit da carreira da artista. É incrível como a faixa continua atual e é acolhida tanto pelos fãs mais novos quanto o pessoal da velha guarda. Mas o final especial foi preparado com a ótima “Serpente”, mais novo single de Pitty. O público, assim como durante quase toda a apresentação, cantou junto, bateu palmas e estou quase certo que vi até alguns adolescentes lacrimejando um pouquinho. Um final épico para um excelente festival.
Me apropriando das palavras da própria Pitty, é maravilhoso ver um evento de música independente como o Festival Dosol com seus ingressos esgotados, com uma produção impecável e pessoas envolvidas se dedicando inteiramente. É sinal que estamos fazendo as coisas direito. A cena tem que ser alimentada. Vá aos shows da banda da sua cidade, pague o ingresso, compre o EP, compartilhe nas suas mídias sociais. Já passamos do tempo que precisávamos que os grandes nos dissessem o que deveríamos chamar de arte. Agora é a nossa vez.