Além de recebermos os shows do Paul McCartney pelo Brasil e descobrirmos The Endless River, novo do Pink Floyd e um dos responsáveis por impulsionar a venda de discos de vinil na Inglaterra, o mês de novembro também nos fez pensar que algumas colaborações que não aconteceram no passado poderiam ser tudo o que nós, ávidos fãs do rock inglês, poderíamos querer. Depois de descobrir que Bob Dylan quis gravar com os Beatles e com os Rolling Stones, o que poderia ser mais devastador? Descobrir que Beatles e Pink Floyd gravaram a poucos metros de distância um do outro e que este momento da história não tem uma lembrança das bandas efetivamente juntas.
No final dos anos 60, enquanto os Beatles gravaram seu acaloradíssimo Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, o Pink Floyd também estava criando um registro que entraria para a história do rock: seu primeiro disco, The Piper at the Gates of Dawn. Em seu livro Inside Out: A Personal History of Pink Floyd, o baterista do Pink Floyd, Nick Mason, conta que ele e os outros três membros da formação original do Pink Floyd (Syd Barrett, Roger Waters e Richard Wright) estavam gravando seu álbum de estreia na porta do lado dos Beatles, no Abbey Road Studios, em Londres. Mason também conta no livro sobre um momento em específico, em que ele e os outros membros do Pink Floyd assistiram à gravação de “Lovely Rita”.Obviamente, enquanto fãs, a gravação de “Lovely Rita” influenciou o que os caras do Pink Floyd estavam fazendo, especialmente quando se compara a canção dos Beatles com a instrumental “Pow R. Toc H.”.
A musicalidade dos Beatles e a influência que tiveram para o Pink Floyd nunca foi negada, mas descobrir que houve tanta proximidade e imaginar a possibilidade de um registro “informal” ou pensar como uma simples sessão de estúdio pode influenciar uma gama de alterações no primeiro disco da carreira de uma das maiores bandas de todos os tempos, é fascinante. Pensar que “Sgt. Peppers” e “The Piper” foram concebidos tão próximos um do outro, também é demais para se imaginar.