Resenha: Popload Festival (28 e 29 de Novembro)

Segunda edição do Popload em São Paulo reuniu nomes como <strong>Tame Impala</Strong>, <strong>The Lumineers</Strong>, <strong>Metronomy</Strong>, <strong>Cat Power</Strong>, entre outros

Resenha: Popload Festival (28 e 29 de Novembro)

Popload Festival – Primeiro dia

Resenha: Popload Festival (28 e 29 de Novembro)

A primeira noite do Popload Festival começou por volta das 20h com a apresentação da banda australiana Pond, que divide dois integrantes com o Tame Impala, banda que mais tarde fecharia a noite em clima de transe coletivo com a plateia. Mesmo com alguns problemas técnicos de som, o Pond conseguiu fazer uma apresentação razoável. Na frente de um painel colorido que apenas mostrava à plateia um contorno da banda, a psicodelia estava instalada. Com a casa ainda meio cheia, a banda tocou oito canções mesclando algumas de seu último trabalho, Hobo Rocket (2013), como “Whatever Happened To The Million Head Collide”, “Giant Tortoise”, que abriram o show, e “Midnight Mass”, que fechou; com músicas de outros discos como, por exemplo, “Fantastic Explosion of Time” e “You Broke My Cool”, do Beard, Wives, Denim (2012).

Apesar de morna, a apresentação da Pond esquentou o clima para os goianos da Boogarins. A banda, marcada pelo rock psicodélico e pela voz bucólica de Fernando Almeida (Dinho), tem tido repercussão mundial após o lançamento do álbum de estreia As Plantas Que Curam (2013), sendo elogiado por portais como Pitchfork e Stereogum, além da participação em festivais como o Primavera Sound (Barcelona) e o South by SouthWest (Texas).

No fim de “Avalanche”, música que abriu a apresentação, a banda teve um rápido problema com o microfone. “Produção, produção”, gritou o vocalista, insinuando obscenidades com o microfone mudo e arrancando risos da galera. Na sequência, “Lucifernandis” tomou conta da Audio numa cantoria dançante para a qual todos já estavam preparados. Tocando no mesmo palco de algumas de suas influências como o Pond e o próprio Tame Impala, a banda se mostrou bastante empolgada com a apresentação, fazendo longos solos instrumentais durante músicas como “Erre”, “Tempo” e “Doce”, que fechou a apresentação com uma ‘solagem’ de todos os instrumentos em potência máxima. “Obrigado São Paulo, hoje é dia de ver show bom”, disse Fernando, que depois do show se juntou ao público e foi até ‘tietado’ por alguns fãs que pediam fotos e abraços.

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Rodrigo Amarante foi a atração dos casais e fez bonito. O ex-Los Hermanos apresentou as canções de seu primeiro álbum solo, Cavalo, lançado no ano passado. Seu repertório foi apresentado com uma banda americana de apoio, que o músico fez questão de apresentar em tom de brincadeira. “Essa é a banda deliciosa”, disse, chamando cada integrante de um alimento: o baixista de fubá, o guitarrista de rosbife e o baterista de toddynho.

“Nada em Vão” abriu o espetáculo e deu espaço para sua canção em francês “Mon Nom”, base de uma sequência de músicas bastante lentas e românticas. Vieram “O Cometa” e “I´m Ready” que, assim como as anteriores, foi tocada no violão. Na segunda parte do show, Amarante assumiu o piano e tocou “Cavalo” e “Fall Asleep”. Apesar de muito boas, deu uma dispersada no público por serem calmas demais. De volta ao violão, o músico brincou, “Pode acordar agora”, em uma tentativa de trazer o público de volta. Foi em “Evaporar” do Little Joy, banda paralela do músico, que de fato o público voltou. Em seguida veio “Errare Humanum Est”, de Jorge Ben Jor, que contou até com explicação. “Significa ‘Errar é Humano'”, no sentido da pessoa que caminha, o errante, então caminhar, viajar, é humano.” O final do show teve “Hourglass”, a apresentação da banda, a divertida “Maná” e “The Ribbon”, que fechou a apresentação de Amarante.

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Estendendo ainda mais o clima melancólico da noite, Cat Power subiu no Palco Principal do Popload Festival para uma apresentação solo, com a cantora se revezando na guitarra e no piano. Cat Power tocou também no sábado, suprindo o cancelamento do Beirut, que tocaria na segunda noite do evento. A apresentação começou com “Maria”, “Werewolf”, de Michael Hurley, “Great Expectations” e “Fool”. “Essa música é para as mulheres”, anunciou antes de tocar a sofrida “Good Woman”. Após alguns pedidos de desculpas por conta de alguns deslizes na voz e nas notas de sua guitarra, a cantora falou de sua gravidez e foi para traz do piano desabotoar sua calça para então sentar e fazer a segunda parte da apresentação.

No piano, a apresentação parecia ter degringolado de vez. Em dado momento, a execução da cantora competia com o barulho da plateia, que estava toda dispersa, conversando em volume quase superior ao da música. Nem em “Paths of Victory”, do Bob Dylan, foi possível prender o público. A polêmica toda aconteceu na última música do show, “Metal Heart”, quando alguém na plateia gritou um “Fuck You”. Ao contrário do que foi noticiado e também do que pareceu na hora, Cat Power não abandonou de fato o palco, aquele era mesmo o horário combinado de terminar o show. A coincidência causou a polêmica. Claro que ela precisou dizer alguma coisa: “Da última vez que mandaram eu me foder foi um nazista no Tennessee. Que belo jeito de representar o seu povo,” disse educadamente, como um sermão à pessoa desrespeitosa. Tanto não é verdade o abandono do palco que, na sequência ela agradeceu quem estava ali por ela e distribuiu rosas brancas aos fãs.

Apesar do incidente, os fãs da banda se emocionaram com uma apresentação intimista, natural e cheia de emoção.

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Após o intervalo, entre um chopp e um petisco, o público já bastante calibrado se aglomerava na frente do palco para ficar o mais próximo possível do Tame Impala. A banda, sem dúvida fez a apresentação mais consistente da noite, unindo hipsters e pseudo-hippies em uma vibe de psicodelia. O palco escuro da banda emitia apenas ondas de som e, hora e meia, ondas de cores vindas do painel atrás da banda. Era difícil ver Kevin Parker, Dominic Simper, Cam Avery, Jay Watson e Julien Barbagallo no palco. E essa era mesmo a intenção. O espetáculo conseguiu aproximar o público e tornar quase “invisíveis” as barreiras entre público e palco, todos estavam na mesma sintonia, independente do local da casa.

Resenha: Popload Festival (28 e 29 de Novembro)

A banda abriu com uma introdução remixada de “Can You Feel The Love Tonight?”, do Elton John e trilha de O Rei Leão. Na sequência vieram “Why Won´t You Make Up Your Mind?”, “Solitute Is Bliss” e “Sestri Levante”, já tomando conta da loucura de cada um. Objetivo que ficou claro quando o vocalista Kevin Parker disse “Enlouqueça, São Paulo”, antes de tocar “Elephant” com seu riff poderoso.

Os australianos apresentaram um misto de seus dois álbuns, Innerspeaker (2007) e Lonerism (2012), no encerramento de uma turnê de dois anos pelo mundo, sendo essa a terceira vez da banda no Brasil. “Be Above It” veio colada com “Oscilly”, o hit “Mind Mischief”, uma nova versão de “Sestri Levante”, “Half Full Glass of Wine”, “New Jam” e “Apocalypse Dreams”, que encerou a primeira parte do show. A banda voltou para um bis fervoroso e energético com “Auto-Prog III”, “Feels Like We Only Go Backwards” e “Nothing That Has Happened Far Has Been Anything We Could Control”.

PALCO CLUB

Resenha: Popload Festival (28 e 29 de Novembro)

A primeira noite do Popload Festival no Palco Club teve menos público, isso por ser um espaço “secundário” e ser dedicado a nomes brasileiros e internacionais da música eletrônica, com Djs e artistas em ascendência. O espaço se tornou uma pista de dança e, não menos importante, reuniu gente da noite paulista que não dispensa uma badalação por nada.

A dupla brasileria Fatnotronic, formada por Gorky (do Bonde do Rolê) e Phillip A., abriu os trabalhos e trouxe um set que passou pela trap music à deep house, com um pouco de hip hop e rock com explosões de grooves e mashups. Na sequência o baixista do Metronomy (atração principal do dia 29), Dj Ulugbenga trouxe uma mistura mais complexa de estilos e referências, mas agradou quem ali estava.

O que o público queria mesmo ver era a dupla sueca Icona Pop, que incendiou a apresentação em seus primeiros minutos de apresentação. Caroline Hjelt & Aino Jawo lembram um pouco o duo russo TATU, em uma versão mais dançante e menos produzida, principalmente nas referências lésbicas. Em dado momento elas cantaram “Girlfriend”, um dos pontos altos da apresentação.
Foi nesse momento que o público todo começou a esvaziar a pista em direção ao palco principal para ver o Tame Impala, que começaria em instantes. Mesmo com público reduzido, as garotas se mantiveram no mesmo pique e apresentaram um repertório de 16 canções, sendo seu grande single “I Love It” a cereja do bolo, que encerrou a apresentação muito antes da metade do Tame Impala.

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