POPLOAD FESTIVAL – SEGUNDO DIA
A segunda noite do Popload Festival teve uma dedicação especial ao folk-rock, com algumas intervenções de música eletrônica. A noite começou mais cedo, às 19h, e teve Marcelo Jeneci abrindo a programação com um show em homenagem a Luiz Gonzaga. Com o fundo do palco estampando uma foto do rei do baião, Jeneci apresentou principalmente as músicas de seu segundo e mais recente álbum de estúdio De Graça.
A apresentação do multi-instrumentista teve um público escasso, a maioria da pessoas ainda não tinha chegado à Audio Club, o que não prejudicou o desempenho dos músicos no palco. “A Vida é Bélica” foi a primeira execução, em clima dançante e ritmado. Jeneci mostrou ao público suas canções como “Pra Sonhar” e “O Melhor da Vida”. O músico tocou ainda “Vamos Passear de Bicicleta?”, cover de Tim Maia, Cassiano e Hykdon. Jeneci mostrou sua habilidade instrumental e alternou entre o acordeom e os teclados em alguns momentos. A execução contou ainda com “Um de Nós”, “Temporal”, “Pense Duas Vezes”, “Feito Pra Acabar” e um agradecimento ao vocalista do Tame Impala, Kevin Parker.
Na sequência, Cat Power, também conhecida por Chan Marshall, fez sua segunda apresentação no Popload Festival, dessa vez substituindo o Beirut, que cancelou seus shows pela América do Sul “devido a alguns imprevistos”, até agora não explicados pela banda. Com uma bela camiseta do filme Taxi Driver, a cantora repetiu a fórmula do primeiro dia: voz e guitarra, voz e piano, voz e guitarra de novo. Ela parecia bastante abatida e triste, errou diversas vezes e confessou “estar muito pra baixo” e que “não consegue mais fazer música”.
Ela voltou a falar sobre sua gravidez e revelou estar sofrendo abstinência de cigarros e maconha. Ao longo da apresentação a cantora tentou falar ao máximo com o público, que não conseguiu entender quase nada do que foi dito, já que ela falava baixo demais. A impressão era a de que ela estava extremamente desconfortável. Após improvisar alguns versos, disse estar fazendo uma homenagem a Kurt Cobain. Bastante confusa, deu ao público o mesmo show, distribuiu rosas e saiu do palco: foram tantas confissões que pareceu uma sessão se terapia.
Já com a casa lotada, a banda folk de Denver The Lumineers foi ovacionada quando entrou no palco. A banda formada por Wesley Keith Schultz (vocal, guitarra e piano), Jeremiah Caleb Fraites (bateria, percussão, piano, backing vocals, mandolin e glockespiel), Neyla Pekarek (vioconcelo, baixo, backing vocals), Stelth Ulvang (piano, mandolin, acordeon, guitarra, banjo, clarinete, backing vocals), Ben Wahamaki (baixo, guitarra, baixo), veio ao Brasil com a turnê do bem sucedido disco de estreia The Lumineers.
Abrindo o show com “Submarines”, o grupo já ganhou os fãs, todos com as letras das canções na ponta da língua, tanto que em alguns momentos Wesley deixou a cantoria dos refrães por conta do público. “Ain´t Nobody´s Problem”, cover de Sawmill Joe veio na sequência. “Flowers In Your Hair” abriu espaço para um dos grandes momentos da apresentação: o single “Ho Hey” em uníssono, seguido de muitos aplausos.
A banda executou ainda “Classy Girls”, “Subterranean Homesick Blues”, do Bob Dylan, “Dead Sea”, “Slow It Down” e até uma canção nova em dueto do vocalista com Neyla Pekarek ao violoncelo. “Charlie Boy” e um bandolim bonito de ouvir, Schultz se juntou ao baterista Jeremiah e entraram no meio da plateia para duas canções serem executadas em dois palquinhos montados no meio da plateia extasiada. “Darlene” e “Flapper Girl” foram tocadas com os integrantes ‘nos braços do povo’, em um dos momentos já comuns dos shows do Lumineers, onde o público fica ensandecido. Bastante vigoroso, Schultz ainda dá um show à parte tocando sua guitarra e fazendo vários passinhos ritmados com seu instrumento.
O final contou com a grande “Stubborn Love!”, com belos arranjos de violoncelo e backing vocals marcantes de Neyla em “Big Parade”, findando a apresentação, mesmo com os fãs aos berros pela volta do grupo.
O encerramento da edição 2013 do Popload Festival ficou por conta da banda indie britânica Metronomy, na estrada desde 1999. A banda lançou esse ano seu quarto disco da carreira, Love Letter, mas o repertório do show se baseou em músicas de todos os álbuns. Abrindo os trabalhos com “Holiday” e “Radio Ladio”, a pista de dança foi inaugurada na Audio Club, com muita empolgação e público lotando até mesmo os camarotes, cena inédita nessa edição. “Love Letter” foi cantada por todo o público, já dando indícios de que a piração estava apenas no começo.
“Everything Goes My Way” deu o tom ascendente da programação, amplificado com “The Look”, “I´m Aquarius” e “Reservoir”. Com um repertório de 20 canções, o maior da noite, a banda mostrou que os anos os tem feito bem. O quarteto formado por Joseph Mount (vocal, guitarra, teclado), Ana Prior (bateria, backing vocals), Oscar Cas (saxofone, guitarra, teclado) e Gbenga Adelekan (baixo e backin vocal), entrou no palco uniformizado com calça branca, camisa preta e blazer azul marinho, que fez a apresentação mais sincronizada enquanto eles faziam dancinhas ensaiadas e, em alguns momentos, certa “teatralização” em cena, como quando todos os integrantes subiram onde podiam e apontavam para a baterista Ana fazendo seu solo.
A banda tocou também “She Wants”, “Never Wanted”, “Side 2”, “A Thing For Me”. Não por acaso, utilizaram uma referência musical para praticamente todo mundo ali, tanto músicos quanto espectadores: “Here Comes The Sun”, dos Beatles deu uma acalmada nos ânimos para a sequência final: “Heartbreaker”, “Boy Racers”, “Month of Sundays”, “The Bay” e “The Most immaculate Haircut”. Após deixarem o palo para o mise en scène do bis, o público implorou pela volta da banda. Foi quando eles voltaram e botaram a casa abaixo com “You Could Easily Have Me”, uma música instrumental, com todos os instrumentos em destaque e a plateia dando seus últimos passos de dança, ainda mais efusivos. No pós show, o que se via eram as pessoas cantarolando o instrumental ensurdecedor pelos corredores.