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Mac Demarco @ The Forum, Kentish Town
Texto por Sarah Plant
Tradução/adaptação e fotos por Thayná Coimbra
Há uma atmosfera hype em torno dos shows do Mac Demarco: Baquetas enfiadas na bunda, nudez, piadas indecentes. Eu também ouvi que algumas noites atrás ele foi preso em seu próprio show em Santa Barbara por se balançar nas vigas do teto. (Aparentemente quem o prendeu não tinha percebido que era o seu show!) E quando eu chego pra esse show de ingressos esgotados, fica claro a partir da eletricidade que vem da multidão que eu não estou sozinha esperando que as coisas fiquem um pouco embriagadas nesta noite.
As hordas que saíram na chuva para ver Mac Demarco esta noite estavam claramente ansiosas, fast-forwarding a banda de abertura até chegar a verdadeira razão que fez todos estarem ali essa noite: MAC. Quando ele pisa no palco, vestindo seu sorriso banguela de costume, calças largas e um gorro, eu ouvi um cara na frente dizer, “Acabei de gozar.”
A empolgação do público transborda quando Mac abre com a faixa-título de seu mais recente álbum, Salad Days, que me parece um pouco segura, mas a maioria não parece compartilhar este sentimento lambendo cada pedacinho dele em um implacável sing-a-long.
A seguir, sucessivamente, com “The Starts Keep On Calling My Name” e “Boy Blue“, a multidão neste momento está dando muito mais do que está recebendo de Mac. Há muita energia reprimida no ar, e a multidão está desesperada para conseguir um pouco mais de Mac. Diferente do aceno para a multidão, “curtindo” ou “muito obrigado”, o Mac que eu estava esperando parece ter deixado sua doideira fora do palco.
No entanto, o clima é muito gostoso. 2 mil pessoas loucas por Mac cantam todas as músicas. Mac está nos levando avante em seu devaneio nebuloso. O tom é muito relaxado, a iluminação é simples e não há nenhuma pretensão na entrega sem erros da banda. “Passing Out Pieces” é muito orgânica; o guitarrista e o baixista estão descalços; há uma mesa de boteco no palco com cerca de 30 amigos curtindo umas cervejas, e há uma enorme sensação de que você foi convidado pelo Mac em um domingo para sentar-se em suas calças, saborear uma cerveja e se soltar.
Os riffs da guitarra de Mac, junto com o baixo que passeia e a bateria impecável em “Ode to Victory” têm a multidão embalada em sua apresentação. Eles estão prontos para qualquer coisa que ele tem para dar. Mas ainda assim ele não está dando tanto. A multidão não parece importar-se. Eles dão-lhe tudo o que tem; jogam sapatos, flores e pacotes de doces para o palco para fazer Mac responder, o que ele faz. Não posso deixar de mencionar que a gama de falsetes de Mac é surpreendentemente impecável e a tradução de sua música gravada para a música ao vivo é excelente.
“Chamber of Reflection” é incrivelmente bem recebida; um sinal de que os fãs de Mac estão se identificando com seu material ligeiramente mais reflexivo.
Tudo fica um pouco mais embriagado antes de Mac fechar o set. Ele nos convida a “nos sentirmos todos juntos como uma grande família”, com “Still Together“. Mac lança-se no meio da multidão levando-os a loucura e voltando ao palco com um par de seu tênis vans a menos- “os filhos da puta tentaram tirar a porra do meus sapato”!
A volta de Mac ao palco é um soco na cara. Mac e banda retornam sem camisa e prontos pro rock. Se nos sentimos passeando pelo seu som como o baixo delicioso de suas músicas, Mac realmente entorta o ritmo com um cover de peso: “Enter Sandman“, do Metallica, entre uma versão do hino de Top Gun. Tudo muito Louco.
Realmente me senti como se Mac tivesse feito o que estivesse afim no palco. Talvez a gente não tenha visto baquetas na bunda, mas pareceu real, despretensioso, com seu espírito feliz e verdadeiro que vai continuar a afetar o meu humor por muito tempo. Ele pode ter se acalmado um pouco desde sua última turnê, mas todos nós saímos de lá com um grande sorriso-tipo-Mac estampado nas nossas caras.