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Resenha: "Hit and Run" + Entrevista com Girlie Hell

O quarteto goiano formado apenas por garotas lançou em 2014 um compacto vermelho em vinil de 7 polegadas com duas faixas potentes. Confira!

Muitos podem considerar um compacto com apenas duas faixas insuficiente para analisar o trabalho e o talento de uma banda, mas este não é o caso de Hit and Run, da banda goiana Girlie Hell. O grupo, formado apenas por garotas e que está na ativa desde 2007, lançou em 2014 um compacto em vinil vermelho de 7 polegadas, fruto de um financiamento coletivo bem sucedido, e surpreendeu um grande número de pessoas com a qualidade da produção, demonstrando grande crescimento em sua carreira e técnica musical. Além de ser bem interessante visualmente, o compacto conta com uma sonoridade hipnotizante e vocais potentes, dignos de elogios e admiração.

O lado A do disco traz a faixa “Gunpowder“, que é forte e até um pouco inovadora se comparada a outros sons das garotas, mesclando o Hard Rock característico do grupo com algo um pouco mais leve no refrão da música. Aparecem vocais duplos, às vezes bem rasgados e acompanhados de riffs bem pesados, que produzem uma melodia bastante interessante.

O lado B é composto pela faixa “Till The End“, mais agitada que a primeira e também com um peso mais marcante, timbres mais sujos e um vocal que funciona bem do início ao fim, com diversas variações no decorrer da música. O girl power das meninas surpreende e dá um destaque especial à cena atual da música mais pesada vinda de terras goianas.

Nota: 8/10

O Tenho Mais Discos Que Amigos! aproveitou o início do ano para conversar com o quarteto feminino e saber um pouco dos próximos planos, carreira, opiniões e, como sempre, discos e amigos.

TMDQA: O número de bandas de rock em Goiânia não para de crescer, mas é possível observar que a grande participação neste meio é de homens. Como vocês se sentem sendo as principais representantes do rock feminino goiano atualmente? O que acham que poderia ser feito para impulsionar a entrada de mais mulheres neste mercado? Quais bandas femininas do cenário goiano e nacional vocês destacariam atualmente?

Girlie Hell: Pesa um pouco essa responsabilidade da Girlie Hell talvez ser uma das únicas bandas femininas em atividade por aqui. É realmente desanimador percebermos que, em um polo cultural onde surgem tantas bandas de qualidade, ainda temos uma minoria de participação feminina. Não só falando exclusivamente de bandas formadas por mulheres, mas de musicistas em geral. Todo mundo que tenta montar uma banda feminina por aqui se depara com o mesmo problema para encontrar integrantes e isso é preocupante.
Acreditamos que nós, musicistas, temos que assumir essa responsabilidade de talvez ser espelho para que outras garotas possam se interessar por música também. Toda vez que a Girlie Hell sobe em um palco tem a esperança de poder inspirar outras garotas a fazerem o mesmo. É isso que nos faz seguir adiante!
Acompanhamos a cena local e nacional de bandas femininas, sempre que possível. Infelizmente não temos um nome local de banda feminina autoral para citar, mas acompanhamos o trabalho de outras bandas que vêm se destacando na cena nacional: Nervosa, Indiscipline, Melyra e Insana Rock.

TMDQA: A expressão “girl power” é usada frequentemente por vários críticos para falar sobre vocês. Como VOCÊS definiriam esse tal “girl power”?

Girlie Hell: Quando falamos em “girl power”, nesse sentido especifico, estamos falando da força e determinação das mulheres para romper barreiras que nos impedem de alguma forma de fazer ou estar onde queremos. Por mais retrógrado que pareça esse discurso, hoje em dia ainda é difícil uma mulher adentrar territórios que insistem em ser predominantemente machistas, como é caso do rock mais pesado.

TMDQA: Quais são as principais influências da banda?

Girlie Hell: É tudo meio misturado por aqui, temos influências bem diferenciadas e isso também influencia bastante nas composições, mas no geral poderíamos citar atualmente como principais referências: L7, Deftones, Kittie e Mastodon.

TMDQA: Do início da banda para cá é perceptível uma mudança no som de vocês, a Girlie Hell ganhou uma sonoridade mais pesada. A que se deve essa mudança?

Girlie Hell: Foi um amadurecimento natural. Temos quase 7 anos de banda e cada uma de nós mudou bastante nesse período, acreditamos que esse amadurecimento individual afetou também o coletivo e por consequência o som. Pender para uma sonoridade mais pesada na verdade é só um reflexo do momento em que cada uma está, mas isso não impede que no futuro essa sonoridade mude. Queremos manter sempre essa abertura para experimentar coisas novas.

TMDQA: Vocês já adquiriram reconhecimento nacional e frequentemente são citadas como um destaque do rock pesado atualmente. O que vocês destacariam da carreira de vocês até agora?< Girlie Hell: Temos muita história para contar nesses 7 anos de banda, mas 3 passagens definitivamente marcaram a nossa trajetória até aqui: 1 – O show que fizemos em Palmas-TO, no Tendencies Rock (era pra ser o último show da banda, mas foi tão foda que acabou sendo a nossa motivação para continuar). 2 – O lançamento do nosso primeiro álbum, o Get Hard!.
3 –  Abrir a turnê nacional para as suecas do Crucified Barbara.
4 – O lançamento de Hit and Run, nosso compacto vinil.
5 – Fazer a turnê nacional com o projeto Rock na Estrada.

TMDQA: As letras (e melodias) das músicas da Girlie Hell são bem marcantes. No que vocês se inspiram na hora de compor?

Girlie Hell: Sempre buscamos valorizar ao máximo a linha melódica em nossas composições. Já é uma característica da banda mesclar peso e melodia, acreditamos que essa combinação tem rendido bons frutos.
Na hora de compor toda a inspiração é válida, e cada uma se inspira de uma forma diferente. Podemos dizer que todas participam ativamente do processo de composição, mas a parte melódica concentra-se mais na Bullas (vocal). De certa forma isso favoreceu para que se criasse uma identidade própria e marcante nas melodias.
Fora isso a banda em si coloca muito sentimento e verdade naquilo que faz. Esses dois ingredientes são importantíssimos para qualquer “fórmula”.

TMDQA: Quais são os planos da banda para 2015?

Girlie Hell: Queremos dominar o mundo nesse 2015, hahahah! Falando sério, temos tantos planos que o ano vai ser pequeno!
Já temos um single novo, com clipe, que será lançado em meados de Março. Estamos finalizando a gravação de um DVD acústico comemorativo para os 7 anos da banda, que será lançado ainda este ano. Esse DVD vai contar com algumas participações especiais e trazer releituras de músicas nossas, em um formato mais intimista. Nossa intenção é aproveitar esse trabalho e lançar uma série de vídeos para Youtube.
Além dessas novidades possivelmente teremos outras a confirmar, e o full album é uma delas. Já estamos em processo de composição/gravação, mas ainda não sabemos quando será lançado.

TMDQA: O que vocês andam escutando de bandas nacionais (e internacionais também) e sugeririam para prestarmos mais atenção?

Girlie Hell: Acabamos de fazer uma turnê com uma galera foda do Rock na Estrada e super indicamos o trabalho de todas as bandas: Coletivo Sui Generis, Damn Stoned Birds e The Galo Power. Como destaque internacional indicamos a banda feminina Conquer Divide, que está fazendo um som bem diferente e deve lançar seu primeiro álbum este ano. Vale a pena ficar de olho nessas bandas em 2015!

TMDQA: Vocês têm mais discos ou mais amigos?

Girlie Hell: Vixe! Se contar toda a coleção da Fernanda, com certeza temos mais discos haahah!