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Resenha: Grito Rock Goiânia - 2015

Passando por cima de imprevistos climáticos e técnicos, alternativa para o Carnaval goiano se destacou pela introdução de novidades no line-up.

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Segunda Feira (16/02) – Centro Cultural Martim Cererê

De volta aos palcos do Martim Cererê o evento começou novamente com um pequeno atraso, causado ainda pelos reflexos de destruição do temporal do dia anterior. O maior detalhe do dia foi justamente o público, que logo cedo já se encontrava em grande número no local.

A primeira banda a se apresentar foi a The Moltke Sheels, que enfrentou um momento de confusão durante sua apresentação que durou apenas 15 minutos pois houve uma queda de energia e devido ao atraso para o início do evento a banda não pôde continuar sua apresentação depois. Com atitude enérgica e proposta de fazer um som voltado para o bom e velho Rock aliado a inovações e criatividade dos novos tempos, a banda aproveitou o pouco tempo que teve e agradou a um público já consideravelmente grande que assistiu a sua apresentação no evento. O coletivo de rap Clann é goiano, ao pé da letra (literalmente, da letra das músicas). Com composições voltadas para a realidade dos jovens e elementos da sociedade goiana, o grupo iniciou a série de apresentações de rap que ainda estavam por vir no mesmo dia com 4 Mc’s e um Dj, representando muito bem a atual cena de rap goiana.

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Em seguida começou o show da inusitada Heretic, que apresenta influências orientais em suas músicas, com bateria bem pesada e uma leveza ocasional que contrasta na guitarra. É uma sonoridade muito interessante, que não é tão explorada pelo rock goiano e surpreende justamente por se diferenciar dos demais.

Quem subiu depois ao palco foi a rapper Tati Ribeiro, que mescla sua voz delicada com letras mais pesadas e deixa os beats de suas músicas por conta do já renomado dj goiano Daniel de Mello. O público ainda era um pouco escasso, mas quem esteve presente se interessou pelo som da garota e muitos até mesmo já sabiam cantar.

A próxima apresentação foi da banda Dogman, que ainda surpreende pela voz do vocalista que consegue alcançar vocais bem rasgados e cantar afinado ao mesmo tempo. Toda a banda segurou muito bem a apresentação (mesmo enfrentando pequenos problemas técnicos) e lotou o teatro do evento em um horário considerado “cedo” ainda, feito que demonstra o crescimento e reconhecimento da banda na cena local. O calor aumentava à medida que o público também (reflexo ainda do temporal do dia anterior), mas o público não desanimou e se manteve firme e forte na sauna Pyguá do Martim Cererê durante toda a apresentação.

O próximo grupo a se apresentar foi o Gaspar, que trouxe um rap mesclado a elementos do rock (como a guitarra), o que destaca a banda em seu gênero musical criando um rap com peso, com público e com carisma.

Billy Brown e o Magro de Bigodes foi um dos destaques nas novidades apresentadas pelo evento. O duo mato-grossense chamou bastante a atenção devido ao uso de um instrumento “inédito” no cenário musical brasileiro: a guitarra de cocho (uma adaptação da viola de cocho, instrumento tradicional das terras de origem da banda) que produz um som muito interessante e acima de tudo inovador. Sem falar no carisma dos integrantes, que são quase “animadores de público”, usando de clichês para movimentar a plateia que chamam a atenção e não deixam o foco do público se espalhar para além dos palcos em nenhum momento.

Com um baixo de seis cordas, participações especiais e uma inclinação para uma sonoridade de música negra, a banda Ataque Beliz chegou ao Grito Rock com seu rap inovador e recombinou vários ritmos brasileiro com bastante agito e poesia.

Em seguida vieram os argentinos da banda Petit Mort, com distorções pesadas, baixo com forte presença e um vocal feminino que contrasta com todo o peso da banda e ainda é um grande diferencial na música, com grande animação e presença de palco.

Quem veio em seguida foram os goianos da Cherry Devil, que agora conta com a participação do baterista da Overfuzz, Victor Ribeiro, com sua performance insana que adiciona um tempero a mais no já empolgante stoner rock da banda. Outro detalhe que chama a atenção nos shows é a performance da baixista, Camilla Ferreira, que aliada ao vocal de Ewerton Santos e aos riffs do guitarrista conseguem impor bastante emoção até mesmo durante suas composições mais pesadas que incitaram mais uma vez manifestações por parte do público, que cantava junto e se debatia em rodas de hardcore.

O ex baterista da banda também esteve presente na apresentação, chegando a tocar uma das músicas junto com a formação atual. Simultaneamente, acontecia um show bastante aguardado por grande parte do público.

O show da banda Scalene, com a mistura de diversas vertentes do rock e algumas pitadas de experimentalismo, lotou o teatro de pessoas que sabiam cantar todas as músicas e se empolgavam tanto quanto a banda que estava em cima do palco.

Logo em seguida vieram os Beavers, power trio de peso que vem mostrando um maior desenvolvimento ao longo de suas apresentações e desta vez tocou todas suas músicas com bastante peso e um certo destaque para o baterista que se parece ter se desenvolvido bastante nos últimos tempos e também um maior destaque para o baixo na apresentação das músicas.

Já se aproximando da reta final do festival, quem se apresentou em seguida foram os aclamados (e muito aguardados) Hellbenders. Com o peso de sempre, nem as caixas de som conseguiram se manter paradas durante a apresentação da banda, que tremeram durante a execução de um mix de músicas já conhecidas e outras que ainda serão lançadas no próximo disco do grupo (aquele, que foi gravado láaa no Rancho de La Luna no ano passado e já está próximo de ser divulgado). Inclusive, é bom comentar como as novas músicas soam um pouco mais diferentes que o habitual, trabalhando bastante no peso das composições mas também apostando em alguns momentos mais concisos. Vale muito a pena esperar para conferir o disco completo e também as próximas apresentações ao vivo.

Infelizmente um destaque negativo tem que ser feito em relação à segurança do evento. Duas brigas aconteceram em sequência no local durante um intervalo entre as apresentações. Uma foi causada por conflitos de ideias entre um grupo de integrantes de um motoclube da cidade e um garoto e a outra foi provocada por uma discussão entre outros presentes no evento.

A intenção da produção ao realizar um evento deste porte é proporcionar uma boa opção para curtir o carnaval, para conhecer novas bandas, para se divertir. Brigas deveriam passar longe de um evento deste porte e pessoas que tem este tipo de comportamento também. A sugestão que fica é aumentar a atenção das equipes de segurança dos eventos (seja contratando um maior número de seguranças, ou preferencialmente profissionais mais qualificados que intervenham caso uma situação como essa aconteça, não fiquem apenas olhando e pedindo para os brigões pararem).

Que fique claro que a crítica não é de forma alguma para o evento em geral, que teve em sua maioria condutas bem educadas e ótima organização, além de saber lidar com o grande problema do mau tempo, mas sim para a equipe de segurança e para os baderneiros que foram expulsos do evento após o ocorrido (com total razão e apoio dos outros presentes).

Com os ânimos acalmados, quem tomou conta do evento foi o rap de Rico Dalasan, vindo diretamente de SP que animou e fez dançar boa parte do público que esperou até tarde da noite para conferir sua apresentação agitada e contagiante, com um talento surreal e um destaque para a inovação em seu estilo diante do estereótipo do rap brasileiro.

Já na reta final do evento, a banda Aurora Rules subiu ao palco e instaurou o caos durante sua apresentação no teatro/sauna Pyguá. A sintonia e interação entre todos os integrantes do grupo e principalmente o público é impressionante. Com direito a rodas de hardcore, “menção honrosa” à um fã que veio de longe para assistir ao show, público cantando a maior parte das músicas (às vezes até no microfone, que era cedido pelo vocalista da banda) e algumas participações especiais, o show foi um dos mais pesados e animados da noite. O horário já bem adiantado não diminuiu em nada o pique do público que se agitou durante toda a apresentação.

Faroeste foi uma das últimas bandas a se apresentar no festival, com suas letras fortes e diretas, um público interessado e uma sonoridade com batidas mais diferentes, um rap progressivo mesclado a outros gêneros musicais destacando mais uma vez o diferencial do grupo na cena do rap brasileiro.

Mais do que esperada, a banda Far From Alaska subiu ao palco em um clima extremamente quente e executou músicas já essenciais no repertório da banda (como “Thievery”, “Politiks” e “Dino Vs Dino”) além de acalmar os ânimos em alguns breves momentos com passagens instrumentais e elogios ao público goiano (mais uma vez) que sempre os acolhe muito bem.

Para fechar a programação do Grito Rock Goiânia 2015, Don L. demorou bastante para subir ao palco, mas agradou ao público que aguardava pela conclusão do evento com um rap/hip hop cearense mais leve, que inova com letras mais voltadas para o ideal de “ostentação” (?) e evita assuntos habituais do rap como a violência e a pobreza. Explorando elementos do Jazz e do Soul, além de algumas batidas mais pesadas, Don L. produz um som inigualável e conseguiu finalizar de forma exemplar a 9ª Edição de um dos festivais mais importantes da cena brasileira, o Grito Rock 2015.

Confira abaixo uma galeria de fotos que montamos, retratando a apresentação da maioria das bandas do evento:

 

 

 

 

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