Se você tem seus 20 e tantos anos, existe uma possibilidade do Death Cab for Cutie ter feito parte da trilha sonora da sua adolescência. Foi assim com muita gente, inclusive eu.
Acho que dá para ter uma ideia do nervosismo que tive quando me colocaram na linha como simpático Nick Harmer, baixista da banda. O assunto base era o novo disco, o recém-lançado “Kintsugi”, mas consegui arrumar tempo para fazer algumas perguntas de fã.
TMDQA: Esse é o primeiro álbum sem o Walla na banda e produzindo. Isso mudou o processo de criação do álbum? Como foi trabalhar com o Rich (Costey, produtor do disco)?
Death Cab for Cutie: O Walla saiu da banda no estúdio. Na época já tinha muita coisa gravada e o disco quase todo composto, então nessa parte não teve muita diferença. Sobre o Rich… Foi muito diferente. Foi meio renovador, sabe? Todas as bandas no começo da carreira procuram produtores e a gente aqui… (Risos). A gente já tinha pensado antes em fazer algo nesse tipo, mas ainda não tínhamos tido o tempo para pesquisar uma pessoa de confiança para entregar esse trabalho. Foi uma renovação mesmo. Trabalhar com o Rich foi ótimo.
TMDQA: O título do disco se refere a uma arte japonesa que diz que consertar algo faz parte da história daquela coisa. Isso é o que está acontecendo com vocês agora?
Death Cab for Cutie: Acho que sim, por esse momento de mudança. Mas isso sempre esteve com a gente. Acho que funciona como uma metáfora pra vida. Você cresce, se desenvolve e vai acumulando emoções boas e ruins, acumulando cicatrizes. Tudo isso é a sua história. O que você é, é o acúmulo de todas as suas cicatrizes. E isso esteve desde sempre na nossa música. Falamos de corações partidos, de mudanças de vida… Nos pareceu realmente apropriado, não só pelo momento. É um conceito forte.
TMDQA: Quando ouvi vocês pela primeira vez, a banda era algo como uma “promessa indie” e agora vocês tem um álbum #1 da Billboard. Qual foi o momento de virada para vocês? Que sentiram isso crescer? Músicas em séries e filmes foram tão determinantes quanto pareceram?
Death Cab for Cutie: Ótima pergunta! Estamos há tanto tempo na estrada que confesso… Perdemos um pouco a noção, sabe? (Risos). Mas foi algo realmente gradual. A cada dia vamos crescendo um pouco. Quase ninguém via a gente lá no começo e fomos aos poucos subindo degrau por degrau. Confesso que fico feliz por não termos estourado de cara, ser uma dessas bandas que estão tocando num barzinho para 20 pessoas e vão do nada para um palco na frente de 20.000. Deve ser complicado de lidar.
Uma coisa que foi muito importante pra gente, mais que as trilhas, que disseminaram para um público novo, foi o boca-a-boca. Quem ouvia e curtia, indicava para alguém. Isso sim foi algo determinante nesses anos.
TMDQA: O álbum parece mais confessional que o resto da discografia da banda. Vários reviews têm ligado isso ao momento da banda e da vida pessoal de vocês. Isso faz algum sentido?
Death Cab for Cutie: Faz sim! Mas de um modo diferente. Acho que sempre tivemos esse modo confessional, ele só ficava escondido em histórias. Nesse álbum, elas aparecem em primeira pessoa, menos observativo. Não tem como soar mais próximo, mais confessional. A banda passou por coisas, o Ben também. Mas tudo que você passa na vida vai estar no disco, vai estar no palco…
Uma coisa que gosto bastante de ter essas canções com essas histórias é o modo como elas se misturam à vida das pessoas. Elas colocam suas memórias, seus significados e suas emoções ali. Sempre que alguém fala sobre isso com a gente, é bem emocionante.
TMDQA: Não sei se vocês têm noção, mas as pessoas querem muito… Muito mesmo, e há muito tempo, um show de vocês por aqui. É só anunciar um festival que já começam a ventilar boatos e os fãs ficam torcendo para vocês aparecerem no line up. Já rolou alguma conversa de show no Brasil? Existe possibilidade da nova tour passar por aqui?
Death Cab for Cutie: Antes de tudo, mil desculpas! Desculpas mesmo! Sei que estamos na dívida com vocês! (Risos) Temos noção, sim, da galera que espera a gente não só aí no Brasil, mas em outros países da América do Sul. De vez em quando vemos bandeiras pela turnê. (Risos) Mas não estamos falando à toa, cara. Turnê por aí é uma das nossas maiores prioridades agora. Posso te garantir isso. Não consigo te cravar uma data, pois não depende só da gente. Mas o objetivo é pelo ano que vem ou, no mais tardar, começo de 2017 pelo continente todo.
TMDQA: Vocês têm mais discos que amigos?
Death Cab for Cutie: Esse é o nome do site? Que nome sensacional, cara! (Risos) Eu tenho. Tenho muito mais. Tenho muito sério. Claro que amo mais alguns amigos que os discos, mas a quantidade de músicas é bem maior.