Resenha: Modest Mouse - Strangers to Ourselves

Após 8 anos de espera, Modest Mouse lança disco com momentos altos da carreira e canções desastrosas.

Resenha: Modest Mouse - Strangers to Ourselves

Oito anos depois de We Were Dead Before the Ship Even Sank a banda americana de indie rock Modest Mouse tem recebido ótimas críticas de seu novo álbum, Strangers To Ourselves.

Encontrar um fio condutor dentro do álbum é realmente algo que demorou a acontecer comigo, já que a banda aparentemente gosta de sua heterogeneidade musical, mudando drasticamente de uma música para a outra. O imenso degrau entre a densa e melancólica “Strangers to Ourselves”, que abre o disco, e a dançante “Lampshades On Fire”, com seus vocais atravessados, é um dos primeiros espantos para quem não conhece a banda. O contraste rítmico, “timbrístico” e estilístico é aparentemente uma das suas maiores características.

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Em uma busca por entender o conceito musical dos norte americanos, “Shit in Your Cut” é um ponto crucial. Com suas melodias bem arrumadas e realmente interessantes, é um pouco mais palatável para um marinheiro de primeira viagem a forma como Isaac Brock coloca suas linhas vocais nas músicas.

Depois de achar que o entendimento estava me acompanhando, me deparo com “Pistol”. Vocais mais esquisitos ainda que me lembram (não sei porque) rap ou hip hop em uma base repetida em loop o que, juntamente com alguns efeitos, remete muito a uma música eletrônica. Ao meu ver, desastrosa.

A banda soa mais como uma banda em “Ansel” com uma interessante guitarra e engata muito bem em “The ground Walks, with Time in a Box”, uma levada indie que remete suavemente a uma atmosfera oitentista principalmente por sua batida “disco” e as mixagens dos vocais abusando de lindos reverbs.

“Coyotes” é uma espécie de balada indie com violão bem pronunciado e boas linhas de voz. A melodia da música é realmente muito bonita e te leva a perguntar “deus, porque colocar uma música como Pistol num mesmo disco onde há tantas coisas legais?”

Strangers to ourselves não é, definitivamente um disco de uma ouvida. Ao se passar pelas primeiras músicas, percebe-se uma vasta gama de qualidade musical. Se a banda não tivesse anos de estrada eu com certeza diria que essa inconstância é uma característica ligada à falta de maturidade musical. Vejam como exemplo a ótima “Pups to Dust” em contraste com  “Sugar Boats”, a música com levada de circo. As duas são grandes faixas que contrastam. O clima entre as duas é tão discrepante que há uma quebra no feeling do ouvinte.

Em resumo o aguardado novo álbum do Modest Mouse é um ótimo disco com alguns pontos desastrosos. Sugiro aos novos ouvintes que comecem a ouvir o disco pelas músicas do final e escalem o álbum, música por música. Eu mesmo comecei a realmente gostar do disco quando o ouvi dessa forma (sim, isso é uma prática comum minha).

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