Há alguns bons anos, Martin acompanha a cantora Pitty como guitarrista da sua “banda de rock”.
Esse termo, aliás, veio muito em função do projeto Agridoce, fundado pelos dois e voltado ao folk/pop, com o qual ambos lançaram um disco e excursionaram.
De volta aos palcos para divulgar o disco SETEVIDAS, Martin ainda encontrou tempo para um disco solo, chamado Quando um Não Quer, pela Deck.
Conversamos com o músico a respeito do álbum, suas influências, equipamento de palco e estúdio e mais.
Divirta-se!
TMDQA!: Como e quando surgiu a ideia e o conceito para esse disco solo, já que você vinha trabalhando com a Pitty no Agridoce e depois voltou às atenções ao novo disco “SETEVIDAS”?
Martin: Comecei a trabalhar nele bem no hiato entre o fim da turnê do Agridoce e o começo da pré-produção do Setevidas. Entramos no estúdio em dezembro de 2012 com a pretensão de em 12 dias sair com ele pronto, mas não foi o que aconteceu e só consegui acabar tudo quase três anos depois. Boa parte do repertório já existia desde a gravação do Dezenove Vezes Amor [de Martin e Eduardo], em 2010, e sempre tive a intenção de registrar e lançar essas músicas.
TMDQA!: O que significa, para você pessoalmente, lançar um disco solo, depois de se envolver em tantos outros projetos?
Martin: Um mecanismo de afirmação, principalmente como compositor. É uma espécie de terapia botar esse disco na praça pois é o meu repertório que tem o caráter mais pessoal, e talvez seja por isso que não tenha se encaixado em nenhum dos outros projetos do qual fiz parte.
TMDQA!: Você pretende trabalhar esse álbum na estrada com shows solo ou é apenas uma experiência de estúdio mesmo? Como será montada a banda para as performances?
Martin: Pretendo e o formato deve ser parecido com o dos últimos shows solo que fiz, com uma parte mais acústica e outra mais elétrica só que com uma banda mais enxuta, talvez até um power trio. Por conta de (graças a Jah!) a turnê do Setevidas pegar fogo nesse primeiro semestre vou ter que adiar qualquer projeto mais pretensioso, mas quero fazer alguns shows nesse meio tempo.
TMDQA!: Quando você compõe, pensa na música onde deve colocar a sua guitarra ou na linha de guitarra onde deve-se construir uma música ao redor? O que é mais importante na composição?
Martin: A canção é o mais importante, prefiro sempre construir tudo em torno dela mas costumo trabalhar de outras maneiras também, gosto de bolar riffs e levadas e na real, em quantidade, faço muito mais bases que canções. Tive há pouco tempo uma experiência massa colocando música numa letra, em “Boca Aberta” de Pitty, coisa que nunca tinha feito antes.
TMDQA!: Na parte lírica, o que mais te inspira a escrever? Como tem sido o processo de conciliar instrumental e letras em Português, sempre tão difíceis quando o assunto é Rock?
Martin: Costumo ficar sempre restrito ao universo que existe da cabeça pra dentro e tenho uma certa obsessão por relacionamentos, como começam, como terminam e como a gente se lembra deles, é uma esfera de temática bem pessoal e não me vejo escrevendo sobre isso em outro idioma.
TMDQA!: Em seu mais recente trabalho com a Pitty, pudemos ouvir guitarras inspiradas e um uso bem maduro de fuzz (uma espécie de distorção mais comum em álbuns de rock antigo e que tem voltado com força). Conte-nos um pouco a respeito de suas influências como guitarrista.
Martin: As influências são muitas. Curto guitar heroes como Jimi Hendrix, John Frusciante, Jimmy Page, Johnny Marr e Edgard Scandurra, mas piro muito também em anti-heróis da guitarra como o Omar Rodriguez Lopez, Graham Coxon e Neil Young. Antes da técnica impecável vem a boa ideia e todos esses aí são craques nisso.
TMDQA!: Ainda falando na parte de equipamento / pedais / efeitos, como foi a sua abordagem para os equipamentos tanto nesse disco solo quanto no último álbum da Pitty?
Martin: Nesse disco foi bem desencanada, usei pouca coisa de efeitos e quase sempre tenho só uma linha de guitarra geralmente espetada direto no ampli, um Vira Lata da Gato Preto Classics. No Setevidas aconteceu um lance bem doido que foi criar linhas com muita dinâmica e variações, mas foi tudo feito de maneira a tornar possível gravar ao vivo, trocando tudo em tempo real num sapateado insano. Usei bastante coisa mas as estrelas do show foram meu Micro POG, um Electro Harmonix Nano Muff e o rotary simulator RT 20 da Boss.
TMDQA!: Você falou do amplificador da Gato Preto (empresa brasileira que faz amplificadores valvulados à mão) que usa em seus shows. O que mais você gosta de usar não só no palco, mas no estúdio também?
Martin: Ao vivo tenho usado simultaneamente dois amplis que são o Gambá (cabeçote de 30 W da Gato Preto) e um Marshall SLP 1959. Em estúdio também costumo splitar o canal e usar dois ou mais amplificadores diferentes ao mesmo tempo, no Setevidas por exemplo gravei a maioria das bases com o Marshall e um Vox AC30. Gosto muito de usar amplis pequenos pra gravar solos e já gravei várias vezes c/ um Mini Twin da Fender, que é praticamente um ampli de brinquedo.
Foto por Marcos Bacon
TMDQA!: Como você vê o momento atual do rock no Brasil? É senso comum que ele nunca esteve tão bem no underground como nos últimos anos, mas no mainstream é praticamente nulo. O que acha do tema?
Martin: Acredito que estamos vivendo uma retomada e esses momentos costumam começar sempre assim, com um boom do underground que pode acabar alimentando o mainstream com seus expoentes mais “populares”. Acho que esse jogo ainda muda muito no decorrer dos próximos anos. Pessoalmente tô bem otimista, curtindo muito ir pra shows e particularmente vivendo um excelente momento c/ a “Banda Pitty”.
TMDQA!: Que discos, nacionais e internacionais, você tem ouvido ultimamente e te inspiraram?
Martin: Curti muito os discos mais recentes do Vanguart e do Cachorro Grande, ambos são discos de transição e acho esse tipo de registro sempre muito intenso e confessional, rola uma atmosfera corajosa de desapego, renovação e experimentação que é sempre muito inspiradora. Da gringa curti muito o Morning Phase do Beck, o Antemasque e tenho garimpado bastante meus arquivos de gipsy jazz.
TMDQA!: Você tem mais discos que amigos?
Martin: Não. Na real ganhei minha vitrola há pouco tempo e minha nova coleção de discos está só começando, mas pelo andar da carruagem isso vai mudar logo logo 😉
Quando um Não Quer
O novo álbum solo de Martin, Quando um Não Quer, foi lançado pela Deck e já está disponível em lojas e serviços de músicas digitais.
Show de lançamento
No dia 16 de Abril, Martin fará show de lançamento do disco no Da Leoni em São Paulo.
Informações:
- Martin – Lançamento “Quando Um Não Quer”
- Data: 16/04 (quinta-feira)
- Horário: 22h
- Local: Da Leoni (Rua Augusta, 591 – São Paulo – SP)
- Ingressos:
- R$ 20 (nome na lista)
- R$ 30
- R$ 60 (consumíveis)
- www.daleoni.com.br