Em 2000 o Smashing Pumpkins lançou o que seria o seu último álbum, o ótimo MACHINA/The Machines Of God. Usando a desculpa de que estava cansado de disputar com Britney Spears e coisas do tipo, estava claro que Billy Corgan estava tendo muitos problemas com a sua banda e preferia começar uma nova. Em 2003, ainda com seu baterista Jimmy Chamberlin, lançou o primeiro (e único) álbum da Zwan, sua nova banda que não deu certo.
Em uma tentativa de continuar a carreira musical, lançou em 2005 seu álbum solo, TheFutureEmbrace, evidenciando seu lado gótico e usando muitos elementos de música eletrônica.
Billy, sem ter reconhecimento também por esse álbum, resolveu retornar com o Smashing Pumpkins em 2005 com uma banda reformulada (apenas tendo ao seu lado Jimmy Chamberlin). A banda sempre recebeu duras críticas a cada disco lançado após o seu retorno, sendo constantemente comparada a seu próprio passado.
É certo que Billy não pretendia retornar à sonoridade noventista do Smashing Pumpkins e, nos álbuns após o retorno, seu grupo parecia uma banda que estava em busca de uma nova alma. Foi assim com Zeitgeist de 2007, com Oceania de 2012 e em todas as músicas e Eps que foram lançados entre esses discos e o atual Monuments to An Elegy.
A sensação de estar com os pés mais grudados no chão é evidente já na primeira faixa do disco de pouco mais de meia hora de duração. Monuments to an Elegy abre com os sintetizadores de “Tiberius”, uma das melhores músicas do álbum. Para os fãs antigos, como eu, é impossível não fazer comparações com os outros álbuns e aqui percebe-se que Corgan está mais direto, mais lúcido.
“Being Beige” poderia mesmo estar em um dos antigos álbuns da discografia da banda. Com sua linha melódica vocal bem marcante e suave contrastando com as guitarras distorcidas, o sentimento nostálgico se faz presente. E sim, eu acredito que a “nostalgia” seja um dos principais elementos que desenham e desenharam o som do Smashing Pumpkins. É interessante perceber que essa música ficou muito melhor ao vivo quando interpretada no Lollapalooza, onde a banda decidiu não usar pianos e sintetizadores, fazendo uma apresentação bem mais rock.
“Anaise!” nos joga um balde de água fria. Uma música que se inicia com um riff de baixo e uma levada mais encontrados na fase pós 2005 da banda. Novamente aqui a grande quantidade de sintetizadores chega a incomodar. Mas Corgan consegue fazer uma linha de voz realmente muito boa, apesar de parecer um pouco apática. E a performance vocal desse nos discos mais recentes é também um fator interessante a se abordar. Billy aparentemente só canta em sua área de conforto extremo, não força a voz, não berra… falseta para não fazer o agudo. Podemos notar bem isso em “One and All”, outra música que se comportou extremamente bem ao vivo mas que, apesar de sua extrema qualidade, não surpreende no disco.
“Run2me” tem uma introdução que realmente desestimula a continuar. O sequencer do tipo “quero ser The Who” com surdos mergulhados em reverbs soaram patéticos, mas a música, pra quem consegue passar da introdução, não é das piores. Vale lembrar que o baterista responsável pelas baquetas do álbum é a lenda do hard rock Tommy Lee.
Uma espécie de balada repetitiva que flui numa audição seguida do álbum, mas que nunca será um hit. “Drum + Fife” é uma grande música. Figuraria facilmente em um álbum como MACHINA/The Machines of God. Grandes linhas de guitarra, uma interpretação vocal mais inspirada e uma levada contagiante. Corgan acertou até nos sintetizadores nessa música.
“Monuments” novamente nos brinda com os sintetizadores que eu descartaria sem pensar duas vezes. Uma música que corre o risco de receber o título de pior faixa do álbum.
“Dorian” nos transporta para o álbum Adore por conta de sua bateria eletrônica programada e suas guitarras com reverb. Com uma influência forte de rock gótico, a música é uma bela balada, com ótimas linhas vocais.
E finalmente encontramos “Anti-Hero”, que abre com um riff interessante e uma letra que nos deixa sem saber o que estamos ouvindo ao certo. Seria Smashing Pumpkins ou algum artista Teen? Apesar desse ponto, a música tem um ótimo refrão e fecha com qualidade o álbum.
Monuments To An Elegy foi lançado no Brasil pela Hellion Records em CD.