De dentro de sua antiga casa, na região dos Jardins, em São Paulo, Maria Gadú recebia amigos e convidados para o lançamento de seu tão aguardado disco, Guelã. O terceiro álbum de estúdio da cantora começou a ganhar seus primeiros contornos na mesma sala que recebeu pouco mais de 50 convidados para a audição, que aconteceu na chuvosa noite da última Terça feira.
Entre amigos queridos de outros tempos, jornalistas e fãs, estes últimos selecionados pela equipe da Deezer no Twitter, Gadú tirou alguns minutos para falar com a gente sobre o novo disco. Confira.
TMDQA!: Toda a sonoridade desse disco novo, ao que deu para a gente entender pós lançamento de “obloco”, está bem diferente. O que mudou em você na construção desse novo trabalho? O que os fãs vão perceber de mais diferente?
Maria Gadú: Cara, mudou muita coisa. A idade… (risos). Eu acho que tem essa coisa de ter viajado muito, eu descobri muitas coisas incríveis assim, coisa que eu não tinha ouvido ainda, que eu não tinha tido a oportunidade e também não tinha ido buscar, e eu acabei conhecendo de uma forma muito foda, então conhecendo as pessoas que estavam tocando isso. Eu fiquei um tempo fora, a Maíra, que é minha amiga desde 2009 mas a gente ficou um tempo juntas em Paris e a Maíra trouxe muita coisa legal do que tá rolando tanto na África quanto ali na Europa, e aí o meu iPod foi mudando, saca? Eu fui vendo meu iPod mudar com tanta coisa nova… E um Caetano, tinha um Caetano…
TMDQA!: Muito bom um Caetano sempre por ali…
Maria Gadú: Pois é, cara! E foi muito louco que nesses quatro anos uma das coisas que eu mais ouvi foi o Caetano. Dentre todas essas coisas novas que eu vinha ouvindo, novas pra mim, às vezes nem são novas, mas tudo isso foi transformando essa minha maneira de lidar com a música, e essa lacuna de quase quatro anos entre um disco e outro trouxe esse meu interesse pela guitarra, interesse mesmo, eu comecei a estudar, a procurar timbres, colar nos amigos que fazem encontros e conversar, tocar. Isso é o disco, a sonoridade veio desse tour assim, saca?
TMDQA!: E a gente vai perceber uma Gadú nova também nas composições, nas letras?
Maria Gadú: Sim, ele é diferente, ele é mais maduro. Enfim, eu já tenho outra idade, outro posicionamento de vida e de tudo. No primeiro disco eu era moleca também e agora, sei lá, eu estou me sentindo mais velha, eu tô lendo outras coisas, o estilo de vida muda. Os amigos são os mesmos mas todo mundo começa a consumir outras coisas, você fica com outras responsabilidades, isso te abre um outro tipo de vocabulário, inclusive. Isso tudo traz outro tipo de assunto. Eu tenho outras questões hoje em dia.
TMDQA!: E o que você está preparando para a turnê nova para os fãs?
Maria Gadú: Bom, turnê nova, tudo novo! Tudo novo. Banda nova, é outra banda, é uma continuação de mim mesma, só eu que não sou nova porque eu continuo aqui nesse mesmo corpinho (risos). É a mesma pessoa, só que um pouco mais velha, com uma outra visão, é tudo diferente, porque são outras vontades, outros quereres. Banda nova, outra moçada. Meus amigos também de muito tempo, mas outros amigos também de agora.
TMDQA!: Quais foram as principais parcerias para o disco novo?
Maria Gadú: Tem música minha com a Maíra Andrade, que é uma amiga das mais queridas que eu tenho, uma pessoa muito especial, e foi muito importante. Tem música minha com o Maycon Ananias, que já é meu parceiro há um tempão, já tocamos juntos há mais de cinco anos. Tem o James Brian que é um cara que é canadense e mora na Inglaterra, ele produziu a Nelly Furtado o maior tempão, a gente se conheceu em Londres e fizemos uma música… o que mais? Ah, acho que é só! Acho que o resto eu fiquei meio na solidão mesmo. É um disco sozinho, é um disco muito sozinho, eu fiz ele inteiro dentro da minha casa, eu morava aqui..
TMDQA!: Nossa, que legal! Então essa é uma “despedida da casa”?
Maria Gadú: É uma despedida da casa.
TMDQA!: Então vamos aproveitar que a gente tá aqui e me fala: que ambientes desse lugar te trazem mais as referências que têm força nesse disco?
Maria Gadú: A sala! Essa sala… Minha mulher também tá aí, a gente trabalha junto, a gente tá sempre junto, ela é uma pessoa muito legal. E eu, como estava nesse processo, a sala inteira ficava só com os instrumentos e eu ficava o dia inteiro sozinha gravando tudo, tocando tudo. Eu fui produzindo o disco aos poucos, ao longo de um ano e meio assim, cada coisinha. Então, enfim, essa sala sempre foi o meu templo, meu cantinho.
TMDQA!: O que faz dessa uma maneira linda de se despedir desse lugar, não é?
Maria Gadú: Total! Quando eles sugeriram de fazer essa audição, eu falei “ah, se pudesse ser lá em casa, que é onde tudo começou.” Esse é um marco pra mim, eu ter voltado pra São Paulo. Eu morei no Rio muitos anos mas eu quis voltar pra casa. Aí eu voltei pra essa casa maravilhosa onde eu fiz muitos amigos especiais. Então, nada mais bonito, sabe? Eu tô emocionadaça, espero que vocês gostem! (risos)
TMDQA!: E para finalizar, a nossa pergunta de sempre: Você tem mais discos que amigos?
Maria Gadú: Eu absolutamente… (pausa reflexiva) não sei! (risos). Eu tenho muita sorte, cara! Na vida social, assim, eu tenho muitos amigos. E isso é muito bom! Mas eu tenho muitos discos também. Sabe porque é que eu não sei? Porque a maioria dos meus amigos tem discos então fica um pra um na maioria dos casos (risos).
TMDQA!: E a grande maioria dos discos viram grandes amigos também…
Maria Gadú: Exatamente! Então fica meio que elas por elas. Mas eu acho que tenho, acho que eu tenho. A maioria das pessoas que eu curto, mas não conheço, tem isso também! Mas acho que todo mundo tem né? Todo mundo gosta de música!