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Bananada 2015: com novos horizontes, festival reuniu rock, rap, pop e mpb em Goiânia

Veja o que rolou de melhor no festival Bananada 2015, em Goiânia, com Scalene, Criolo, J. Mascis, Karol Conká e muito mais.

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Domingo 17/05 – Palcos Pyguá e Yguá (Centro Cultural Oscar Niemeyer)

É perceptível a grande gama de diferentes públicos presentes no que é compreendido como “cenário alternativo” e é perceptível também o grande número de pessoas que o rap/hip hop anda atraindo para os eventos. Na noite em que Criolo era a atração final em contraste com um dos grandes destaque do rock goiano (Hellbenders) e com direito a duas atrações internacionais na mesma noite, o público se dividiu bem entre o rock e o rap, não deixando nenhuma apresentação vazia e/ou sem animação.

Para iniciar as apresentações, o rap foi o primeiro a aparecer da tarde de domingo, representado pelo goiano Gasper. Para contrastar, a próxima atração foi a banda de stoner/metal Marrero, mostrando toda a força do público do rock presente. Destaque para a voz versátil do vocalista, que funciona tão bem com guturais quanto com partes mais melódicas, atendendo ao pedido incessante de uma maior ‘brutalidade musical’ por parte do público pesado que foi para o CCON no domingo.

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Os primeiros “gringos” do dia foram os garotos do enérgico duo chileno Magaly Fields. Trazendo de volta aos palcos goianos o bom e velho rock que vai direto ao ponto. Com influência perceptível de The Strokes, os garotos conquistaram um novo público que não tinha muita familiaridade com seu som mas apreciou as faixas cheias de atitude que lhes foram apresentadas, com riffs marcantes e bateria forte e ritmada.

Em seguida, finalizando as participações internacionais do festival, veio o duo Caddywhompus que se posiciona de forma peculiar no palco, de lado para a plateia e um de frente para o outro – imersos em seu próprio som – com um showgaze/rock psicodélico unido a sonoridades mais densas e ruidosas voltadas para o progressivo, que coube bem àqueles com os ouvidos abertos a novidades, dispostos a”viajar”, curtir o início da reta final do festival que já estava se aproximando e se preparar para as porradas do rock mais pesado que viriam mais tarde.

Sendo talvez os únicos representantes de uma sonoridade mais tranquila no domingo, o reggae em conjunto com alguns arranjos de blues e rock da banda Maskavo (em sua primeira formação original) entrou no lineup de dia para prestar um tributo ao seu primeiro disco, Maskavo Roots, que completa 20 anos em 2015.

O ritmo começou a ganhar mais peso e intensidade com a banda Garage Fuzz e com o rock nacional de altíssima qualidade dos baianos da Vivendo Do Ócio tendo sucessos como “Silas“, “Radioatividade e “Nostalgia” como pontos alto da apresentação, colocando em foco mais uma vez o alto nível da produção independente atual.

A penúltima atração voltou o foco para o regionalismo do festival (bem menor nesta edição do que em eventos passados) e provou que o público goiano realmente aguarda ansiosamente e dá valor às suas produções de destaque, valorizando o rock característico produzido em vários cantos da cidade.

O peso da apresentação dos garotos da Hellbenders fez algumas das únicas rodas de HC se alastrarem pelo público presente – trazendo de volta um pouco dos primórdios underground do público do Bananada- , hipnotizaram as milhares de pessoas presentes no local e destruíram com pedradas como as já conhecidas “Hurricane” “Brand New Fear” e “No Thinking” além de novidades no repertório, como “Going Berserk” e “Bloodshed Around“. Foi uma apresentação de altíssima qualidade, animada, pesada e marcante, digna de ser atração de encerramento do festival, gerando ainda mais de ansiedade para ouvir na íntegra o disco gravado pelos garotos no Rancho de La Luna. Se a noite acabasse por ali, grande parte do público presente já iria embora satisfeita.

Mas o grande encerramento do festival não parou por aí. O rapper Criolo, que cativa cada vez mais seu público goiano durante as apresentações que faz na cidade, impressionou dessa vez por um destaque na reprodução de suas novas composições, contando com inesperados solos de guitarra durante o show, uma participação instrumental forte e vários momentos de descontração e reflexão durante a apresentação (típico de seu discurso repleto de críticas sociais).

Além da divulgação de seu trabalho mais recente, com faixas como “Convoque seu Buda“, “Cartão de Visita” e “Duas de Cinco“, Criolo cedeu espaço também para músicas mais antigas em seu repertório, aquelas que não perderam sua força com o tempo e o surgimento das novas produções do artista (que mostraram ter sido muito bem aceitas) e continuam comovendo, como: “Não existe amor em SP” (que contou com um protesto silencioso encabeçado por Criolo contra o preconceito e a violência), “Subirusdoistiozin” “Grajauex” e “Sucrilhos“.

O show do rapper finalizou a 17ª edição do Festival Bananada com uma verdadeira ode à música e à cultura brasileira, aos ritmos tradicionais, ao samba e às contagiantes batidas da música negra. Isso sem falar na humildade do artista, que deu destaque a todo o trabalho e trabalhadores por trás de sua apresentação fechando com a linda “Ainda há Tempo“, não esquecendo também da desenvoltura de Dj DanDan que segurou muito bem o ânimo da galera durante toda a apresentação ao lado do artista principal da noite, responsável por segurar 10 mil pessoas atentas aos últimos minutos do festival.

 

MAGALY FIELDS

Os chilenos do duo Magaly Fields, se apresentaram no Bananada e já estão se preparando para uma apresentação no Primavera Pro (festival internacional que acontece em paralelo ao Primavera Sound) e contaram para o TMDQA! – em uma mistura de inglês e espanhol – as expectativas para este novo passo em suas carreiras: “Nós temos expectativas realmente altas. Vai ser nosso segundo festival internacional, o primeiro já está sendo aqui no Bananada! Estamos muito felizes por podermos nos apresentar lá e estamos contentes por ter a oportunidade de conviver com vários músicos de diversas partes do mundo que também vão se apresentar neste tipo de festival.”

Ainda sobre o contato com outras bandas, os garotos ressaltaram a importância do intercâmbio cultural que o Bananada proporciona para os artistas participantes, comentando que conseguiram encontrar e conversar com muitas pessoas de diversas bandas diferentes, produtores e “gente que realmente trabalha com a música, que são contatos importantes que podemos precisar futuramente em várias situações”, em suas próprias palavras. Quando indagados sobre novos projetos, o duo disse que estão focados na produção de um novo álbum e querem viajar pelo máximo de lugares possíveis em turnê, destacando a vontade de voltarem para o Brasil e encontrarem os novos amigos que fizeram, além de absorverem mais influências como fizeram na breve estadia por aqui.

 

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