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Resenha: Lia Paris - Lia Paris

Em seu primeiro álbum, Lia Paris explora a suavidade de sua voz em composições próprias e em grandes parcerias, e entrega um disco gostoso de se ouvir, do início ao fim.

Lia Paris_CD

Nascida e criada em um ambiente de incentivo às artes e sendo ela própria circense, modelo, e vivido a experiência de bandas de soul music, tocado grandes baladas francesas e até punk rock, não ia ser difícil dizer que, hora ou outra, Lia Paris surgiria em uma carreira solo no mínimo promissora.

A cantora e compositora de 29 anos lançou em Maio seu primeiro disco solo, autointitulado e autobiográfico. O trabalho independente, de 13 faixas, foi lançado graças a financiamento coletivo apoiado por fãs e amigos e conta com parcerias de Marcelo Jeneci (“A Estrada”, “Subentendido” “Wild Boy”) e de Samuel Rosa, do Skank (“Foguete”), além da produção e do olho clínico de Carlos Eduardo Miranda.

Esse time de peso provavelmente já desperta alguma curiosidade aos novos ouvintes. Mas é nas primeiras batidas eletrônicas de “A Estrada” misturada à suave voz de Lia, que a simplicidade do pop eletrônico e a marcação desenhada, combinadas à voz da cantora, garantem a simpatia que vai acompanhar os ouvintes até o fim do disco. “Foguete”, também já mencionada parceria com Samuel Rosa, tem um tecladinho que lembra as grandes canções do pop rock setentista brasileiro, com tons cosmonautas na letra, o que lembra algumas canções do Cosmotron, disco de 2003 da banda de Rosa. A grande diferença, no caso da canção de Paris, é a presença dos sintetizadores, que fazem a música ganhar corpo em seu refrão, criando uma harmonia dançante.

Não é porque é acompanhada de grandes nomes do pop nacional que Lia deixou de trabalhar sozinha. Entre suas composições sem parcerias, é possível destacar “Anzol”, em que a lembrança dos primeiros discos da Luiza Possi aparece como um sinal, “Seu Jardim”, canção em sintonia com a Jovem Guarda das musas DianaWanderléia, “Dissonantes”synth-pop com cara de festa oitentista, “Tempo”groove cheio de ritmo com uma mensagem de otimismo para espantar o mal olhado e “Por do Sol”, composta pela cantora aos 10 anos de idade e que ganhou um ukulele na construção de uma das melodias mais marcantes do trabalho.

“Wild Boy”, outra parceria com Jeneci, é uma das 3 faixas que já eram conhecidas dos seguidores da cantora, pois acompanhada de “Sua Constelação” “Azul e Flores” formavam o EP lançado por Paris no ano passado. A faixa ganhou inclusive um clipe na época, gravado em NovaYork e dirigido por Lee Peterkin.

As histórias contadas por Lia nas 13 faixas do disco são comuns a muitas pessoas. São histórias de quem já viveu grandes amores, de quem busca esquecê-los ou revivê-los, de quem vê forças na vida para seguir sonhando, de quem trabalha duro e acredita que no futuro todo vai dar certo.

Tudo isso vem acompanhado de referências do melhor do que o pop nacional pode oferecer, capitaneados pela mão de Miranda. A sintonia de Lia Paris com seu tempo e sua dimensão artística apontam: guarde esse nome, pois você ainda vai ouvi-lo algumas vezes.

https://www.youtube.com/watch?v=RH2ohY95ij4