Lançamentos

Resenha: Best Coast - California Nights

Terceiro disco da banda foi lançado em Maio de 2015 via Harvest Records.

Resenha: Best Coast - California Nights
Resenha: Best Coast – California Nights

“Em Los Angeles, há uma escuridão que você não enxerga se não souber onde olhar”. Essas são algumas das palavras que Bethany Cosentino, vocalista da dupla californiana Best Coast, usou para definir seu mais novo álbum de estúdio, California Nights, o terceiro da banda, lançado em Maio desse ano pela Harvest Records, selo da Capitol.

A artista parece tentar contrapor de certa forma seus dois primeiros trabalhos – Crazy For you (2010) e The Only Place (2012) -, que são mais “alegres”. Conhecido por dar ao mundo nomes conhecidos do pop punk, como Blink 182 e Green Day, o estado californiano abriga uma forte cena roqueira e é comumente associado ao hardcore melódico. Surgido em 2009, o Best Coast não está exatamente ligado a essa corrente: o grupo segue uma linha mais alternativa, com um quê surf pop e indie rock.

Na faixa-título do disco, a homenagem que a banda faz ao estado é um indício da maneira como querem ser vistos: “As noites da Califórnia me fazem sentir tão feliz que eu poderia morrer”. O amor expresso pelo estado os distancia do lado comum e praiano, está mais relacionado à noite conturbada, às paisagens secas e selvagens que não são tão exploradas. Mesmo na tentativa tímida de dar um caráter mais sombrio à música, ainda é possível encontrar muito da alegria que a banda tem mostrado desde seu primeiro trabalho.

Resenha: Best Coast - California Nights

O novo trabalho tem produção de Wally Gagel e pode ser compreendido como uma extensão do EP Fade Away (2013), também produzido por Gagel. Segue a mesma linha sonora, com temas parecidos em suas letras. O destaque do EP é “Fear Of My Identity”, música composta por Consentino a partir de uma experiência usando sedativos, na qual ela classificou como um momento que passou por uma “crise existencial”.

California Nights abre com o single “Feeling Ok”, com uma letra adolescente sobre estar bem. O tema se estende em “Fine Without You” como uma espécie de autoajuda: “Eu sei que é difícil entender / Você tem que deixá-lo ir”. Em “Heaven Sent”, um dos singles mais legais do disco, aparecem guitarras mais rápidas, que deixam a voz ecoada e grave de Bethany ainda melhor, daquelas músicas boas de cantar junto, incluindo cantar riff de guitarra entre os refrãos.

O mesmo tema da tentativa de esquecer um amor, ainda que com esperanças de receber uma ligação, e ficar acordado até cinco da manhã pensando na pessoa são explorados em “In My Eyes” e “So Unaware”. A fórmula chega a cansar um pouco, mesmo que com arranjos bonitos e uma boa execução instrumental atrelada a voz encantadora da vocalista. No fundo da aquela vontade de “virar o disco”.

Uma atenção especial às guitarras e ao peso da música são concentradas em “When Will I Change”. A música é um bom exemplo do lado “sombrio” (com muitas aspas) que a banda tentou converter seu trabalho. “Jealousy” interpreta a maneira com que Consentino enxerga a relação entre homens e mulheres, que, por mais que tenham coisas em comum, “garotas serão sempre garotas e garotos sempre garotos”.

“Fading Fast”, “Run Through My Head” e “Sleep Won´t Ever Come” são canções que continuam contando a história dos relacionamentos. Do início ao fim ele traz a história de idas e vindas de um amor, seus percalços, fugas noturnas na tentativa de esquecê-lo, dribles da própria mente na tentativa de reaproximação, enfim, um caos, envolvendo toda a falta de norte que uma paixão às vezes faz em nossas vidas. “Sleep Won´t Ever Come” traz a melhor letra do disco. (O sono nunca vai vir para mim / Eu culpo o estado de espírito, eu culpo o meu humor / Eu culpo o mundo porque ele pode ser tão cruel / Eu tentei tudo, eu tentei tudo / Mas meu cérebro só quer adormecer).

Encerrando as doze faixas do disco, a balada “Wasted Time” puxa o álbum novamente para o lado mais obscuro, com um arranjo um tanto dramático que funciona bem ao que se propõe. Para quem procura um outro lado do rock californiano, talvez seja um começo, mesmo que esse começo seja também para o próprio Best Coast. A ideia pareceu muito boa, ainda que não muito bem executada.

TMDQA! entrevista Best Coast

Recentemente, conversamos por telefone com Bethany Cosentino sobre o novo disco da banda e planos de mais shows no Brasil. Você pode ler a entrevista na íntegra aqui.