Todas as fotos desse post foram tiradas do site oficial do U2
Assim que “People Have The Power” de Patti Smith começou a ecoar pelo Centre Bell, as 20 mil pessoas no estádio pararam o que estavam fazendo — todos sabiam que o U2 estava prestes a tomar o palco. E no dia 16 de Junho, Bono e companhia se esforçaram ao máximo para que todos os presentes realmente acreditassem na mensagem da música.
Para uma banda que vem fazendo shows em estádios há tanto tempo, ter a capacidade de renovar pode se mostrar uma tarefa difícil. Mas as mudanças feitas para a turnê Innocence + Experience envolvem a audiência com elementos que podem ser considerados até meio “intimistas” (se é que é possível usar esse adjetivo para uma apresentação desse porte). Os shows são montados ao redor de um vago conceito de Inocência e Experiência, tendo dois “palcos”, um em formato de uma letra “i” e o outro em “e”, com uma passarela entre os dois que simbolizaria a transição entre os dois estados. Em cima da passarela, uma enorme “gaiola de vídeo” foi colocada, que serve tanto para passar as mensagens políticas e sociais da banda, como também mostra animações para as músicas e ainda por cima “abriga” os membros da banda durante parte da apresentação.
O setlist começou com a ótima “The Miracle (Of Joey Ramone)”, primeiro single do último álbum do grupo, o infame Songs of Innocence. A faixa foi logo emendada com os clássicos da banda “The Electric Co.”, “Vertigo” e “I Will Follow”, que eram cantados a plenos pulmões por todos os fãs. O U2 conseguiu balancear bem os hits com as novas músicas, fazendo em seguida um bloco com algumas dessas faixas, como “Iris (Hold Me Close)”, “Cedarwood Road” e “Song for Someone”. Quando “Sunday Blood Sunday” começou a ser tocada (em uma versão um pouco mais despojada) e o palco foi iluminado com as cores da Irlanda, percebia-se o estádio inteiro entoando o hino em uma só voz, terminando com Bono elogiando a plateia.
Durante o intervalo, o telão mostrava Johnny Cash cantando “The Wanderer”, música feita em parceria com a banda para o álbum Zooropa. E quando os membros voltaram para a segunda parte do show, todos os instrumentos já estavam prontos no palco secundário. Após tocar “Invisible”, o grupo puxou os hits “Even Better Than The Real Thing” e “Mysterious Ways”, sendo que nessa última Bono chamou uma fã para dançar com ele no palco e, logo após, pediu para que a mulher continuasse lá, dessa vez gravando parte do show. Acontece que o U2 tinha um celular preparado que, usando o app Meerkat, consegue transmitir o show para todos os seus seguidores no Twitter. Ao mesmo tempo em que isso tudo acontecia, Bono também chamou um outro fã, Ryan, para o palco para tocar guitarra. Ryan acabou tocando “Desire” e mostrou que sabia cantar muito bem, impressionando o vocalista do grupo (você pode assistir a um vídeo desse trecho do show logo abaixo). Vale também notar que tanto The Edge quanto Adam Clayton (baixista) se mostraram muito presentes no palco durante todo o show, enquanto Larry Mullen foi bem mais reservado e parecia muito “concentrado” no que estava tocando.
Algumas músicas acústicas foram tocadas antes que a banda voltasse com toda sua energia em “Bullet The Blue Sky”. Bono aproveitou as músicas de cunho mais “político” e social para começar a conversar com a plateia sobre os problemas mundiais, uma das marcas registradas das apresentações do U2. Durante vários momentos do show, o vocalista afirmou que o mundo precisava de “mais Canadás”, elogiando o modo de como o país está liderando a luta contra a pobreza. Bono ainda mencionou seu encontro com os políticos do Parlamento falando que, ao vê-lo, a primeira pergunta de um político foi “onde está o The Edge?” e o cantor brincou com “ele está em todo lugar, ele é onipresente!”.
Esse é um ano de eleições, mostrem para os seus candidatos quem é o chefe. Vocês são os chefes. E o que o Canadá está fazendo para a saúde de mães e crianças está liderando o mundo e nós agradecemos vocês pela generosidade, obrigado por ajudar a One Campaign.
Após mais uma série de hits como “Pride”, “Beautiful Day” e “With Or Without You”, a banda voltou ao palco pra um BIS tocando mais clássicos. Em “City of Blinding Lights”, as luzes foram cortadas e o palco ficou iluminado somente por lâmpadas especiais “feitas” especialmente para a música. Logo após, algo completamente inusitado aconteceu: ao tocar “Where the Streets Have No Name”, Bono “liberou” o palco e dezenas de fãs subiram para cantar a faixa com a banda. Todas as pessoas continuaram no palco para a última música, uma versão linda de “I Still Haven’t Found What I’m Looking For”. Com isso, Bono abandonou o palco cantando um trecho de “People Have The Power”, sendo logo após acompanhado pelos outros membros.
O U2 consegue transformar um show de arena em um completo espetáculo de luzes e som, envolvendo o fã do começo ao fim com algo que parece uma apresentação de teatro. O modo de como os membros da banda conseguem se conectar com o público e transmitir sua mensagem enquanto tocam os clássicos de sua carreira faz tudo parecer natural e até mesmo intimista em certos pontos. Após toda a polêmica do último lançamento de estúdio da banda, eu cheguei até a ver pessoas comentando que a banda estava “perdendo sua relevância”. Se isso é verdade eu não sei, mas o U2 está fazendo um esforço enorme para provar que essas pessoas estão erradas.
Setlist:
Innocence
1. The Miracle (Of Joey Ramone)
2. The Electric Co. (com trecho de “Send in the Clowns” e “I Can See for Miles”)
3. Vertigo
4. I Will Follow
5. Iris (Hold Me Close)
6. Cedarwood Road
7. Song for Someone
8. Sunday Bloody Sunday
9. Raised by Wolves (com trecho do “Salmo 23”)
10. Until the End of the World (com trecho de “Love and Peace or Else” e “Salmo 23”)
Transição (Durante esse intervalo foi mostrado no telão um trecho “The Wanderer”, parceria de Johnny Cash com o U2)
Experience
11. Invisible
12. Even Better Than the Real Thing
13. Mysterious Ways
14. Desire (com participação de um fã tocando guitarra)
15. Volcano
16. Every Breaking Wave (acústica)
17. Bullet the Blue Sky
18. Pride (In the Name of Love) (com trecho de “The Hands That Built America”)
19. Beautiful Day (com trecho de “I Remember You”)
20. The Troubles
21. With or Without You
Bis:
22. City of Blinding Lights
23. Where the Streets Have No Name (intro de “Mother and Child Reunion” e trecho de “California (There Is No End to Love)”)
24. I Still Haven’t Found What I’m Looking For (com trecho de “People Have the Power”)