Estreia exclusiva: Blind Pigs - Linha de Frente

Ouça o novo EP da lendária banda punk e leia faixa a faixa comentado pelos integrantes do Blind Pigs.

Estreia exclusiva: Blind Pigs - Linha de Frente

O Blind Pigs é uma das bandas punks brasileiras mais importantes das últimas décadas.

A banda de São Paulo tem no seu currículo o lançamento de grandes discos desde o final dos anos 90, turnês pelo Brasil e clássicos como “Conformismo e Resistência”, “Amanhã Não Vai Mudar”, “Legião de Inconformados”, “Teenage Suicide”, “Fuzis e Refrões” e tantos outros.

A hora agora é de seguir adiante, e dois anos depois do disco Capitânia, a banda está lançando um novo EP chamado Linha de Frente com exclusividade aqui no TMDQA!

Entre as seis faixas estão sons e letras que mostram a nova fase da banda, que se antes colocava o dedo na ferida, fazia críticas sociais e prestava homenagens aos seus ídolos, agora celebra a união entre seus pares, igualdade, mira um futuro sempre em movimento e não tem tempo para os abutres que querem te derrubar, sempre com críticas sociais pertinentes.

É com muito prazer que o TMDQA! promove a estreia do novo EP do Blind Pigs, Linha de Frente, com exclusividade junto a um faixa a faixa comentado pela própria banda.

Divirta-se!

Blind Pigs - Linha de Frente

“Abutres”

Henrike: A música mais Blind Pigs do disco e a minha favorita. Quem são os abutres mencionados na letra? Não darei nome aos bois, mas tenho certeza que a carapuça vai servir para muitos. E não, não tem nada a ver com o moto clube! (risos)

Gordo: Quando fiz essa música não imaginava o resultado, pois ela ficou bastante tempo sem letra. O Henrike escreveu algo que se encaixou bem na melodia e no tempo que eu havia pensado pra ela. Gosto do som, só que tinha escolhido outro nome, mas fiz um rolo com o Henrike e decidi o nome de outra música, a “Carta ao Leitor”.

 

“Sempre Avançar”

Henrike: Um som sobre nunca desistir, sobre estar na linha de frente da cena, frente às trincheiras. Gosto muito da parte que fala: “Não sou exemplo para ninguém, nem alguém para julgar”. É para ser cantada com o punho cerrado nos shows.

Gordo: Essa música me lembra luz do dia, lutas diárias, erros e acertos. Eu e o Henrike acertamos na letra, já que não fazíamos ideia de que ela fosse ter tanto significado meses depois de ser gravada.

 

“Don’t Tell Me Your Troubles” (Don Gibson)

Henrike: Originalmente gravada pelo mestre Don Gibson em 1959. Sou muito fã de Rockabilly anos 50, e costumava fazer umas coletâneas Rockabilly em CD-R com capinhas e tudo mais e dar de presente para os amigos. Viciei muita gente desse jeito! Acho que foi em uma dessas coletâneas que o Gordo ouviu esse som e sugeriu que gravássemos. Claro que topei na hora!

Gordo: Tentamos fazer dessa versão algo mais simples que a original, por questões óbvias de performance ou instrumentos, mas me empenhei para fazer solos bem parecidos com o da versão original da música.

 

“Carta Ao Leitor”

Henrike: Adoro esse som. Essa letra é muito Gordo, muito do estilo das letras dele. Um belo refrão! O Gordo estava inspirado quando compôs essa música.  Que som!

Gordo: Essa letra é uma critica aos meios de comunicação e suas corporações que vivem repetindo em horários específicos as desgraças do dia, transformando crimes brutais em histórias, repetindo a maldição na TV – replay e replay.  É uma critica ao sensacionalismo e à curiosidade mórbida das pessoas, que ao mesmo tempo vêm sendo envenenadas pelo medo.

A melodia dessa música mudou muito durante o processo de gravação.

 

“Voz na Multidão”

Henrike: A música mais atípica deste trabalho. Nunca gravamos um som assim. Mas creio que funcionou. O Galindo, nosso baixista, tocava essa base com a banda anterior dele, General Bacon, mas nunca conseguiram encaixar uma letra e uma melodia. Até o dia que o Gordo em mais momento de inspiração, escreveu essa letra de protesto e essa melodia incrível do refrão, e a música ganhou vida.

Gordo: O Alê [Galindo] apareceu com uma balada, uma música bem lenta, algo pra ser gravado no violão. Ficamos um tempo pensando em algo até que propus uma marcha, um refrão de multidão, fiquei com essa ideia meses na cabeça, mudando as melodias de voz, sem mexer na base que ele tinha feito. Um belo dia, bum!, a letra apareceu na cabeça e escrevi de ponta a ponta.

Aliás, é a única letra deste EP que foi feita dessa forma, de uma vez, sem mudanças. É a minha preferida do disco, sem dúvida.

Galindo: Essa música eu compus há 13 anos.  Tentei colocá-la num disco da minha antiga banda, mas nunca consegui finalizá-la. Então mostrei para o Gordo enquanto estávamos fazendo o disco e ele não botou muita fé logo de cara, mas acreditou e aos poucos, conseguimos chegar ao que ela é hoje. Criamos mais um hino para o Blind  Pigs e até que enfim vi essa música concluída. Modéstia à parte uma das minhas preferidas do EP.

 

“Scene Suicide”

Henrike – Parece que hoje em dia você é obrigado a levantar uma bandeira, seja da esquerda ou da direita, senão você é taxado de “ambíguo” ou “de estar em cima do muro”. Mas só vejo essa atitude criar discórdias e inimizades. Isso é coisa nova que trouxeram para a cena, antes não tinha isso não, éramos todos unidos pelo underground. Deixe sua política em casa, ou se a política importa tanto para você, concorra às próximas eleições. Desde 2002 a banda não compunha nenhuma música em inglês. Um puta hardcore bem ao estilo Blind Pigs anos 90.

Para incomodar!

Gordo – Depois de muito tempo fizemos uma musica em inglês. Ela começou apenas com o refrão e ficou assim alguns meses, até que o Henrike escreveu as estrofes. Gosto de um som mais rápido de vez em quando, e em “Scene Suicide” ficam claras as muitas influências do hardcore anos 80 americano: rápido, violento e no clima “que se foda”. É esse o significado do punk rock para mim e como diria o mestre Ariel [Restos do Nada]: “a direita e a esquerda fedem à merda”.